Acordo assustada com o som estridente que soou do rádio despertador, e gemo em desaprovação. Tento chegar até o aparelho para desligá-lo, mas uma forte dor em minha cabeça me faz parar, e respirar fundo. Aperto meus olhos quando a dor parece aumentar mais e mais, o que me faz recordar da noite passada.
Ontem.
Tremo ao relembrar do par de olhos negros e sombrios que me encaravam de tão perto, e me levanto na tentativa de encontrar algo que possa me ocupar e esquecer o ocorrido. Me escoro contra a parede quando uma tontura me atinge, e sigo assim até o banheiro onde sou obrigada a me apoiar no box de vidro para não cair. Tiro toda a minha roupa e abro o registro do chuveiro, sentindo a temperatura da água, esperando que ela fique ideal para que eu possa entrar.
Tomo um banho demorado para ter certeza que todo e qualquer vestígio da noite passada possa ser lavado e levado embora no ralo junto com todo o pânico que senti. Me seco e coloco uma roupa simples, trocando todos os meus curativos. Encaro a parede cor gelo à minha frente e tento pensar no que fazer agora. Preciso ir até à biblioteca, preciso conversar com Connor, e de café, eu precisava de café. Não aguentaria um dia inteiro em pé sem a bebida quente.
Saio do banheiro e de meu quarto e caminho até a cozinha, onde coloco a máquina de café para fazer o trabalho. E enquanto a bebida não ficava pronta, tenho que me conter para não olhar o sanatório pela janela.
No fim apenas fico escorada no balcão da cozinha à espera de Lana.
— Oi. — Escuto sua voz fraca soar atrás de mim e dou um pulo.
— Quanto tempo você está aí? — Pergunto, bocejando.
— Alguns segundos? Não sei. Seu café. — Ela me passa uma xícara e vai até à sala.
— Lana. — A chamo.
Precisávamos falar sobre o ocorrido mais cedo ou mais tarde.
Ela se vira e vejo que seus olhos estavam cansados. Talvez devesse deixar para mais tarde, não queria sobrecarregá-la.
— Ahn, acho que é melhor irmos. — Resolvo dizer, terminando o café em um gole só. Levo a xícara suja até a pia, e depois pego minha bolsa que trouxe comigo para poder sair do apartamento em seguida.
Já do lado de fora, esperamos o elevador em silêncio e, quando entramos, resolvo começar alguma conversa.
— Dormiu bem? — Faço a pergunta mais idiota possível, e me viro para ela à espera da resposta. Ela assente sem dizer nada e levo isso como uma dica para ficar quieta. — Certo.
As portas do elevador se abrem, e caminhamos para fora do edifício. E depois, lado a lado até a biblioteca.
Conforme vamos recebendo cumprimentos das poucas pessoas que passavam por nós pela rua, pareço voltar à realidade e começo a pensar em todo o trabalho que terei para hoje.
Empurro a pesada porta de madeira da biblioteca, mas ela não se mexe. Encaro Lana com uma sobrancelha levantada, e ela dá de ombros.
— Desculpe, estamos fechados. — Escuto a voz de Connor vindo do interior da biblioteca.
— Connor, somos nós, Alana e Ellinora. — Aviso mais alto para que ele possa ouvir, e rapidamente a porta é aberta por Connor que segurava alguns papéis em mãos.
— Oh, desculpe, desculpe. — Ele diz atrapalhado, enquanto derrubava aos meus pés alguns dos papéis que segurava.
— Tudo bem. — Ofereço um sorriso, e me abaixo para ajudá-lo a recolher os papéis, e algo escrito em uma das folhas me chama atenção.
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REDEMPTION || H.S
Fanfiction❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...