Cap. 21

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- Júlia... Olha pra mim! - ele chama e aperta o meu braço.

- Me solta, Guilherme... - sussurro sem me virar, ele não me larga. - Me solta ou eu vou fazer um escândalo! - grito e me viro para encara - lo. A Rebecca vem até nós correndo para nos separar.

- Gente, olha o barraco! - ela diz e puxa o Guilherme que não se move.

- Você está vendo algum cliente ali Rebecca? Pode ir que eu vou conversar com a Júlia! - ele diz e se desvencilha dela, que olha para mim como se perguntasse se está tudo bem me deixar sozinha com ele. Mas é claro que pode!

- Vai lá Rebecca. Eu não vou demorar muito aqui! - digo lutando contra as lágrimas, e não é de emoção, é de raiva mesmo!

Ela se vai apressada, acompanho ela com o olhar até que entra, volto minha atenção para o idiota do meu namorado.

- Você enlouqueceu Júlia? E se eu coloco o carro em movimento? Pintaram o seu cabelo, e ainda fizeram uma lavagem cerebral? Estou com o coração na boca! - ele diz muito bravo e eu enxugo uma lágrima que cai involuntária, ele se aproxima mais um pouco.

- E eu ia fazer falta docinho? - digo irônica e começo a andar cansada. Ainda bem que vamos largar cedo hoje! Porque eu quero voltar para a minha casa agora!

- Porra! - ele xinga e me alcança se colocando na minha frente.

- Eu quero entrar nesta merda Guilherme! Estou me segurando para não bater em você com toda a força que você merece seu idiota! Agora sai da minha frente! - grito e lhe empurro. Abro a porta e entro fumacando.

- Tá tudo bem Júlia? - Raul pergunta preocupado.

- Sim. - falo baixo e ainda trêmula. - Vou trocar de roupa. - digo e entro para o vestiário.

Encontro a Rebecca calçando os sapatos. Abro o armário jogando a bolsa com força. Tiro a blusa e ela olha pra mim temerosa.

- Se acalma Júlia! Eu não ligo para o que ele disse! Quer uma água? - ela diz e olha para trás. Sinto o perfume dele no lugar e fecho os olhos com força.

- Manda ele sair daqui ou eu vou chamar o Raul! - digo para ela que olha para ele sem saber o que fazer. Barata tonta!

- Júlia, me escuta! Porque você está tão brava assim comigo? Foi só uma brincadeira amor! - ele me toca e eu me viro respirando forte.

- Você pode por favor sair daqui? Depois falamos. Agora sai! - digo e aponto a saída. Ele tenta me beijar mas eu me esquivo e olho pro lado.  Ele sai pisando duro, furioso e eu me sento no banco, cansada.

Termino de me arrumar e começo a trabalhar. Entrego os pedidos a Maria sem olhar para a cara dele. Tenho que arrumar um jeito de sair antes dele, mas como? Se largamos ao mesmo tempo! Saco! Alice aparece com o seu namorado absurdamente lindo Henrique.

Ele olha para mim e eu acho que gostou do meu visual, pois esboçou um pequeno sorriso

- Pelo visto as gorjetas daqui estão dando resultado! - ela diz sorrindo diabolicamente e eu cerro meus punhos, louca para faze - la de saco de pancada!

- Você está frequentando o salão do Saulo Fonseca fofa? - ela pergunta e eu abro o bloco para pegar o pedido.

- Anda me seguindo fofa? Sim, aquele gato tem mãos de fada! Você devia ir lá e deixar de usar esse shampoo de laranja que está deixando o seu cabelo um bagaço! Agora o que vão pedir por que eu estou trabalhando e não posso ficar de papo furado! - digo e olho para eles que estão chocados.

- Estrogonofe, Júlia. - ele diz e aperta a mão da Alice para ela se calar e eu dou graças porque mais um pouquinho eu ia matar ela de porrada. Estou uma pilha de nervos e com sangue nos olhos.

- Ok. - aceno com a cabeça e saio de fininho para outra mesa.

Já está quase na hora do intervalo e eu não quero me encontrar com ele ainda. Pergunto ao Raul se posso trabalhar na hora do intervalo e sair mais cedo. Deus ouviu minhas preces, pois ele deixou! Continuo atendendo as mesas com ajuda de uma novata. Olho para o balcão e encontro o Guilherme me olhando que nem um falcão. Passo longe e sigo para cozinha, ele me segue.

- Vai me evitar agora... - ele diz baixinho e tromba comigo.

- Estou trabalhando. - digo e volto para o salão, irritada.

- Para com isso docinho! O que você quer que eu faça? Me ajoelhe aos seus pés? - ele diz chateado e abaixa, eu lhe impeço de fazer.

- Você pode me deixar trabalhar? Já tá de bom tamanho! - saio de perto dele e começo tudo de novo.

À tarde passa devagar e finalmente chega a hora de eu ir embora. Meus pés estão que não aguenta ficar de pé.

- Pode ir, Júlia. Você hoje se superou! Boa noite e até amanhã. - Raul diz e aperta a minha mão.

- Até amanhã, Raul. - digo e passo por ele. Troco de roupa e sigo para o ponto de táxi. Me sento e espero um taxi com uma senhora.

- Está triste minha jovem? Brigou com o namorado? - ela sorri pra mim amigavelmente, eu sorrio fraco. Ela é vidente ou o que?

- Não é nada demais. - digo e cadê a merda de um taxi que não aparece? Passo meia - hora conversando com a senhora e eu opto por ir de ônibus mesmo. Dou a mão e escuto uma freada que assusta a mim e a senhora que está sentada. Ele grita o meu nome que nem um louco e sai do carro correndo com a Rebecca vindo atrás dele. O que diabos esse maluco pensa que está fazendo ?

Ele para na minha frente ofegante. - Júlia, você veio embora sem me esperar? Não vai comigo para minha casa? Minha mãe está esperando docinho! - ele diz e se aproxima de mim, cansado.

- Não estamos bem para você me apresentar a sua mãe Guilherme! - digo irritada e me sento, ele senta ao meu lado.

- Você vai deixar o carro ali Guilherme? - Rebecca diz nervosa.

- Eu não me importo. Vou ficar aqui com a Júlia! - ele diz firme e a senhora olha pra mim sorrindo.

- Você quer ir preso por causar um acidente Guilherme? Vai já tirar o carro! - falo alto e me levanto, ele faz o mesmo. Esse joguinho me irritava tanto quando eu era adolescente eu fazia uma coisa e a  Manuela imitava só para me irritar!

- Se você for comigo eu tiro! - diz e olha pra minha boca depois para os meus olhos enfurecidos!

- Vamos logo antes que eu passe com ele em cima de você! - digo enfurecida. A senhora me chama e eu vou até ela.

- Converse com ele Júlia. Não é esse seu nome? Dá pra ver que vocês se amam, querida. Não perca tanto tempo brigando! Procure entender e ame. Vocês são jovens! - diz baixinho e sorri pra mim. O taxi chega e eu ajudo ela a entrar no taxi, acena e vai embora.

Você e nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora