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M I L E N A

Fiquei quieta, com o coração disparado e a mente rodando em mil pensamentos. Ver Barone sair do quarto daquele jeito me deixava mais confusa ainda. Sabia que o que sentia por ele era proibido, mas também sabia que havia algo a mais, algo que a fazia perder o chão e, ao mesmo tempo, querer correr para ele.

Assim que o silêncio tomou conta do quarto de novo, fechei os olhos, tentando entender o que estava acontecendo dentro de mim. Sempre ouvi na igreja que os sentimentos e o desejo precisavam ser controlados, guiados pelo amor verdadeiro e pelo propósito de Deus. Mas, com ele, parecia impossível.

Milena: Por que eu me deixei envolver assim, Deus? – sussurrei baixinho, como se alguém pudesse ouvir, mesmo estando sozinha.

Lembrei das promessas que tinha feito para mim mesma e para minha fé: esperar pelo momento certo, com alguém que compartilhasse os mesmos valores, que fosse parte de um amor abençoado e sincero. Com Barone, era diferente; era fogo, era confusão, e não tinha nada a ver com o que eu imaginava para mim.

E, mesmo assim, só consigo lembrar da intensidade daquele beijo, do jeito como ele fazia me sentir desejada e viva, meu coração batia ainda mais rápido.

Ali, sentada no quarto, com o gosto do beijo de Barone ainda em nos lábios, percebi que estava em uma luta entre a razão e o desejo, tentando equilibrar o que sempre me ensinaram com o que o coração insistia em sentir.

{...}

Endireitei a mochila nas costas fechando a porta de casa, indo na direção da escola que era ali no morro mesmo. Agradeci mentalmente por ter lavado o cabelo hoje, estava um calor do caramba.

Desço mais duas vielas da favela e parece que desaprendi a respirar quando vejo Barone do outro lado da rua, sem camisa com todas aquelas tatuagens a vista, e um fuzil atravessado, vindo ao meu encontro.

Barone: Quer que eu te leve? - sua voz saiu baixa e rouca, apenas neguei. : Tá maior calorzão milena, eu te levo.

Milena: Já falei que não precisa.

Ele riu de leve, aquele riso de canto que ele dava quando sabia que ia me vencer pelo cansaço. E ali, com aquele olhar que parecia ler cada pensamento meu, eu percebi que não adiantava tentar ser firme; quando se tratava dele, eu já estava mais do que entregue.

Barone: Cê tem certeza? – ele perguntou, meio que me provocando, já sabendo que eu ia ceder.

Fiquei sem reação por uns segundos, olhando para ele e sentindo o coração acelerar de novo. Como que alguém podia mexer tanto comigo só com um olhar? A presença dele era avassaladora, e eu não sabia como me afastar. No fundo, talvez eu nem quisesse.

Milena: Tá bom, vai. só porque tá mesmo calor, mas tira isso. – tentei disfarçar, cruzando os braços para não demonstrar tanto o nervosismo e apontei para o fuzil.

Barone: Claro, princesa.

Ele abriu um sorriso, aquele sorriso vitorioso de quem sabia que ia conseguir o que queria. E foi até o outro lado da rua, fez um toque com os moleques que estavam vendendo drogas e deixou o fuzil com um garoto que estava lá.

Subi na garupa da moto, segurando firme na lateral para não tocar nele, mas Barone pegou minhas mãos e puxou para a sua cintura, rindo.

Barone: Pode segurar firme, pirralha, prometo que não mordo... pelo menos não aqui. – ele murmurou, e eu senti meu rosto esquentar instantaneamente.

O vento no rosto ajudava a esfriar um pouco, mas o efeito da presença dele parecia tomar conta de mim, como uma confusão que eu não conseguia resolver. Durante todo o caminho, senti a respiração presa, tentando ignorar a sensação de estar tão próxima dele. Fechei os olhos por um instante, e foi inevitável: o pensamento do beijo da noite passada me invadiu a mente, me fazendo estremecer.

Quando finalmente paramos em frente à escola, desci rápido da moto, tentando manter a postura firme.

Milena: Obrigada pela carona. - falei com pressa e já fui saindo, quando senti o braço dele me puxar pelo pescoço e encarar meu rosto.

Senti meu coração disparar quando ele me puxou, e a proximidade dele de novo me deixou completamente sem reação. O olhar dele era intenso, e eu sentia como se estivesse presa ali, incapaz de fugir, por mais que meu corpo e mente gritassem pra eu manter distância.

Barone: Qual é, vai sair assim, sem nem olhar pra mim? – ele disse, com um tom que misturava provocação e desafio.

Milena: Preciso entrar... vou me atrasar. – tentei manter a voz firme, mas parecia que nem eu acreditava nas minhas próprias palavras.

Olhei de relance e graças a Deus não tinha ninguém na porta, todos já tinham entrado.

Ele riu, aproximando o rosto ainda mais, o suficiente pra eu sentir a respiração dele, e eu percebi que a tensão no ar só crescia. Meu rosto estava pegando fogo, o nervosismo me consumindo por dentro, mas, por alguma razão, era como se eu não quisesse que ele me soltasse.

Barone: A gente ainda vai resolver isso direito, tá ligada, né? – ele sussurrou, passando o polegar de leve no meu rosto.

Aquelas palavras ecoaram dentro de mim, como um alerta e uma promessa ao mesmo tempo.

Milena: Barone, eu... – comecei, mas antes que conseguisse completar a frase, ele me deu um beijo rápido no canto dos lábios, como quem marcava território.

Soltei um suspiro entre surpresa e nervosismo, enquanto ele me soltava devagar, com um sorriso satisfeito no rosto.

Barone: Vai lá, estuda, pirralha. – ele disse, piscando pra mim antes de subir na moto e sair, como se tivesse certeza de que já tinha vencido mais uma vez.

Instagram @ Baronetrem

Mal elemento 🤪

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