V de Vingança

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Colin entrou no galpão com os punhos cerrados, sua respiração pesada e descontrolada. O cheiro de óleo e metal se misturava com o da sua raiva crescente. Ele estava dominado por uma fúria cega, uma mistura de ciúme, medo e culpa que o consumia a cada segundo. Penélope estava no hospital, lutando pela vida por causa de um tiro que ela jamais deveria ter levado. Ele sabia que a verdadeira intenção de Michael Stirling não era feri-la, mas isso não importava. A imagem dela sangrando nos braços dele assombrava Colin, e só o pensamento disso fazia seu sangue ferver.

Michael estava amarrado a uma cadeira, o rosto machucado de golpes que Colin já havia desferido nele. A dor e o arrependimento estavam claros nos olhos de Michael, mas Colin não tinha espaço para misericórdia. Ele precisava de uma saída para sua própria dor, e Michael era o alvo perfeito.

— Você arruinou tudo, Stirling! — Colin gritou, sua voz ecoando pelas paredes de metal. Ele agarrou Michael pela gola da camisa, puxando-o para mais perto. — Ela está no hospital por sua causa! E você ousa dizer que me culpa?

Michael tossiu, cuspindo sangue antes de responder com um tom carregado de ressentimento.

— Eu nunca quis machucá-la… você deveria ter sido o alvo, Bridgerton! Foi sempre você! — Michael cuspiu, seus olhos faiscando de ódio. — Você levou tudo de mim. Penélope deveria ser minha, e você simplesmente apareceu e destruiu tudo!

As palavras de Michael só atiçaram mais a raiva de Colin. Ele deu um soco no rosto de Michael, que gemeu de dor. O ciúme corroía Colin por dentro. A ideia de dois homens disputando Penélope, de Michael protegendo-a de um jeito doentio, o enlouquecia.

— Eu destruí você? — Colin riu, uma risada amarga e insana. — Quem foi que decidiu atirar? Quem colocou a vida dela em risco? Você sempre foi um covarde!

Colin não parava, chutava a cadeira, gritava insultos enquanto Michael permanecia apático, sofrendo as consequências de suas próprias escolhas. Contudo, Colin sabia que algo mais profundo estava acontecendo. Michael o odiava, sim, mas por mais que ele tentasse justificar suas ações, Penélope nunca seria apenas uma vítima colateral.

A lembrança dela caindo no chão, o som do tiro ecoando na cabeça de Colin, o som de sua voz falhando enquanto ele a segurava... aquilo foi demais. Ele se inclinou sobre Michael, sua voz agora baixa e carregada de ameaça.

— Você vai me dizer tudo. Se ela não sobreviver, vou garantir que você não tenha nem a chance de respirar o próximo segundo.

Colin entrou em seu escritório ainda tomado pela fúria. As mãos tremiam, mas ele tentou disfarçar enquanto se servia de uma dose de uma bebida cara e amarga. O gosto queimava sua garganta, mas ele precisava daquilo para se acalmar, para se distrair das imagens perturbadoras que assombravam sua mente. Quando acendeu um cigarro importado, sentiu o peso da presença de Anthony no ambiente, mas não olhou diretamente para o irmão.

Anthony estava ali, com os braços cruzados e o olhar firme, mas havia uma tensão palpável entre os dois. Eles não estavam se entendendo, e Colin sabia muito bem o motivo. Anthony desprezava Penélope, carregava uma mágoa profunda dela e, por extensão, de Colin. Já Colin, por mais que tentasse negar, sabia que estava se envolvendo cada vez mais com Penélope. Ele não podia admitir isso nem para si mesmo, muito menos para seu irmão.

— Eu não tenho paciência e nem tempo para discutir com você agora, Anthony. — Colin disse, sua voz carregada de exaustão. Ele deu uma longa tragada no cigarro antes de se virar para o irmão, os olhos semicerrados, como se estivesse tentando evitar uma discussão.

— Não estou aqui para discutir. — Anthony respondeu calmamente, sem desviar o olhar. — Só quero saber como ela está.

Colin soltou a fumaça lentamente, os ombros tensos. O nome de Penélope fazia seu peito se apertar, mas ele não queria que Anthony percebesse isso. Ele precisava se manter frio, distante. Lutar contra a atração que sentia por ela era sua única defesa contra a confusão que a situação causava.

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora