1. capítulo quatorze

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ㅤㅤㅤEntrou de cabeça baixa sabendo que não seria bem-vinda se perguntasse, Jenny e Suzanna sorriram e acenaram ao vê-la caminhar para a mesa onde o velho Bill foi vítima de um ataque cardíaco um ano antes, deixando seu espírito preso ali eternamente - diziam por lá que no final da noite ainda era possível ouvir seus arrotos; Ele era um cliente agradável, sempre sozinho com uma enorme carga de histórias de pescador urbano as quais as garçonetes se revezavam para ouvi-lo atrás de uma gorjeta a mais. Evitou a cadeira que apoiava sua bunda fantasmagórica, sentou-se e puxou o celular do bolso. Analisava novamente as mensagens que Lucas enviou assim que ela saiu de sua casa, ele se desculpava e dizia que tinha interpretado errado os sinais, meia hora depois pediu perdão e mais algum tempo depois disse que queria muito ter feito aquilo, mas sentia muito por ter confundido as coisas. Ela sentiu os olhos ficarem quentes após passar um minuto inteiro sem piscar e respirou fundo. Podemos conversar, Al?

ㅤㅤㅤ─ O que você está fazendo aqui?

ㅤㅤㅤEngoliu seco, erguendo os olhos brilhantes na direção do homem que se aproximou e abriu um sorriso para ele, infelizmente Joe já conhecia seus truques depois de tantos anos e não se abalava mais diante daquela imagem de inocência. Alice franziu as sobrancelhas ao analisá-lo com mais atenção e ficou espantada, piscando algumas vezes para ter certeza do que estava vendo e, meu Deus! Joe havia aparado a barba densa rente ao rosto, os cabelos estavam penteados com gel e presos em um curto rabo de cavalo e, no lugar onde sua verruga de estimação sobressaia da barba, havia um pequeno curativo.

ㅤㅤㅤJoe cheirava a perfume.

ㅤㅤㅤ─ Você tomou banho?

ㅤㅤㅤ─ Você está chorando, Frances? ─ Ele indagou referindo-se aos olhos molhados, ignorando sua pergunta.

ㅤㅤㅤ─ Estou muito emocionada em te ver. ─ Respondeu. ─ Saio uma semana e o que diabos aconteceu enquanto estive fora? Onde está a Sylia?

ㅤㅤㅤ─ Eu tirei.

ㅤㅤㅤA boca de Alice se entreabriu e, mesmo sabendo que as verrugas dele tornavam a crescer como uma espécie de x-man, Sylia era como o mascote do bar. Jenny que estava passando por perto e ouviu a conversa contou que Joe arrumou uma namorada e as coisas haviam saído um pouco do controle desde que ela saiu, Joe pediu para que não falassem mais sobre aquilo e pediu licença, sentando-se de frente para a garota. O silêncio entre eles era quebrado pela música ambiente e conversas baixas ao redor - nos anos em que trabalhou ali, era sempre as mesmas músicas que tocavam, uma vez trouxe uma cópia de um de seus CDs apenas para Joe considerar impossível de ser ouvido e os baniu permanentemente, mas não antes de Alice se ajoelhar pedindo para que ele deixasse a última música tocar.

ㅤㅤㅤ─ Jo, me deixe voltar. ─ Disse pegando um cigarro e o acendendo.

ㅤㅤㅤ─ Por quê? ─ Ele cruzou os braços em cima da mesa, encarando-a.

ㅤㅤㅤ─ Não tenho bons motivos para falar a verdade. ─ Respondeu. ─ Mas eu preciso desse emprego.

ㅤㅤㅤ─ Depois do que você fez... ─ As palavras vagaram no ar misturando-se com a fumaça enquanto ele coçava o queixo com a mão grossa. ─ Eu não posso confiar em você.

ㅤㅤㅤ─ Eu não sou daquele jeito, Jo. ─ Disse com uma nota de tristeza na voz. ─ Você me conhece... Eu estava com uns probleminhas, mas estou melhor agora.

ㅤㅤㅤ─ Frances, não posso ficar passando a mão na sua cabeça por coisas que acontecem na sua vida pessoal e afetam quem você é aqui dentro. ─ Joe apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou os dedos das mãos, ele falava sério demais. É quase como se ele soubesse, pensou e balançou a cabeça negativamente para aquele pensamento. ─ Por que você não aproveita isso como uma oportunidade? Você é uma menina tão esperta e bonita, pode arrumar tanta coisa melhor.

o diário de alice taylor.Onde histórias criam vida. Descubra agora