A herdeira do sangue

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Penélope Featherigton
16 anos, Dublin, Irlanda

Capítulo 1: Herdeira do Sangue

Penélope estava diante do espelho, mas o que via refletido não era a mulher de agora, e sim a menina de dezesseis anos que, há tantos anos, teve sua vida virada do avesso. Seus dedos tocaram o colar que sempre usava, presente de seu pai, e sua mente a transportou para o dia mais sombrio de sua vida: o velório de Patrick Featherington.

O salão estava lotado, cheio de homens de ternos pretos, todos com rostos duros e olhos desconfiados. Aquele era o velório de um homem poderoso, o chefe de uma das maiores famílias da máfia, e a tensão no ar era palpável. Mas para Penélope, aquilo não era apenas um dia de luto, era o começo de uma batalha que ela ainda não sabia como vencer. Ela observava de longe enquanto sua mãe, Portia, recebia as condolências com uma frieza impecável, a máscara perfeita de uma viúva resignada, mas Penélope sabia o que estava por vir.

Desde pequena, Penélope aprendera a observar, a ouvir as conversas sussurradas nos corredores da mansão e a decifrar as intenções ocultas por trás dos olhares de seus tios, primos e dos homens que cercavam seu pai. Ela sabia que, agora que ele estava morto, todos aqueles homens estavam prontos para disputar o controle que, por direito, deveria ser dela.

O corpo de Patrick repousava no caixão, e Penélope fixou o olhar no rosto sereno de seu pai. Ele sempre dizia que ela tinha um futuro brilhante à sua frente, mas o que ele nunca mencionara era o caos que sua morte deixaria para trás. Ao lado do caixão, os chefes das outras famílias mafiosas cochichavam, e ela sabia que não estavam ali apenas para prestar respeito. Estavam ali para medir sua força, para ver se a filha de Patrick Featherington, com apenas dezesseis anos, seria capaz de sustentar o império que ele havia construído com sangue e sacrifício.

Quando o velório terminou, e os murmúrios se transformaram em conversas privadas nos cantos do salão, Penélope soube que era hora de agir. Ela sentia o olhar de sua mãe sobre ela, uma mistura de aprovação e aviso. Portia sempre fora uma mulher dura, e naquele momento, Penélope não podia deixar que ninguém – nem mesmo sua mãe – percebesse qualquer fraqueza.

Respirando fundo, ela caminhou até o centro do salão. Todos os olhares se voltaram para ela. Os homens pararam de falar. O som do salto de seus sapatos ecoou pelo mármore frio. Com a cabeça erguida e os olhos firmes, Penélope encarou os maiores homens da máfia. Seus corações provavelmente estavam cheios de desdém e dúvidas sobre a capacidade de uma garota tão jovem. Mas o sangue de Patrick corria em suas veias, e ela não tinha escolha a não ser provar que era mais do que digna de assumir o lugar do pai.

— Sei o que muitos de vocês estão pensando — começou ela, com a voz clara e forte, embora seus joelhos tremessem por dentro. — Sou jovem, sou uma mulher. Mas deixem-me lembrá-los de uma coisa: meu pai, Patrick Featherington, escolheu a dedo cada um de vocês. Ele confiava em vocês, assim como confiou em mim. Se acham que estou aqui para ser uma peça decorativa, estão enganados.

O silêncio era absoluto. Até Portia, que antes a observava com ceticismo, pareceu surpreendida com a postura firme da filha.

Penélope sabia que não podia hesitar. Ali, naquele momento, sua vida e seu futuro estavam em jogo. Ela encarou os homens mais poderosos que conhecia, todos eles envolvidos até o pescoço no sangue e na violência que governavam suas vidas, e continuou:

— Eu sou herdeira do sangue de meu pai, e com ou sem a aprovação de vocês, eu vou tomar o controle desta família. Se alguém aqui acredita que pode me desafiar, que fale agora.

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora