Capítulo 52

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A construção frente ao mar possuía duas chaminés com vinte metros de altura, ambas pertenciam a um imóvel gigantesco dos Antigos, uma fábrica provavelmente, pensou Gabriel que a observava com olhos curiosos. Passaram antes no bar, e a mulher responsável pelas bebidas havia dito que o grupo de pescadores já estariam no navio, o que obrigou a dupla a seguir em direção ao porto.

Um corvo feito de ônix assinalava a fábrica como um dos Ninhos da cidade, Gabriel andava junto a parceira pela rua ao lado do oceano extremamente azul. As águas estavam calmas, e faziam os raios de luz machucarem os olhos se olhassem por muito tempo. Gabriel pensou em perguntar a algum Corvo onde estaria o navio, mas não foi preciso. Ancorado no pior perto do Ninho um transatlântico cinza boiava, o barco tinha duzentos metros, e estava preso por diversos cabos, uma escadaria subia da ponta do ancoradouro feita por cordas

No casco da embarcação dez comportas de vinte metros estavam espaçadas uma da outra, nas duas laterais de cada uma corrente grossa ficava presa, já nas da parte inferior ao que tudo indicava ficavam presas ao transatlântico, deveriam parecer portas abertas imagina Gabriel, que não entendeu o sentido daquilo. Pessoas continuavam a subir pela escadaria que balançava com os movimentos de seus passageiros, homens e mulheres musculosos e mal-encarados subiam brincando entre si, levando bolsas ou embrulhos com seus pertences.

Naomi diferente de seu parceiro estava mais interessada no Ninho, tinha ciência que haviam cinco na Cova, ela própria viu dois deles o na entrada e o arranha-céus no centro, onde encontraria mais tarde Cecília. Gabriel comentou ter visto um outro que era um navio ancorado na praia à direita da entrada, faltava então conhecerem o último.

O Ninho, possuía uma grande porta escancarada, sendo possível ver um pouco a parte interna. Disfarçando o máximo possível a Corva passeia os olhos vendo que o interior do prédio era centenas de contêineres empilhados, e escadarias que subiam para os mesmos. Os quartos estavam dentro deles, imaginou ela.

— Mais alguém! — gritou uma voz à frente, fazendo Naomi voltar sua atenção para o transatlântico.

Um homem musculoso, e barrigudo sacudia ambos os braços grossos à frente da ponte. Mas parou quando viu a dupla se aproximando.

— Garoto! — gritou indo em direção a Gabriel, o cumprimentando com tapas nas costas, que fizeram o rapaz tossir. — Resolveu viajar conosco!?

— Não exatamente, queria falar com um dos pescadores?

— Qual? — indagou Marcos fazendo uma careta. — O que ele fez?

— Nada de mais, só queria fazer uma pergunta. Ele se chama Marcelo.

Marcos cruzou os braços diante do peito procurando na memória quem era a pessoa, quando falou.

— Ele já entrou faz algum tempo, estava estranho, parecia ter visto um fantasma. — Marcos parou prestando atenção a Naomi pela primeira vez. — Quem é essa? Sua esposa?

— É a Naomi, e sim, praticamente é — respondeu inconsciente, o seu alvo já estava no navio, precisaria entrar então. — Posso ir falar com ele?

— Impossível garoto, estamos para zarpar. Não importa o que fale não iremos mudar o itinerário, a menos...

— A menos, que? — indagou o rapaz com expectativa.

— Venha conosco nessa próxima viagem, serão somente três dias.

Gabriel parou diante da alternativa, não estava preparado para aquilo, caçar alguém que despedaçava pessoas era uma coisa comum do seu dia a dia, mas entrar em um navio e se jogar no mar para pescar eram coisas diferentes. Sentiu uma estranha empolgação.

— Gabriel — chamou Naomi. — Sobe logo, conheço esse olhar.

— Mas — disse se aproximando da parceira. — Precisamos continuar a investigação.

— Viemos aqui exatamente para isso, faça a sua parte, e deixe que eu faça a minha.

— Então vem ou não? — perguntou uma última vez Marcos.

Com um sorriso o Corvo vai em direção ao homem acenando para Naomi.

— Em três dias estou de volta, espero alguma novidade — viu a parceira acenando.

— Agora que está vindo conosco — disse Marcos. — Vai se chamar Ração, durante um tempo.

— Que? — comentou começando a subir a escada.

— Ração de peixe, é assim que chamamos os novatos, e muitos acabam virando — comentou o homem que riu sonoramente.

— Ok — murmurou Gabriel. — Isso vai ser uma experiência.

Com o objetivo de falar com Marcelo o rapaz sobe em direção ao transatlântico.


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