1. capítulo dezesseis

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ㅤㅤㅤAlice Taylor apertou o rabo de cavalo que havia feito e enxugou o suor que escorria pela testa com a costa da mão, com os banheiros limpos tinha a sensação de dever cumprido mesmo sabendo que era apenas o começo da noite. Joe a observava de perto, atento a qualquer pisada de bola que poderia comprometer sua confiança, aquilo a deixava um pouco desconfortável, mas como uma boa funcionária do mês se preocupava em manter um sorriso no rosto toda vez que ele a olhava. As meninas ficaram felizes com sua volta, o bar não era o mesmo sem ela e suas apostas malucas com os rapazes da sinuca, tudo ficava mais divertido com Frances Baker por perto, porém algo estava diferente e Alice tem certeza de, que quando entrou na cozinha no começo do expediente e todos pararam de falar de súbito, ela era o assunto.

ㅤㅤㅤJoe a chamou com um gesto da mão pesada, ele estava sentado em uma das mesas do canto na companhia de alguns homens que ela não conhecia, porém se lembrava do careca tatuado de algum canto, eles jogavam cartas e faziam apostas. Poderia ter chamado qualquer uma das garotas para atender os convidados, mas ela sempre foi sua preferida e começava a entender os cochichos na cozinha, suspirou ao pegar outra garrafa de uísque e alguns copos extras. Serviu a bebida e a distribuiu aos presentes, dedos longos demoraram um pouco em cima dos dela, pediu licença ao recolher a louça suja de cima da mesa. Empilhou as garrafas vazias embaixo do balcão e, quando se ergueu, lá estava ele.

ㅤㅤㅤAté aquele momento, não conseguia se lembrar do rosto dele com clareza e evitava perder muito tempo pensando nisso, mas ela se lembrava muito bem da sensação que ele deixou para trás. Estava tão convencida de que estava na frente de uma ilusão que olhou para os lados certificando-se que era real, obteve sua confirmação após um dos homens encostados no balcão acenar com a cabeça para ele, após isso encarou o sorriso branco e charmoso que fazia-o parecer uma pessoa muito mais simpática do que a primeira vez que ficaram frente a frente.

ㅤㅤㅤVocê não pode ser real.

ㅤㅤㅤ― Sabe o que eles dizem?

ㅤㅤㅤFranziu as sobrancelhas para o homem de uma forma que seu próprio olhar escureceu inconscientemente quando seu corpo entrou em estado de alerta; o timbre grave naquela voz fez os pelinhos de seus braços se arrepiarem, soavam como um o rosnado de um animal selvagem antes do bote - era ameaçador, mas soava manso. A verdade era que Alice não estava nem um pouco interessada em nada que eles estivessem falando porque ela sabia muito bem o que costumavam dizer, mas como falaria aquilo para um completo estranho? Os rostos caricatos o encaravam curiosos e ela balançou a cabeça negativamente para seu próprio diálogo interno, o que acabou dando brecha para que ele pudesse continuar, interpretando aquilo como um pequeno gesto de educação.

ㅤㅤㅤEla ainda se lembrava da sensação, ainda se lembrava de... Porra, Alice, você está esquecendo de algo. Não olhe nos olhos dele. Seu coração pulsava em sua garganta e sua boca começava a ficar seca, ela engoliu com dificuldade e encarou um ponto acima das sobrancelhas escuras do homem, por ter certeza de que se o encarasse tudo daria errado novamente.

ㅤㅤㅤ― Nós temos três oportunidades na vida.

ㅤㅤㅤ― Oportunidades de que? ― Ela indagou curiosa

ㅤㅤㅤ― Para tudo, acho. ― Ele balançou a cabeça como se não tivesse certeza sobre o que eles realmente falam e girou o copo fazendo o líquido dourado se misturar. ― E, se as contas estiverem certas, essa vai ser sua segunda chance.

ㅤㅤㅤ― Segunda? ― Ela ergueu as sobrancelhas, sem entender.

ㅤㅤㅤ― É, você ainda tem uma chance para me recusar.

o diário de alice taylor.Onde histórias criam vida. Descubra agora