— Quem é você? — Permaneço parada na entrada do banheiro, segurando firmemente no tecido áspero do macacão cinza.
O que era isso agora? Eu acabei de voltar de um dia turbulento e ainda preciso lidar com minhas alucinações ganhando vida? Eu não posso fazer isso.
— Sean. — Sua voz era suave e calma. Ele não parecia ser uma ameaça, sua postura era relaxada, mas não posso simplesmente confiar. — Não vou fazer nada com você. — Ele me oferece um sorriso tranquilo.
— Você era aquela coisa que eu vi antes? — Dou alguns passos com receio para dentro do banheiro, sempre tomando cuidado ou esperando por algum movimento suspeito vindo de sua parte.
— Me desculpe, acho que não foi uma boa forma de me apresentar para você. — O tal Sean leva suas mãos para dentro dos bolsos de seu macacão cinza, encolhendo os ombros.
Se ele está vestido como os outros pacientes do plano da noite, talvez fizesse parte do sanatório também. Mas nunca o vi antes. De qualquer forma, eu não conheço muitos daqui, apenas os que convivo no isolamento.
— Eu estou aqui para te ajudar. — Sua voz calma entoa outra vez pelo banheiro, e ele tenta se aproximar, mas acabo dando dois para trás. — Seu sonho, lembra? Eu estava lá. — Sean me olha com expectativa.
— Eu me lembro de você, mas não entendo. No que exatamente você quer me ajudar? — Olho brevemente sobre os ombros, talvez na esperança de que alguém me tire daqui, pois, me sinto muito confusa e não quero lidar com mais coisas que não consigo compreender.
— Vou te ajudar a acabar com o Arthur. — Sua voz suave a calma, muda drasticamente, ganhando um tom mais escuro e sombrio. Seus olhos se fecham um pouco, deixando seu olhar mais pesado.
— Acabar com Arthur? Eu não te conheço, como posso confiar em você? E se estiver tentando me enganar como todo mundo aqui dentro? — Aperto outra vez o tecido áspero, e sinto que poderia começar a suar frio a qualquer momento.
Sua expressão volta a se suavizar, e ele transparecia uma grande paciência, nenhum pouco irritado com as minhas perguntas, o que já era algo diferente, visto que todos aqui se chateiam quando eu faço perguntas.
— Sou um antigo paciente do Waverly Hills. Fui um dos que tentaram se virar contra Arthur. — Percebendo que se aproximar de mim, seria uma tarefa difícil, Sean volta para perto da pia, recostando-se contra o mármore marrom.
Um dos que tentaram se virar contra o Arthur? Mas do que ele está falando?
— Eu sou diferente de todos aqui dentro, e Arthur sabe que sou um pouco capaz de derrubá-lo, por isso me trancou em uma cela especial debaixo do porão. O mesmo lugar onde você teve a impressão de ter me visto pela primeira vez. — Sean comprime os lábios em uma linha, parecendo um pouco atordoado com as próprias palavras, talvez se recordando.
— Não foi uma tarefa fácil escapar daquela cela, Arthur queria me manter preso por um longo tempo. Mas quando senti a sua presença no sanatório, eu sabia que deveria escapar do porão quanto antes.
Chacoalho a cabeça, tentando afastar suas palavras.
— Por que eu? Eu não sou forte como os outros demônios aqui, na verdade, nem demônio eu sou. — Digo, um pouco aflita com tudo que escutei até agora.
Dou mais alguns passos para trás, pronta para sair correndo do banheiro.
— Você é o centro de tudo, uma das chaves mais importantes. Por favor, apenas confie em mim. Existem coisas das quais você precisa descobrir sozinha ou tudo saíra do controle, Ellinora. — Mesmo me sentindo agoniada com tudo que estava sendo despejado sobre mim. Eu conseguia sentir alguma sinceridade na voz de Sean, e esse era o grande problema.
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REDEMPTION || H.S
Fanfiction❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...