2. capítulo dezoito

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ㅤㅤㅤAmélia Greene sempre teve um bom coração, embora não conseguisse evitar a inveja que pairava sobre ela. Nunca se viu como uma pessoa invejosa; pelo contrário, se considerava alguém que ficava feliz pelas conquistas pessoais de amigos. E era assim que ela realmente era, no entanto, quando algo acontecia com alguém próximo, o primeiro pensamento que surgia em sua mente era: Poderia ter sido comigo.

ㅤㅤㅤSabia que não era justo com as outras pessoas sentir-se daquela maneira, mas, mais do que isso, sentia que não era justo consigo mesma. Não conseguia controlar e cada acontecimento que tomava conhecimento era acompanhado de uma mescla de felicidade e amargura. Mas ela não era uma pessoa invejosa, tornava a lembrar.

ㅤㅤㅤDurante o ensino fundamental, observava as garotas da sua idade com corpos mais desenvolvidos, cochichando no banheiro sobre os novos sutiãs e as novas maquiagens; Amy sorria sem graça, com o rosto corado. Ao chegar em casa, olhava para os próprios seios com tristeza.

ㅤㅤㅤQuando conheceu Bonnie, foi a primeira vez que não se sentiu daquela forma com alguém, porque a amiga era tão esquisita socialmente quanto ela e nunca tinha conquistas importantes. Mas quando a garota se enforcou no porão, Amy invejou sua coragem e se perguntou: Por que não eu?

ㅤㅤㅤNão se tratava realmente sobre seus desejos ou ambições de vida, tudo aquilo era reflexo direto das inseguranças que a mantinham presa em um mesmo lugar. Observando tudo se passar diante de si enquanto ela mesma permanecia inerte.

ㅤㅤㅤDepois veio Alice Taylor e sua aura hipnótica a arrastando para sua sombra, mas tudo estava bem, pois era ali que Amy estava acostumada. Sempre que olhava para a amiga, havia uma parte escondida em seu interior que se contorcia, desejando ser como ela. O problema era que Alice parecia estar distante demais em todos os sentidos e, até quando Amélia achava que estavam se conectando, ela estava errada.

ㅤㅤㅤQuando Klaus Evans, o novo professor de história, falou com Amy pela primeira vez, ela precisou olhar para trás imaginando que estava atrapalhando uma conversa.

ㅤㅤㅤ― Amélia, não é? ― o homem repetiu ao se aproximar com um sorriso distinto em seu rosto, parecia se divertir com a confusão estampada no rosto da garota.

ㅤㅤㅤNaquele dia, Amy não viu a hora passar na biblioteca do colégio enquanto fazia seus deveres de álgebra e ouvia McFly nos fones de ouvido. Preferia ficar ali um pouco além do horário para conseguir se concentrar melhor nas atividades, já que a casa era preenchida constantemente com os gritos de seus irmãos mais novos.

ㅤㅤㅤ― S-sim ― gaguejou, sentindo o rosto tão vermelho quanto seus cabelos.

ㅤㅤㅤ― Aprecio muito sua participação em sala ― Klaus estendeu a mão. ― É ótimo ver uma moça jovem como você com bons interesses.

ㅤㅤㅤAmy hesitou alguns segundos antes de apertar a mão dele, os olhos escuros estavam arregalados e ela sentia o estômago gelado. Precisou secar a palma suada na lateral discretamente. A mão grande e quente envolveu a sua e ela sentiu as pernas ficarem bambas.

ㅤㅤㅤ― O-obrigada ― disse sem conseguir encará-lo diretamente, havia algo em seus olhos que fazia um calor subir por seu pescoço e as palavras se atropelarem. Dentro da sala era diferente, porque ele falava para todos e ela respondia para todos. ― É minha matéria preferida.

ㅤㅤㅤ― Isso é ótimo ― O sr. Evans inclinou-se ligeiramente em sua direção, o que fez Amy olhar os arredores para ver se não tinha ninguém por perto. ― Admiro sua dedicação, Amélia, gostaria que o resto da turma se inspirasse em você.

ㅤㅤㅤAmy sentiu seu rosto prestes a explodir e a risada nervosa escapou sem aviso, ecoando pelo corredor vazio como um guincho muito parecido com o de um porco; o que fez com que ela sentisse vontade de furar o chão para se esconder.

o diário de alice taylor.Onde histórias criam vida. Descubra agora