— Ela acordou. — A voz infantil de Madeline, soa a minha direita assim que abro os olhos.
Ela estava acomodada em uma cadeira de metal, balançando os pés enquanto segurava firmemente seu inseparável ursinho de pelúcia.
— Onde eu estou? — Me sento sobre a maca em que meu corpo, anteriormente, estava deitado.
Passo os olhos em volta, não encontrando minha habitual cela. Tudo era mais claro, as paredes mais brancas, e as portas de vidro limpo.
— No isolamento. — Madeline responde.
— Como assim? O que é isso? — Pergunto confusa, e pressiono a ponta dos dedos ao lado de cada canto da minha cabeça, quando sinto uma pontada. Fecho os olhos com força e só volto a abri-los novamente quando a sensação ruim passa.
— Você quebrou as regras. — Niall se desencosta de uma parede um pouco atrás de mim, e apenas agora noto sua presença. Ele observa todos os lados do meu rosto enquanto passa na minha frente.
— Regras? Que regras? — Sinto minha cabeça doer ainda mais por não entender o que estava acontecendo.
— Não deveríamos estar na floresta naquela noite, quer dizer, nunca. É proibido. — Niall esclarece.
— Nós não estávamos lá porquê queríamos. Aquela mulher que nos mandou. — Contra-argumento, me sentindo cada vez mais confusa, e o fato de ter acabado de acordar e essas dores estranhas terem surgido, não está ajudando no meu raciocínio. — Isso não faz sentido nenhum.
— Fale isso para o Arthur então. O cara é louco, Ellie. Não vale à pena. — Niall suspira, casado.
— Certo. — Desisto, sentindo calafrios ao escutar o nome de Arthur.
Sei muito bem que discutir com o Arthur não é uma boa ideia, não quero ter que encontrá-lo tão cedo, e já tenho memórias ruins o suficiente para me impedir, mas isso não quer dizer que vou deixar para lá. O que ele fez está errado, não posso simplesmente ignorar isso, ainda mais com ele falando coisas estranhas para mim como se eu entendesse algo. E quando a hora chegar, espero estar em melhores condições do que agora.
— Madeline não estava lá com a gente, então por que ela está aqui? — Pergunto, tentando ignorar as dores crescentes na minha cabeça.
— Ela está aqui por mau comportamento. — Niall responde, enquanto tenta segurar seu riso, ele parece achar a situação engraçada.
— Mau comportamento? O que ela fez? — Encaro a pequena garotinha de cachinhos loiros, que forma um enorme bico em seus lábios.
— Made agiu de forma ruim quando não quis emprestar seu ursinho para outra criança. — Niall continua achando graça, o que deixa Madeline cada vez menos confortável.
— Ela tentou roubar meu ursinho. — A garotinha tenta explicar, com a cabeça abaixada e os olhos grudados ao chão, parecendo arrependida por um momento.
— Não. Ela só queria brincar. — Niall rebate.
— Não. Ela queria roubar. — Madeline diz com irritação, fazendo seus olhos ficarem escuros e com veias saltando abaixo deles, criando um contraste com sua pele pálida.
— Como quiser. — Niall dá de ombros, deixando a garotinha mais calma.
Depois da sua confissão, começo a me sentir muito mal, não só por ter escutado o que ela fez, mas principalmente por ter encarado minha realidade apenas agora. Estou presa com criaturas que machucam outras sem remorso algum, e o fato de, no momento ser a mais frágil delas, me faz entrar em pânico. Sei muito bem que preciso de forças para encarar os dias confinada dentro desse sanatório, e também sei perfeitamente como conseguir essa força, mas eu simplesmente não posso, isso parece errado demais.
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REDEMPTION || H.S
Fiksi Penggemar❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...