1. capítulo dezessete

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ㅤㅤㅤAcordou uma hora antes do despertador tocar e não se mexeu desde então, o quarto clareava gradualmente e ela ainda afagava a mão do rapaz enquanto o mesmo tinha pequenos espasmos durante o sono ou soltava alguns roncos baixos; ele resmungou ao estendendo a mão livre para desligar o alarme e, sem cerimônia, sentou-se no colchão - seus olhos ficando na altura dos de Alice e sorriu para ela.

ㅤㅤㅤ― Bom dia. ― Beijou as costas da mão da garota, animado.

ㅤㅤㅤ― Dia. ― Respondeu sem metade do ânimo e se aninhou ainda mais nos lençóis.

ㅤㅤㅤOutro beijo no mesmo canto e ele pôs-se de pé atraindo a curiosidade dela, observou atentamente os movimentos do rapaz e se surpreendeu com a energia emitida: dobrou o cobertor que usou durante a noite, arrumou as pontas soltas do colchão como se pretendesse usá-lo novamente naquela noite e depois se dirigiu até o guarda-roupa para escolher o que usaria naquela manhã, jogou uma toalha sobre o ombro, avisando que voltaria logo. Como era possível alguém exibir tamanha disposição? Assim que saiu, ela andou às pressas até a janela abrindo a cortina apenas o suficiente para ver a rua sem se expor - seu carro ainda estava no mesmo canto, começava a ver que não havia sido uma boa ideia estacionar na frente da casa, era fácil demais identificar onde ela estaria, não podia se dar o luxo de cometer esses pequenos erros; mas aparentemente, sua barra estava limpa, não havia nenhum veículo suspeito ou pessoas escondidas nos arbustos esperando o momento certo de capturá-la. Talvez seja isso que eles querem que você pense, a outra-Alice lembrou.

ㅤㅤㅤ― Contemple o maioral. ― Anunciou estridente, fazendo Alice gritar. ― Zac está...

ㅤㅤㅤEla não teve tempo de pensar o que estava acontecendo e sua primeira reação foi, aos tropeços pelo colchão, agarrar o relógio em cima da cômoda e o arremessar com toda a força em direção à porta, a frase não foi completa porque se transformou em um grito e o barulho de algo caindo no chão.

ㅤㅤㅤ― Meu Deus do céu.

ㅤㅤㅤ― Meu Deus do céu digo eu, eu to sangrando!

ㅤㅤㅤ― Você não está sangrando!

ㅤㅤㅤ― O que está acontecendo aí em cima?

ㅤㅤㅤ― Nada, mãe.

ㅤㅤㅤ― Isaac, sem bagunça.

ㅤㅤㅤ― Tá bom, mãe.

ㅤㅤㅤAlice estava ofegante, segurava um travesseiro diante do corpo como se fosse uma proteção ideal, suas mãos tremiam e tudo isso aconteceu em menos de um minuto. Aquele era seu fim? Lucas tinha tramado tudo pelas suas costas, suas ações começavam a fazer total sentido. Não pode ser assim que acaba, pensou observando o garoto desconhecido se levantar e massagear a cabeça por cima do boné, seus braços começaram a abaixar sem que ela percebesse. Lucas entrou no quarto revirando os olhos e indo em sua direção: ― Você está bem?

ㅤㅤㅤEla balançou a cabeça positivamente.

ㅤㅤㅤ― E eu?

ㅤㅤㅤ― Eu quero que você se foda, Zac.

ㅤㅤㅤ― Meu amigo...

ㅤㅤㅤ― O que diabos é isso? ― Alice perguntou.

ㅤㅤㅤ― Quem diabos é você? ― O garoto usava um moletom de um time de hóquei de Massachusetts branco e calças largas. ― O que você está fazendo aqui com o meu homem?

ㅤㅤㅤ― Por que você não consegue agir normal? ― Lucas lamuriou de uma forma que deixava claro que não era a primeira vez que passavam por uma situação como aquela. ― Você não ia chegar só semana que vem?

o diário de alice taylor.Onde histórias criam vida. Descubra agora