Desperto de meu sono quando sou invadida por um maravilhoso aroma de café que faz meu estômago dar sinal de vida. Esfrego meus olhos e me estico para acordar. Com um suspiro, me levanto da cama, caminhando pelo escuro à procura da janela, onde acabo por tropeçar em algumas coisas até conseguir alcançá-la, rio comigo mesma, e quando finalmente consigo abri-la, um vento forte e gelado me atinge, e estremeço. Coloco meus braços ao redor do corpo na tentativa de me aquecer enquanto olho através da janela. Sou privilegiada com uma vista linda, mas me sinto um pouco desapontada por não conseguir ver a construção do sanatório daqui, pois, a única paisagem que tenho é uma densa floresta que se estende sobre uma alta colina.
Respiro fundo apreciando a vista, e sorrio ao pensar onde estávamos. Nosso apartamento. Ainda não consigo acreditar que chegamos até aqui, mas realmente precisamos encontrar um emprego, nossas reservas de dinheiro não vão durar para sempre. E quem sabe hoje é o nosso dia de sorte.
Volto a caminhar pelo quarto, e pego um moletom mais quente sobre uma caixa de papelão aberta, o vestindo enquanto andava em direção a saída do quarto, em busca da cozinha, onde sou recebida com um sorriso de Lana.
— Bom dia. — Saúdo depois de passar minha cabeça pela gola apertada do moletom.
— Bom dia, bela adormecida. — Lana brinca. — Fiz café. — Ela aponta em direção a pequena cafeteira preta sobre a pia, onde encho quase toda a xícara branca com o líquido escuro.
— Quais são os planos para hoje? — Tomo um longo gole da bebida quente, me sentindo aquecida de imediato.
— Comprar mais café? — Lana responde com uma pergunta incerta, me fazendo rir. — Não, sério, a gente precisa de mais café e de bolachinhas, aquelas em formato de coala, sabe? E um pouco de açúcar também. Nossa, a gente não tem quase nada aqui. — Ela finaliza, frustrada.
— A gente pode sair para conhecer melhor a cidade, e quem sabe procurar por vagas de emprego, na volta pra casa passamos no mercado, o que acha? — Pergunto, enquanto levo minha xícara até a pia, a passando por baixo da água e deixando ao lado para secar.
— Pode ser, vou me trocar. — Minha amiga responde, antes de sumir de meu campo de visão.
Volto para o meu quarto, decidida a vestir algo mais quente, hoje o tempo não estava dos melhores, então opto por jeans claro, blusa branca com mangas, minhas botas de cano curto e um casaco caramelo. Penso na possibilidade de levar um cachecol, mas desisto na hora em que Lana me chama do corredor.
Pego uma bolsa antes de sair de meu quarto, indo com Lana para fora do apartamento. E ao chegarmos no saguão do prédio, o simpático porteiro sorri, nos desejando "bom dia" quando passamos por ele. E retribuo a gentileza, enquanto Lana desce até a garagem para pegar o carro.
Por fim, me despeço do porteiro e atravesso a porta de vidro do prédio, me sentindo arrependida por não ter pego o cachecol, aqui fora está um gelo.
Aperto o casaco em volta do meu corpo e atravesso o portão de grades de ferro, chegando à calçada. Desço os poucos degraus da entrada quando vejo Margot vindo com um saco de papel nos braços.
— Bom dia. — Cumprimento.
— Bom dia, minha jovem. — Ela sorri. — O que está fazendo aqui fora nesse frio? — A senhora pergunta, enquanto ajeitava o saco de papel em um de seus braços.
— Vou conhecer melhor a cidade, fazer algumas compras e procurar um emprego. — Dou de ombros.
— Emprego? — Ela pergunta, e eu assinto em resposta. — Sei de uma vaga na biblioteca da cidade, se você tiver interesse é logo na rua principal. Procure por um rapaz muito simpático, não me recordo seu nome, mas ele tem olhos verdes e um sorriso acolhedor. — Ela informa e faz menção de entrar no prédio, mas acaba voltando. — Você não vai sozinha, não é? — Ela parece preocupada agora.
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REDEMPTION || H.S
Fanfiction❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...