— Você precisa acordar logo, Ellinora. — Lana pega em minha mão.
Gostaria que ela soubesse que eu posso ouvi-la e senti-la, e gostaria de dizer que sinto muito sua falta. Ela não vem me visitar já faz alguns dias, pelo menos é o que acho, já que não tenho noção do tempo.
— Muitas coisas estão acontecendo enquanto você está aqui, por isso trate de acordar logo.
— Como ela está? — A voz de Margaret soa ao longe. — Ela está bem? — Sua voz começava a ficar cada vez mais distante.
Isso não poderia estar acontecendo de novo. Não agora que Lana veio me visitar. Eu não posso perder mais uma de suas visitas. Eu não posso apagar agora.
— Ela está bem, eu acho. Os médicos disseram que...
***
A claridade me incomoda, e quando abro os olhos, demoro alguns segundos para me acostumar com ela. Me sento na cama e olho em volta para encontrar tudo exatamente igual aos outros dias.
Bufo irritada, já farta de viver sempre a mesma coisa.
Saio da cama e do quarto, e meus pés descalços caminham pelo chão frio do corredor enquanto olho para todos os cantos com a esperança de encontrar alguém, mas tudo o que vejo são salas e mais salas pintadas de azul-claro, como todos os dias.
Atravesso uma porta dupla e entro em uma divisão enorme. Com um olhar mais atento, vejo que se tratava do refeitório. Avisto a máquina de chocolates do outro lado da divisão e meus olhos brilharam. Passo apressada pelas mesas cores chumbo quando uma vontade enorme de devorar todos os sabores me atinge, mas não sinto a menor fome, afinal isso aqui é um sonho.
Aperto alguns números e logo uma barra de chocolate desliza para fora da máquina, e acho engraçado o fato de não precisar usar dinheiro nela. E antes mesmo que eu tenha a chance de pegar o doce, sou empurrada para o lado e alguém pega meu chocolate.
— Ei! — Protesto, mas me calo quando noto que se tratava de Harry.
Me questiono sem conseguir acreditar que é realmente ele quem está parado bem na minha frente, enquanto come meu chocolate.
— Isso é meu. — Dou um passo em sua direção, mas logo recuo quando ele me encara.
— Ah, você. — Ele diz, sem emoção, e se vira para seguir em outra direção.
— Como assim "ah, você"? — Pergunto, mas ele continua me dando as costas — Devolva meu chocolate, e saia da minha cabeça. — Ordeno enquanto apertava o passo para alcançá-lo, e quando o faço, me coloco a sua frente.
— Você não é um demônio ou algo assim? — Pergunto, e ele levanta uma sobrancelha. — Não sabia que você podia comer esse tipo de coisa. — Cruzo os braços, esperando uma resposta.
— Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim. — Ele rebate as primeiras palavras no que pareciam serem séculos, e permaneço parada enquanto ele continuava caminhando.
— Então é isso? Você resolve aparecer pela primeira vez depois de quase me matar de novo e agora vai agir como se nada tivesse acontecido? — Tento controlar minha voz para não gritar, eu não poderia correr o risco de ele desaparecer e me deixar sem respostas, mas Harry simplesmente me tira do sério.
Ele respira fundo com os olhos fechados e me tranquilizo ao ver que não o deixei irritado, mas quando ele volta a abrir os olhos, vejo que pensei cedo demais. Seus olhos estavam negros e as veias embaixo deles pareciam estar a ponto de estourar. Dou um passo para trás quando ele me encara com raiva.
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REDEMPTION || H.S
Fiksi Penggemar❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...