ㅤㅤㅤLucas desceu banhado, sua barriga roncava.
ㅤㅤㅤDedicou grande parte da tarde após o colégio à pintura, estudou durante duas horas e passou algum tempo masturbando-se para se distrair. Sentia-se frustrado, insatisfeito com o resultado da pintura, mas sem ânimo para refazê-la - até porque algumas de suas tintas estavam no fim, de forma que precisou improvisar em algumas cores deixando seu sombreamento irrealista. O quadro já estava seco e devidamente emoldurado, retratava um vaso de vidro com belos lírios brancos na bancada da cozinha; sua mãe os recebeu da família de um paciente recém cirurgiado que acabara de conseguir sua alta médica.
ㅤㅤㅤLucas a presentearia com a pintura quando as flores morressem.
ㅤㅤㅤQuando entrou na sala de jantar, sua mãe estava sentada na cabeceira da mesa (lugar que só conseguiu ocupar meses após a ida do marido), Zac estava sentado de um lado e ao seu lado Grace o esperando pacientemente para comer.
ㅤㅤㅤ― Finalmente! ― Isaac exclamou quando Lucas sentou na cadeira à sua frente. ― Estou brocado.
ㅤㅤㅤ― Ah, querido. ― Emily esticou a mão e puxou levemente o rosto de Lucas para ter uma visão melhor do lábio roxo que carregava um corte. ― Você está limpando direito? É por isso que não gosto quando você bebe, sempre se mete em confusão.
ㅤㅤㅤ― Já falei que foi um acidente, mãe. ― Lucas afastou a cabeça, um pouco irritado. ― O cara se empolgou comemorando e eu não prestei atenção.
ㅤㅤㅤObviamente, não contou a verdade quando entrou pela porta da frente, beirando as cinco e meia da tarde de um domingo com olheiras e o lábio inferior com sangue coagulado. Teve que passar quase uma hora inteira ouvindo sermões de sua mãe que culpava a bebida por tudo: "Eu não sou o Axl", disse por fim e a expressão que dominou o rosto da mulher fez com que ele se desculpasse mais uma vez. Duvidava muito que conseguiria dormir naquela noite por mais cansado que estivesse, ainda sentia o gosto de Alice em sua boca e o ecstasy de tê-la ainda corria por seu corpo.
ㅤㅤㅤ― Você viu isso? ― Sua mãe estendeu o jornal para ele e Lucas não deu atenção no primeiro momento, estava faminto e o cheiro da comida o hipnotizava. ― Que barbaridade com essas jovens.
ㅤㅤㅤLucas deu uma olhada no jornal, a matéria principal dizia que um novo corpo havia sido encontrado e aquilo atraiu sua atenção de uma forma mórbida, ainda era estranho pensar que coisas como aquela aconteciam na mesma cidade em que vivia uma vida tão normal. Outra garota bonita, na faixa de dezoito à vinte e cinto anos, brutalmente assassinada.
ㅤㅤㅤ― Essa cidade está cada dia mais violenta. ― Emily disse aflita. ― Tenho medo de vocês dois saindo para beber altas horas da noite por aí.
ㅤㅤㅤ― Nós somos o perigo, mãe. ― Zac disse fazendo um rugido que supostamente deveria soar sexy.
ㅤㅤㅤComo de costume, Lucas complementaria com outra piada e eles ririam despreocupados porque aquela não era a realidade em que eles viviam, mas seus pensamentos vagavam e ele ficou calado, dobrou o jornal e o colocou na cadeira vazia ao seu lado. Eles fizeram um agradecimento rápido antes de se servirem, Grace contou como foi seu dia na escola e Isaac se interessou fazendo perguntas e contando histórias de quando era criança.
ㅤㅤㅤ― Você tá preocupado com a gata, não é? ― o loiro indagou ao perceber que Lucas estava em silêncio.
ㅤㅤㅤEle balançou a cabeça positivamente e encheu a boca de carne para evitar responder, apenas assentir ou negar quando necessário.
ㅤㅤㅤ― Alice? ― Emily perguntou, como sempre, com aquele tom de curiosidade maternal. Lucas assentiu e viu um brilho passando pelos olhos esverdeados da mãe. ― E Natasha? Vocês se davam tão bem.
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o diário de alice taylor.
Mystery / ThrillerAlice Taylor equilibrava uma vida mundana com suas visitas à Toca do Coelho, um galpão abandonado onde enterrava seus segredos e se livrava de suas vítimas. Mas tudo muda quando Lucas Smith, o garoto popular de seu novo colégio, cruza seu caminho. E...