A Irlanda

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Os dias seguintes foram um borrão para Colin. Desde que Penélope havia ido embora, ele passava a maior parte do tempo recluso, seja em seu escritório ou no galpão onde seus negócios ilegais eram conduzidos. Ele evitava a família, os amigos, qualquer um que pudesse tentar quebrar a barreira que ele havia erguido ao redor de si. A única constante em sua vida era o trabalho — e mesmo isso se tornara uma fonte de frustração.

Colin estava cada vez mais impaciente, tratando seus capangas e associados com uma rispidez que não era comum nele. As ordens eram dadas com dureza, e ele se irritava facilmente com qualquer erro, por menor que fosse. Cada reunião, cada encontro com seus homens terminava com portas batendo e murmúrios nervosos pelas suas costas. Ele sabia que estava à beira de perder o controle, mas a dor pela ausência de Penélope era insuportável, e ele não sabia como lidar com isso.

No fundo, ele sabia que estava fugindo. Fugindo do confronto que vinha adiando com Penélope, fugindo do nome "Bianchi" que tanto o perturbava e que agora parecia ser uma sombra constante em sua mente. Ele sabia que não poderia ignorar aquilo para sempre, mas não estava pronto para encarar a verdade — e pior, não estava pronto para perdê-la de vez. Quando Penélope foi embora, levou consigo a paz que ele encontrava apenas ao seu lado.

Certa noite, depois de mais um longo dia trancado no galpão, Colin se encontrou sozinho, sentado à mesa de seu escritório, com um copo de uísque em mãos. O silêncio ao seu redor era ensurdecedor. Ele fechou os olhos, lembrando-se de Penélope, de sua risada, de sua voz suave... e da forma como seus olhos se encheram de desconfiança quando perguntou sobre Bianchi. Ele nunca quis que chegasse a isso, mas agora, com ela longe, ele sabia que algo estava prestes a desmoronar.

Levantou-se abruptamente, jogando o copo contra a parede. O vidro se despedaçou em mil pedaços, espalhando-se pelo chão. Ele estava à beira de perder tudo — sua sanidade, seus negócios, e o mais importante, Penélope.

Ele precisava fazer algo. E rápido.
Violet entrou no escritório de Colin sem bater, algo que raramente fazia, mas estava preocupada demais para se importar com formalidades. O comportamento de Colin com os funcionários e capangas havia piorado significativamente nos últimos dias, e ela já ouvira mais reclamações do que poderia tolerar.

— Colin — disse ela com firmeza, fechando a porta atrás de si. — Nós precisamos conversar.

Colin, que estava de pé atrás de sua mesa, ainda furioso após ter jogado o copo de uísque contra a parede, apenas olhou para a mãe, sua expressão carregada de frustração. Ele sabia que o que viria a seguir não seria uma conversa agradável.

— Não agora, mãe — ele respondeu bruscamente, voltando o olhar para os papéis sobre a mesa. — Estou ocupado.

Violet arqueou uma sobrancelha, surpresa com o tom dele. Ela deu alguns passos à frente, parando ao lado da mesa, determinada a não deixá-lo escapar tão facilmente.

— Você pode estar ocupado, mas isso não justifica o modo como tem tratado as pessoas. Seus funcionários estão comentando, Colin. Sua família está preocupada. Você está agindo como... — Ela pausou, tentando encontrar as palavras certas. — Como alguém que perdeu o controle.

Colin bufou, irritado. Ele não precisava de um sermão, muito menos de sua mãe. — Não se meta nisso, mãe. Isso não é problema seu.

O tom frio e agressivo que usou fez Violet recuar ligeiramente, surpresa pela falta de respeito. Mas ela não iria permitir que ele a tratasse daquela maneira. Firmando o olhar, ela falou com autoridade:

— Eu sou sua mãe, Colin, e tudo que envolve você é problema meu. Especialmente quando você está agindo como um tirano com as pessoas que trabalham para você!

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora