2. capítulo vinte e oito

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ㅤㅤㅤA música ambiente de todos os dias parecia tocar de trás para frente. As pessoas presentes no bar se moviam em câmera lenta, com gestos pausados, vozes distorcidas e sorrisos que nunca estavam realmente ali. Alice olhava para o relógio mais vezes do que precisava, apenas para encontrar os ponteiros congelados. Tic. Taque. E cada segundo se tornava uma tortura silenciosa.

ㅤㅤㅤCada respiração parecia pesada enquanto seu olhar vagava pelo ambiente, buscando distrações, mas sempre retornando para a porta. Precisamos conversar sobre Adam. Alice precisou ler a mensagem várias vezes até que as palavras começassem a fazer sentido. Isso é real? O pensamento surgiu enquanto ela olhava por cima do ombro, confirmando que a porta do apartamento estava fechada.

ㅤㅤㅤUma onda de alívio se espalhou por seu corpo quando percebeu. Ao chamar Adam pelo nome verdadeiro, Amy mostrava que, de alguma forma, começava a acreditar nas palavras de Alice, mesmo após tanto tempo negando a realidade. O que realmente aconteceu? Ela descobriu algo por conta própria? Talvez Amy estivesse refletindo sobre a conversa que tiveram e, finalmente, tivesse percebido o que Alice tentou mostrar. Ou, quem sabe, ela conseguiu enxergar o olhar frio que se escondia por trás da fachada que Adam mantinha.

ㅤㅤㅤIndependentemente do que tivesse mudado, o encontro que marcaram após o expediente seria uma oportunidade de Amy reconhecer seus erros e ver com clareza aquilo que Alice já sabia há muito tempo.

ㅤㅤㅤSua atenção foi atraída para a entrada do bar, e o mundo ao seu redor se silenciou quando ela o viu parado diante da porta, com uma expressão decidida em seu rosto e o olhar fixo nela enquanto caminhava em sua direção. As mãos tremiam, mas era difícil definir se era pelo nervosismo ou pela abstinência.

ㅤㅤㅤO que você está fazendo aqui?

ㅤㅤㅤUm impulso quase incontrolável de correr até ele e abraçá-lo a invadiu, mas ela continuou imóvel, sustentando seu olhar como se fosse uma espécie de desafio. Os pensamentos se aglomeravam em sua mente, correndo tão rápido que não conseguia acompanhar o fluxo deles. Ele é real? A dúvida se instalou, pois vê-lo são e salvo não condizia com os pensamentos sombrios que a assombram nos últimos dias.

ㅤㅤㅤLucas se debruçou sobre o balcão, hesitante, e suas orelhas estavam naquele tom avermelhado de quando está com vergonha. Por que você está aqui? Alice queria vê-lo, queria ter certeza de que ele estava bem, queria dizer tanta coisa, mas os batimentos acelerados não eram de alívio. Em sua mesa habitual, o capanga de Adam estava atento e seus olhos frios ficaram cravados nela, aguardando por seus próximos passos.

ㅤㅤㅤ― Você não deveria estar aqui ― Alice disse, tentando manter a voz firme, e sua tentativa de indiferença quase falhou.

ㅤㅤㅤLucas se inclinou ainda mais sobre o balcão, seu olhar refletia uma culpa silenciosa que a fez querer tocá-lo. Você está bem, mas por onde esteve? Ele parecia exausto, as olheiras profundas e o rosto abatido, como se não tivesse pregado os olhos em dias. O aperto em seu peito aumentou.

ㅤㅤㅤ― Nós precisamos conversar ― ele murmurou, as palavras soavam ensaiadas. ― Por favor.

ㅤㅤㅤAlice apertou o maço de cigarros no bolso do avental, sentindo o tremor nas mãos se espalhar pelo corpo. Um cigarro, dois, seja lá quantos fossem necessários até a ansiedade desaparecer. O medo e o desejo por Lucas a invadiam. Desviou os olhos dele apenas o suficiente para ver o capanga de Adam, que não parava de os observar.

ㅤㅤㅤ― Não temos nada para conversar ― retrucou amarga, as palavras firmes tentavam convencer a si mesma.

ㅤㅤㅤLucas hesitou, o rosto exibindo a mesma mágoa daquele dia, mas ela não podia se permitir ceder. Não havia espaço para vacilar.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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