2. capítulo sete

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ㅤㅤㅤAs unhas ligeiramente compridas estavam pressionadas contra sua testa em um gesto de frustração ao esconder o rosto, quando foi que tudo começou a ficar tão complicado assim? Antes era uma tarefa tão simples, mas sua rotina de lazer aos finais-de-semana foi arruinada.

ㅤㅤㅤOs olhos de lápis-lazuli estavam contornados com uma maquiagem forte, levemente borrada em alguns pontos e ela encarou seu reflexo no espelho do banheiro feminino com certa raiva, observando os filetes de sangue escorrerem por suas têmporas. A porta foi aberta para que um grupo de cinco garotas entrasse rindo e reclamando o quanto estavam apertadas; uma delas perguntou se Alice estava bem, a outra se tinha um isqueiro.

ㅤㅤㅤEra tão fácil.

ㅤㅤㅤSimples.

ㅤㅤㅤO que foi que mudou, Alice?

ㅤㅤㅤSuas mãos estavam trêmulas ao conversar com uma garota de cabelos verdes e ela sentia algo subindo por seu esôfago quando ria das piadas sem graça de um homem com roupas sociais demais para uma boate. Você não gostaria de ir para um lugar mais reservado? O nervosismo espreitava a cada passo enquanto segurava sua mão ao guiá-la pelos cantos, Alice sentia-se observada.

ㅤㅤㅤ― Vamos pedir um táxi. ― A garota falou encostando-a na parede e beijando seu pescoço com certa urgência, o perfume era doce demais.

ㅤㅤㅤ― Estou de carro.

ㅤㅤㅤ― Então o que estamos esperando?

ㅤㅤㅤAlice se sentia enjoada, precisava ir ao banheiro.

ㅤㅤㅤ― Eu te acompanho.

ㅤㅤㅤ― Me espere la fora.

ㅤㅤㅤEla nem deveria estar ali.

ㅤㅤㅤEncarou o reflexo novamente, dessa vez, a outra ria.

ㅤㅤㅤQuando foi que você se tornou essa criatura medrosa?, indagou com deboche. Se está com medo, faça algo a respeito: enforque-se, pule da ponte com pedras no bolso, corte seus pulsos igual a mamãe.

ㅤㅤㅤ― Cale a boca. ― Disse pegando um punhado de papel e limpando o sangue que escorria por seu rosto.

ㅤㅤㅤVocê é louca igual a ela.

ㅤㅤㅤ― Não sou.

ㅤㅤㅤVocê precisa acabar com sua vida.

ㅤㅤㅤ― Não vou me matar. ― Gritou no momento em que uma garota entrou na porta e a encarou. ― Que foi?

ㅤㅤㅤA garota balançou a cabeça negativamente e se trancou em um dos boxes, murmurando algo.

ㅤㅤㅤCada passo que dava era acompanhada por milhares de olhos caindo sobre ela e dedos frios tentavam agarrar seus braços para mantê-la ali; as pedras de lápis-lazuli vasculhavam o ambiente em busca do rosto desconhecido, mas tudo que via eram dentes pontudos e orbes vazias diante dela.

ㅤㅤㅤEle está de olho, um conjunto de vozes cantarolou.

ㅤㅤㅤAlice olhou para as próprias mãos.

ㅤㅤㅤEle?

ㅤㅤㅤEstava acordada?

ㅤㅤㅤ― Vamos, fale comigo.

ㅤㅤㅤA garota de cabelos verdes balançou a cabeça negativamente em desespero, aquilo não era uma resposta apenas para o pedido de Alice e sim uma negação para a situação em que se meteu. Os olhos grandes e assustados se comprimiam com força fazendo pontos brancos se destacarem em sua pele avermelhada ao tentar inutilmente acordar daquele pesadelo.

o diário de alice taylor.Onde histórias criam vida. Descubra agora