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- Eita, como pesa o guri. – Eu bufo sem ar quanto mais continuo a caminhar insistentemente, mesmo sem saber com exatidão para onde estou nos guiando. Ao menos neste momento.
- Na verdade, você quem é muito fraquinha por aqui, rainha. – Trixie me diz e na mesma hora, eu rosno como um animal raivoso para ela, a encarando pelo canto dos olhos com ódio além da conta.
- Vai capinar a porra de um lote, Trixie e me deixa em paz. – Eu praticamente ordeno, fazendo a raposinha acima do peso soltar um risinho provocativo de divertimento enquanto continua saltando pouco a frente, trilhando um caminho mais do que desconhecido para mim. – Para onde está nos levando, Trixie? – Emendo, ajeitando o pivete desacordado que ando carregando nas costas pelos último doze séculos.
Exagerei.
Foram apenas longos quarenta minutos.
- Para um lugar seguro. – Ela responde com a maior casualidade do planeta terra. Pelo visto, sabe mesmo para onde todos estamos indo agora.
- Esse lugar fica na China, pelo visto. – Debocho com um riso soprado, remexendo as sobrancelhas.
- Não reclame, rainha. Estamos quase lá.
O problema é que Trixie já me disse isso outras centenas de vezes quando a questionei.
Estou começando a acreditar seriamente que estamos caminhando em direção a outro país, tenho que dizer. Eu estreito os olhos e dou uma boa esticada no pescoço quando vejo que realmente estamos chegando a algum lugar. Assim que noto que estamos no topo de uma montanha.
Mas a descida, aparentemente, segue por toda uma trilha que nos guia a uma aldeia próxima, finalmente civilização nessa porra.
Quase cheguei a acreditar que meu reinado era o único ponto com civilização humana nessa droga de país.
Nasci e cresci lá, nunca visitei outros lugares, nunca vi outros rostos por aí!
Nós demoramos mais alguns longos minutos para descer a montanha, mas acredito que levou menos que uma hora inteira.
- O que é isso...? – Eu sussurro incrédula na entrada livre e ampla da aldeia pequena.
Eu me enganei. Não há civilização alguma por aqui. Nenhum maldito sinal de vida.
- Os moradores abandonaram esse lugar a muitos anos, rainha. – Trixie me explica vagamente, girando e sentando no lugar enquanto me encara com inocência.
- E eu pensando que teríamos ajuda humana por aqui. – Respiro frustrada, tornando a ajeitar o molequinho em minhas costas. Ainda meio morto. – Não parece meio errado entrarmos em qualquer uma das casas? Mesmo que estejam abandonadas.
- Hum, vai lá, boa samaritana. Qual a sua ideia melhor, então? – A raposa ousada me questiona, me deixando sem palavras por puro constrangimento diante sua resposta inarticulada a minha pessoa, por um breve momento.
