Domando o vagabundo.

Mas eu me mordo de ciúmes..

Alice Narrando

Finalmente aquela horrível noite tinha passado foi um dos piores dias da minha vida, o Gabriel tinha chamado uma mulher para cuidar do seu ferimento no braço, agora dois dias depois já estava melhor, desde aquele dia ele não vem me perturbando, não nos falamos muito é ele no seu canto e eu no meu.

Dei uma última olhada no espelho e botei meus óculos com a lente redonda e azul, toque final combinava com esse macacão horrível que eu era obrigada a usar. Sai de casa e me encontrei com a Isaura pra pegar a merda da vassoura.

- Oi, prazer Daniel. - Um menino muito bonitinho com cabelo arrepiado falou.

- Oi sou Alice. - Apertei sua mão e sorri.

- Eu me pergunto o que você faz varrendo rua. Você me parece uma menina riquinha.- Riquinha já nem sei mais se sou, vai que meus pais resolveram me deserdar.

- Digamos que estou tendo o pior castigo da minha vida vivendo nesse lugar e sendo obrigada a tais coisas por um tempo. - ele riu e tirou o boné passando uma toalhinha branca na testa para limpar o suor. - E você o que faz aqui? - Perguntei não querendo deixar o papo morrer, conversar era uma grande distração.

- Pagando uma dívida, pedi ao Gabriel que me deixasse ser voluntário em troca ele esquecia o que eu estou devendo. -fiquei curiosa pra saber qual dívida ele tinha com o Gabriel mas resolvi não perguntar. - Então você está aqui na casa de um parente? Ou se mudou pra cá mesmo?

- Não, eu estou passando um tempo na casa do Gabriel. Corrigindo estou sendo obrigada a ficar na casa daquele lá. - Nós passamos mais algumas horas varrendo esse morro imundo até finalmente sermos liberados digamos assim.

- Ei Alice. - olhei pro Daniel e sorri. - Gostaria de dar uma volta pela comunidade? Tem um lugar aqui muito bom pra ver a praia lá embaixo é uma visão única de tudo aqui. - Dei de ombros e fomos andando mais pra cima do morro até chegar em uma lage. E ele tinha razão dava pra vê tudo, era uma bela visão a melhor coisa nesse lugar até agora.

- Nossa é muito lindo, queria está na praia agora, está um calor. - Falei e sentei no chão com as pernas cruzadas.

- O que você acha de irmos? - Olhei pra ele e sorri, em segundos estava de pé e abraçando ele forte.

- Porra vamos agora mesmo estou com uma puta saudade de nadar. - Ele apontou pra mim e levantou uma sobrancelha.

- Vai assim? - Perguntou, e eu comecei a abrir o macacão por sorte eu tinha posto uma blusinha por baixo, o short era aqueles que usava pra ir à academia.

- Estou pronta. - Ele fez a mesma coisa que eu tirou o macacão e ficou só de bermuda, nós deixamos os macacões onde estavam e saímos. Eu estava em êxtase nem acredito que vou a praia e finalmente sair desse lugar quem sabe até ir pra casa, ah não minha chave está na casa do Gabriel e se eu voltar lá não vou poder sair.

Assim que cheguei na praia corri pra água e ele correu ao meu lado, dei um mergulho na água gelada e bem gostosa.

- Nossa agora sim. - Falei e ele se aproximou.

- Sempre venho a praia é bom para relaxar né. - Concordei e voltei pra areia sentando na beira do mar.

- Tinha um tempo que não vinha. - Ele sentou ao meu lado e olhou pro mar.

- Onde você mora afinal?

- Moro aqui mesmo, só que um pouco mais pra lá. - Apontei pra direita, sinalizando.

- Meus pais estão viajando então meu papai lindo e tudo de bom teve a brilhante ideia de me jogar naquele lugar como castigo pelo meu jeito de ser.

- Como se isso fosse mudar seu jeito né? - Puta merda finalmente alguém que me entenda oh glória.

- Exatamente, só por pirraça quando eles voltarem de viajem o meu jeito "arrogante e mimado de ser" Como ele mesmo disse, só vai piorar. - Ele riu e me pegou no colo me levando de volta pro mar.

Nós ficamos conversando por muito tempo, já tinha escurecido quando resolvemos voltar para o inferno. Eram nove da noite e eu percebi que quando estamos fazendo algo que amamos as horas passam rápido demais.

- Então, tem namorado? - Ele me perguntou meio envergonhado e eu dei uma risadinha pelo seu desconforto.

- Não, estou solteira. - Ele se ajoelhou no meio da rua e juntou as mãos tipo que orando.

- Graças a Deus.

- Levanta daí maluco.

- Porra é difícil achar alguém tão linda que nem você e ainda por cima solteira. - Eu ri e bati em seu braço.

- Estar solteira não significa está disponível. - Ele fez uma cara de decepcionado.

- Poxa, aí já morreu minhas esperanças. - Chegamos em frente a casa do Gabriel e eu me encostei na parede.

- Nunca perca as esperanças. - Falei e ele passou a mão pela nuca.

- Rola hum.. Beijinho de despedida? - Perguntou e foda-se eu dei o tal beijo nele, o beijo foi tão suave e gostoso. Pena que ele era da mesma altura que eu, a pessoa aqui gosta de homens mais altos tipo o Gabriel. Hum não Alice esquece esse idiota.

- Boa noite. - Me separei dele e entrei, fiz um coque no meu cabelo molhado e abri a porta devagar.

- Onde diabos você estava? - Dei um pulo de susto quando o Gabriel falou, ele estava sentado no sofá com uma latinha de cerveja na mão.

- Eu fui da uma volta. - Ele levantou e chegou perto de mim botando as mãos em minhas roupas.

- Praia? Com o idiota que te trouxe aqui? Sem o caralho da minha permissão? - Eu ri sem humor em seu rosto e me afastei um pouco.

- Sim, e não o Daniel não é um idiota, e desde quando preciso da sua maldita permissão? - Levantei uma sobrancelha e ele me olhou atentamente.

-Daniel? Não acredito, eu quero você longe desse babaca. - Ele gritou, nossa o que deu nele?

- Você não manda em mim caralho. - Mais que porra.

- Estou falando sério gatinha, quero você longe do Rafael e muito mais longe do Daniel ouviu? - Agora foi minha vez de chegar perto dele, fiquei na ponta dos pés pra tentar ficar olho a olho com ele mas não adiantou.

- Está com ciúmes? - Perguntei em um sussurro, o olhar dele vacilou um pouco e o maldito se afastou.

- Claro que não, só não quero você com esses caras. - Estava estampado em seu rosto a raiva e eu podia dizer que metade disso era ciúmes.

- Hurum sei, então vou tomar banho. - Entrei no banheiro e voltei. - Você fica uma gracinha quando está com ciúmes. - Provoquei e fechei a porta do banheiro e tranquei, isso estava ficando interessante.