capítulo 60.

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Se alguém filmasse essa cena, com certeza diria que éramos um bando de malucos sem noção.

Bill estava dirigindo como um louco, Georg gritava no banco de trás, Gustav tentava acalmar Bianca (sem sucesso), Simone dava instruções e Ana segurava minha mão como se eu fosse desmaiar antes da Bianca.

E a futura mamãe?

Gritando.

Bianca — EU VOU MATAR VOCÊ, TOM! —  Bianca berrava, segurando minha mão com uma força absurda.

Tom— Meu amor, eu estou do seu lado! — Respondi, tentando acalmá-la.

Bianca — EU SEI! MAS VOCÊ QUE ME DEIXOU GRÁVIDA, SEU MALDITO!

Tom — Bom, tecnicamente, você também participou… — murmurei.

Bianca — O QUE VOCÊ DISSE?

Tom — Nada, nada!

Ela grunhiu de dor, respirando pesadamente.

Bianca — Por que tá demorando tanto? — Ela gemeu.

Bill — Porque tem trânsito! — Bill respondeu, buzinando sem parar.

Bianca — NÃO QUERO SABER! BUZINA MAIS!

Bill arregalou os olhos e obedeceu.

Simone segurou o rosto da Bianca.

Simone — Respira, filha. Puxa o ar, solta devagar. Isso, isso!

Ana segurava a perna da Bianca, tentando oferecer algum tipo de conforto.

Ana — Eu já passei por isso, e sei que é horrível. Mas vai dar tudo certo!

Bianca — EU NÃO TO PRONTA! NÃO TO PRONTA!

Tom — Os bebês não estão nem aí se você tá pronta ou não, amor! — Eu disse, tentando parecer otimista.

Bianca — ÓTIMO, TOM! FALA ISSO MESMO!

Bill — GENTE! SÓ MAIS CINCO MINUTOS! — Bill avisou.

Bianca — CINCO MINUTOS? EU NÃO TENHO CINCO MINUTOS! — Bianca praticamente rosnou.

Georg colocou as mãos na cabeça.

Georg — Meu Deus, eu não to preparado psicologicamente pra isso.

Tom — E EU TO?! — Gritei.

Quando finalmente vimos a entrada do hospital, Bianca praticamente grudou no meu braço.

Bianca — Tom, eu não vou conseguir!

Segurei o rosto dela, olhando em seus olhos desesperados.

Tom — Vai conseguir sim. Eu to com você. Eu prometo.

Ela respirou fundo e assentiu.

E foi assim que, no meio do caos, a corrida contra o tempo chegou ao hospital.

─── ❖ ───

A porta do quarto se fechou, deixando apenas eu, Bianca e as enfermeiras. O resto do pessoal estava do lado de fora, esperando ansiosamente por notícias.

Bianca estava na cama do hospital, vestindo aquele maldito avental que parecia desconfortável e vulnerável demais para alguém que estava prestes a dar à luz três bebês.

Ela segurava minha mão com tanta força que eu jurava que ia sair sem circulação de lá.

Bianca — Tom… — Sua voz saiu fraca, os olhos brilhando com dor e medo.

Tom — Tô aqui, meu amor. Não vou sair do seu lado.

Ela fechou os olhos e gemeu de dor, apertando minha mão com ainda mais força.

A enfermeira verificou os batimentos dela e dos bebês.

Enfermeira — Você está com muita dor, Bianca?

Bianca — EU TO SENDO RASGADA AO MEIO, O QUE VOCÊ ACHA? — Ela praticamente gritou.

A enfermeira sorriu, provavelmente já acostumada com grávidas desesperadas.

Enfermeira — Vou chamar o obstetra. Já está bem avançado.

Bianca virou o rosto para mim, lágrimas escorrendo por suas bochechas.

Bianca — Tom… eu to com medo.

Senti meu peito apertar.

Ver minha Bianca, minha garota forte, cheia de personalidade, nesse estado de vulnerabilidade era algo que eu não estava pronto para lidar.

Me aproximei mais, segurando seu rosto com as duas mãos.

Tom — Ei, olha pra mim. Você é a mulher mais forte que eu conheço. Você vai conseguir. Você trouxe esses três bebês até aqui e agora vamos trazer eles pro mundo juntos, tá?

Ela fungou e assentiu, apertando minha mão novamente quando outra contração veio.

Bianca — Eu te amo, Tom.

Tom — Eu te amo mais, minha anja.

A porta se abriu e o obstetra entrou com a equipe.

Obstetra — Certo, Bianca. Está na hora.

Os olhos dela se arregalaram.

Bianca — Agora?

Obstetra — Agora.

E naquele instante, soube que minha vida nunca mais seria a mesma.

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