Medo

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Alice Narrando


- Gabriel? - Olhei pra Giselle que entrou gritando na cozinha.

- Eu? - Ela bateu no balcão onde eu estava apoiada.

- O que minha bolsa está fazendo na sala?

- Porque você vai dormir lá até ir embora. - Ela olhou pra ele sem entender nada e começou a xingar.

- Por quê? Você disse que eu ia dormir com você caramba, nós estávamos nos entendo. - Affs já deu, fui até o Gabriel e puxei ele para um beijo depois me afastei e olhei pra cara de azeda da Giselle.

- Porque ele agora é meu ou você dorme no sofá ou na rua agora é com você. - O rosto dela ficou vermelho de raiva.

- Babaca. - Gritou e saiu.

- Nossa.

- Sabe bateu uma curiosidade, você estava transando com ela? - Ele deu uma mordida na banana que estava comendo.

- Talvez. - Revirei os olhos e ele riu. - Sabe o seu pai está louco pra falar com você. - Nossa tinha tanto tempo que eu não falava com ele, a última vez foi quando ele disse que eu ia vir pra cá, pensando bem ta na hora de falar com ele.

- Vou chamar ele no skype e ver se me atende. - Corri pro quarto e entrei pelo computador da Júlia pois o meu notebook estava em casa. Chamou umas quatro vezes até ele finalmente me atender.

- Meu Deus olha quem finalmente me chamou. - Bufei e revirei os olhos.

- Diga o que você queria comigo. - O sorriso dele morreu.

- Poxa Alice to vendo que você continua a mesma ignorante de sempre.

- Tá ok, mas diz aí.

- Primeiramente eu estava com saudades muitas e depois tenho algo importante para falar. - Ele ficou sério e passou a mão pelo rosto.

- Ta pai diz, está me deixando curiosa.

- Eu e sua mãe estamos agitando tudo aqui o mais rápido, mas talvez a gente não consiga voltar tão cedo filha. - Isso eu já sabia, eles sempre faziam isso.

- Era só isso?

- Não, o meu amigo Beto pai do Lucas, lembra?

- Sei o juiz né? -  Ele concordou, agora o que um juiz tem haver com isso. - E?

- E que ele falou que o Eitor foi solto. - Meu corpo gelou e uma ânsia de vômito tomou conta de mim, isso não pode ser verdade.

- Como pai? Ele deveria ficar preso por muito mais anos. - Ele suspirou e fechou os olhos.

- Ele fez trabalhos comunitários e teve um bom comportamento então sua pena foi reduzida. E agora pode responder em liberdade.

- Mas.. Isso não pode está acontecendo.

- Filha calma, você está pálida eu vou da um jeito de voltar o quanto antes, vou conversar com o Gabriel pra ele ficar de olho em você. - Eu não estava me sentindo nada bem.

- Pai isso não vai adiantar, e se ele vier atrás de mim? Ai meu Deus isso não pode está acontecendo de novo.

- Calma Alice pelo amor de Deus. - Levantei da cadeira e passei a mão pelo cabelo.

- Ele vai me achar pai, ele falou isso pra mim naquele dia, ele sempre falou. - Minha voz saiu quebrada e lágrimas de pavor desceram.

- Ele não vai chegar perto de você Alice, nem que eu tenha que por seguranças para te proteger, mesmo eu sabendo que o Gabriel está aí e ele vai cuidar de você meu amor.

- Não conta o que aconteceu pra ele por favor.

- Não vou, invento alguma coisa aqui somente isso. Você está segura. - Limpei meu rosto e cheguei perto da mesinha do computador.

- Eu queria você e a mamãe aqui.

- Minha princesa a gente também gostaria muito de estar aí, quando sua mãe chegar eu mando ela te chamar. Tenho que ir agora, te amo princesinha.

- Também te amo pai. - Desliguei e me joguei na cama e olhei pro teto, quando minha vida de merda está entrando na linha alguma coisa da errado.

Gabriel Narrando.

Roberto havia me ligado pra avisar sobre um cara que saiu da cadeia e que tinha feito mal a Alice no passado, até agora não tinha entendido muita coisa ele não me deu mais detalhes e isso está me matando. Fui perguntar a Alice mas ela estava dormindo e não quis acorda-la, preciso saber o que aconteceu.

Ouço um grito da Alice e corro pro quarto, ela ainda dormia mas não parava de se mexer e mandar alguém não fazer alguma coisa com ela. Chego perto da cama, seu rosto está vermelho e sua blusa ta úmida de suor.

- ALICE. - grito e ela abre os olhos e olha ao redor do quarto. - Gatinha? - Seu peito sobe e desce rapidamente por conta da respiração acelerada, sento na ponta da cama ela me olha antes de me abraçar e começar a chorar, passo a mão pelo seu cabelo.

- Diz o que está acontecendo pelo amor de Deus.

- Ele.. Eu to com medo Gabriel. - Se eu soubesse quem era o filho da puta que fez ela ficar assim eu procuraria ele e depois arrancaria sua cabeça com uma faca desamolada.

- Quem é ele Alice? - Sua mão estava tremendo.

- Ele vai vir atrás de mim, foi a tanto tempo mas pra mim agora parece que foi ontem ou hoje depois desse maldito pesadelo. - Afastei ela de mim e peguei seu rosto nas mãos, fazendo ela olhar dentro dos meus olhos.

- Ele não vai vir atrás de você pode ter certeza, vou te proteger meu amor.

- Promete? - Sorri e dei um beijo suave em seus lábios.

- Prometo, agora você está com fome?

- Sim. - Peguei ela no colo e a levei pra cozinha botando ela sentada no balcão.

- Hoje tem baile e aí..

- Não, você vai ir? Eu não quero ir nesse lugar. - Porra e agora como eu ia fazer? Eu não posso faltar no baile ou então vira bagunça.

- Eu preciso ir gatinha. - Ela deu de ombros.

- Pode ir, eu vou ficar bem aqui ok!?

- Nada disso, você vai comigo.

- Nem pen... - Botei um dedo em seus lábios.

- Vai e ponto final.

Domando o vagabundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora