Capítulo Dois

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Levei alguns pedidos para a cozinha e levo alguns pratos que já estão prontos. Olho para a mesa da Alice e com ela está a sua inseparável amiga Jéssica e o seu namorado Leonardo e o Henrique. Sirvo as mesas sem prestar atenção e esbarro na cadeira do Henrique. Ele não diz nada, mas a Alice só faltou voar no meu pescoço!

- Me desculpe. -- digo e saio apressada. Porque me sinto tão nervosa perto dele? Eu nem gosto desse cara! Apesar de ser um gato e ter dinheiro, não vale um centavo! Entro na cozinha e imploro para a Rebecca servir a mesa daquela víbora nojenta!

- É a sua mesa, Júlia! -- ela bate o pé irritada. Deus me ajude!

- Eu sirvo três ou quatro pra você. Mas quebra essa pra mim Becca! -- suplico, ela levanta as sombrancelhas para mim!

- Porque você não gosta dessa garota, Jú? - pega a bandeja e me encara com um sorrisinho!

- Não sei. Só sei que não gosto! -- digo e coloco o dedo na boca com se fosse vomitar, ela ri e sai levando os pedidos para o salão.

Disse para o Raul que estava com um mal estar, então me deixou ficar na cozinha ajudando o Guilherme com alguns pratos.

- O que aconteceu dessa vez senhorita Raabe? -- Guilherme pergunta se movendo de um lado para o outro me deixando realmente tonta.

- Alice. -- digo simplesmente ele solta uma risada gostosa.

- Está assim porque ela está com o bonitão metido a bostinha? -- pergunta divertido, faço uma careta não gostando do assunto!

- Claro que não Guilherme! - digo bufando. Parece óbvio, não?

- Então o que é? - entrega os pratos para a Rebecca que olha chateada para mim. Deus!

- Amanhã eu cumpro. Eu juro! Você sabe que eu vou cumprir. - digo e ela me dá um meio sorriso.

- Tudo bem. -- diz e se vai.

- Você gosta dele não é? - ele pergunta fazendo os pratos rapidamente. Fico impressionada com sua desenvoltura.

- Vamos mudar de assunto Guilherme? - digo chateada ele olha pra mim, risonho!

- Ok. Mas admita que você acha ele lindo! -- quebra a mão, viado!

- O meu trabalho é lindo. - gesticulo e ele ri divertido.

- Hoje vamos ficar até tarde sabia? - ele diz e por um momento vem a Nina na minha mente. Como vou lhe entregar a chave. Pesco o celular do bolso e ligo para ela.

- Nina? É a Júlia. Você sabe onde é o restaurante? Fica perto da faculdade. Te liguei pra avisar que vou sair tarde e não tenho como te dá a chave agora. - faço um biquinho para o Guilherme.

- Sei sim. Um amigo resolveu me levar para jantar aí antes de ir para o seu apartamento. Que coincidência não é? - ela fala toda serelepe. Acho que terei problemas no meu paraíso com essa garota.

- É sim. Olha, vou ter que desligar agora porque estou trabalhando. - digo e desligo. O Guilherme olha para mim chateado.

- Resolveu alugar um quarto no seu apartamento? Porque não alugou pra mim docinho? - diz chateado. Eu tentei conversar com o meu irmão. Afirmei que era um amigo com quem eu trabalhava, mais não teve jeito.

- Ele não concordou Guilherme, me desculpa. - digo envergonhada por meu irmão ainda ter poder sobre mim. Afinal ele é o mais velho!

- Eu sei me comportar muito bem. - ele diz bravo e para com o que estava fazendo. Tava demorando!

- Não sabe não! Quando fica bêbado gosta de tirar a roupa! Eu me lembro daquele dia em que te levamos lá pra casa depois da confraternização do restaurante. Eu e a Karen ainda estávamos sóbrias, mas você... - aponto para ele com uma faca e o safado ri.

- Estava podre de bêbado. Coloquei você na cama e depois de meia hora, você apareceu na minha sala completamente nu e tentou transar comigo por duas vezes, Guilherme! - digo com horror disfarçado. Ele é um gato, mas é gay. E ás vezes tem recaída! Eu tenho minhas duvidas sobre sua sexualidade. Mas deixa em off que isso não me pertence.

- Eu tenho um tesão por você, Juju! O que posso fazer, Raabe? - ele ri sedutor. Sério?

- Pare, por favor! Isso é ridículo! - digo rindo mas eu sei que isso só acontece quando ele está bêbado. Menos o Luís. Esse me ataca toda santo dia e sem intervalos!

- Se eu fosse virar hétero novamente, eu ia cair em cima de você. Você é tímida e apaixonante Júlia. Só porque você é gordinha, acha que não pode ser desejada? Tem homem que não gosta de mulher magra sabia? Que é o meu caso! - diz e eu caio na gargalhada. Não acredito nele!

- Ok Guilherme. Eu já entendi. Agora vamos voltar ao trabalho. - digo e ele vem me abraçar por trás.

- Eu gosto muito de você, Raabe. Não ligue para esses babacas que querem pisar em você. Você é linda do seu jeito. Ignore e ria de tudo, gata. Um dia você encontra um cara legal que vai te respeitar e amar. --- beija minha bochecha demoradamente e entrega mais pratos para o Vagner, que sorriu.

Fui até a porta para ver se a Nina já tinha chegado. Conheci ela de primeira. Nos falamos pelo facebook, algumas vezes. Ela é magra e loira. Diferente de mim. Em nenhum momento me chamou de gorda ou coisas do tipo. Foi super legal comigo, por isso eu aceitei. Pena que ela foi sentar logo perto da Alice. Caminho até ela que sorrir abertamente pra mim, minha timidez já me atacando cedo!

- Oi. Sou a Júlia. - digo envergonhada e com a chave na mão e ela sorri para mim.

- Oi. Sou a Nina. Esse é o Marcos. - ela me cumprimenta, depois o Marcos. Alice nos olha com o seu interesse de sempre. Bisbilhotar!

- É... Aqui estão as chaves. Vou voltar pro trabalho. Depois a gente conversa, Nina. Licença. - entrego a chave e chamo Vagner pra atender a sua mesa.

- Podemos ir juntas se quiser. - ela sugere antes de me afastar.

- Claro. Eu só saio ás onze, hoje. - faço uma careta.

- Eu espero. - ela sorri e eu vou embora. O Henrique olha pra mim e tira a vista. Eu não sinto nada por esse idiota. Ele é apenas o cara bonitão e pegador da faculdade, só isso. Alice segura o meu braço. Olho para baixo e ela me solta.

- Quem são, fofa? - ela pergunta curiosa. Agora eu lhe interesso!

- Ultimamente tem se preocupado demais com quem eu ando, Alice. Eu não gosto disso! Estão gostando da comida? Se tiverem reclamações a fazer sobre as refeições chamem o Raul. Licença. - deixo ela com cara de tacho.

Henrique segura o riso. Essa garota sempre me perseguiu. Só em pensar na possibilidade de inveja da parte dela, é ridículo! Vai dizer agora que ela se sente ameaçada por mim? Fala sério! Estudamos juntas na escola e graças a Deus, ela escolheu jornalismo. Se ela ficasse na mesma sala que eu, eu já teria enforcado essa cadela!

Você e nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora