capítulo 26.

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~AUTORA ON~

O cheiro de café fresco e pão recém-saído do forno enchia a cozinha, mas o ambiente estava longe de ser acolhedor. Georg estava sentado na ponta da mesa, folheando um jornal com aparente desinteresse. Gustav mexia no celular, mas seus olhos desviavam ocasionalmente para Tom, que permanecia rígido em sua cadeira, a expressão fechada. Bill, ao lado dele, tentava disfarçar a tensão com um sorriso forçado, mas até ele sabia que o ar estava carregado.

 Bill, ao lado dele, tentava disfarçar a tensão com um sorriso forçado, mas até ele sabia que o ar estava carregado

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Eu desço as escadas devagar, como se cada passo fosse um teste de coragem. Depois da noite anterior, o último lugar onde eu queria estar era no mesmo ambiente que Tom. Mas não havia como evitar. Eles eram uma família no papel, um grupo com objetivos em comum, e manter as aparências era essencial, especialmente para a fachada que os sustentava.

Quando cheguei à entrada da cozinha, parou por um momento, respirando fundo antes de entrar. Todos os olhares imediatamente se voltaram para mim.

Bianca - Bom dia — eu digo, com a voz mais firme que conseguiu.

Georg respondeu com um aceno distraído. Gustav murmurou algo que poderia ser um cumprimento. Bill lançou um sorriso encorajador, mas foi Tom quem mais chamou sua atenção. Ele nem sequer se deu ao trabalho de fingir simpatia. Seus olhos estavam fixos em mim, frios como gelo, e a carranca em seu rosto era um lembrete claro de que a tempestade ainda não havia passado.

Eu caminho até a mesa e sentou-me na cadeira mais afastada de Tom, tentando ignorar o peso do olhar dele. Bill, percebendo o clima tenso, foi o primeiro a tentar aliviar a situação.

Bill - Então, Bianca, dormiu bem? — Ele perguntou, a voz leve e amigável, mas claramente forçada.

Eu olho para ele por um instante, hesitando antes de responder.

Bianca - O melhor que consegui.

Tom soltou uma risada curta, carregada de sarcasmo.

Tom - Surpreendente, considerando tudo.

O comentário pairou no ar como uma faca prestes a cair. Eu abaixei os olhos, mexendo na xícara de café que Gustav havia colocado à minha frente.

Bill lançou um olhar de advertência para o irmão.

Bill - Tom, chega. Já falamos sobre isso.

Tom - Não, Bill, não falamos — Tom rebateu, inclinando-se para frente, os olhos cravados em mim. — Porque ninguém aqui parece levar a sério o que ela fez.

Eu senti as palavras como um golpe. Eu aperto a xícara com força, tentando manter a compostura, mas não conseguia impedir que uma pontada de medo atravessasse meu corpo.

Bianca - Eu já disse que sinto muito — eu murmuro, sem levantar a cabeça.

Tom deu uma risada amarga, batendo a mão na mesa com força suficiente para fazer a louça tremer.

Tom - Sente muito? — Ele explodiu, a voz reverberando pela cozinha. — Você acha que um "sinto muito" apaga o estrago? Que isso resolve o caos que você deixou pra trás?

Eu mordi os lábios, os olhos se enchendo de lágrimas que eu tentei desesperadamente segurar.

Bill - Tom, chega! — Bill levantou a voz, o tom firme, mas não tão ameaçador quanto o de Tom. — Você tá indo longe demais.

Tom - Longe demais? — Tom se levantou da cadeira, os punhos cerrados, ignorando completamente o irmão. — Ela colocou tudo em risco! Tudo pelo que trabalhamos! E agora ela senta aqui como se nada tivesse acontecido.

Gustav, que até então estava em silêncio, finalmente interveio.

Gustav - Já deu, Tom. Ela sabe que errou. Não precisa transformar isso num espetáculo.

Georg, ainda com o jornal nas mãos, suspirou e largou o papel sobre a mesa.

Georg - Se a gente vai resolver isso, não é assim. Você tá gastando mais energia gritando com ela do que pensando numa solução.

Mas Tom parecia surdo. Ele deu um passo na minha direção, e eu recuei instintivamente, o coração disparando.

Tom - Olha pra mim quando eu tô falando com você! — Ele ordenou, a voz mais baixa, mas ainda carregada de raiva.

Eu ergui os olhos lentamente, as lágrimas finalmente escapando e traçando linhas em meu rosto.

Bianca - Eu... eu não queria... — A minha voz falhou, e eu abaixou a cabeça novamente, incapaz de suportar o olhar dele.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Por um momento, parecia que Tom ia continuar, mas Bill se colocou entre nós dois, erguendo uma mão para impedir o irmão.

Bill - Acabou, Tom — ele disse, com autoridade. — Já deu.

Tom hesitou, o corpo tenso, mas finalmente recuou um passo, embora sua expressão permanecesse sombria.

Tom - Ela devia estar agradecida por ainda estar aqui — ele disse, antes de se afastar da mesa e sair da cozinha, batendo a porta atrás de si.

Eu deixei escapar um soluço baixo, as mãos tremendo enquanto tentava limpar as lágrimas.

Bill se abaixou ao meu lado, a expressão suavizando.

Bill - Ele não vai fazer nada contra você, Bianca. Só... precisa de tempo.

Bianca - Ele me odeia — eu murmuro, a voz quebrada.

Bill - Não é ódio — Bill disse, calmamente. — É medo. Tom não lida bem com o sentimento de perda.

Eu não respondi, mas sabia que aquelas palavras não eram suficientes para apagar a dor e o peso

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