Como na ida, a viagem de volta não demorou.
— Obrigada, Carl, de novo. — Agradeço, descendo da motocicleta.
Entrego o capacete extra de volta para ele.
— Nos vemos por aí, Ellise. — Carl acena, antes de sua motocicleta sumir pela estrada.
Observo o céu acima de mim, vendo os tons escuros do início da noite. Inclino minha cabeça em direção ao letreiro do bar, achando tudo um tanto mais calmo, sem a movimentação de antes. Todas as motocicletas e carros antigos que estavam espalhados pelo estacionamento, sumiram.
Caminho tranquilamente até a entrada do bar, empurrando a grande porta de madeira, dando de cara com tudo totalmente deserto, nem mesmo o barman estava em seu posto de trabalho. O único que se fazia presente era Harry, que saia de uma das portas distribuídas pelo ambiente. Seu rosto estava retorcido em uma expressão totalmente irritada, e seus passos indicavam a impaciência presente ao seu redor.
Seu olhar encontra o meu quando retiro a jaqueta de couro, a colocando sobre uma das mesas de madeira. Sua mandíbula fica tensa, e algumas veias saltam em seus braços.
— Onde você estava? — Ele pergunta irritado.
Abro um sorriso de escárnio.
E ignorando-o, caminho pelo bar, me inclinando sobre o balcão para pegar uma garrafa de uma bebida qualquer.
Eu já estava cansada disso.
— Estou falando com você, Ellinora. — Seus passos pesados param atrás de mim, mas continuo o ignorando, queria que provasse do próprio veneno. Seria amargo, talvez ele não goste, mas é o que precisa agora.
— Pensei que tivesse me dito para dar uma voltinha. — Faço questão de repetir suas palavras, empurrando garganta abaixo o líquido preso na garrafa de peguei. O gosto era ruim, mas para aguentar o temperamento de Harry, só estando fora de mim.
Ele respira pesadamente.
— Quando você vai parar de ser tão idiota? Você ao menos sabe o que eu estava fazendo aqui? — Ele praticamente cospe suas palavras em mim, enquanto transbordava raiva, o que me deixa em um estado de humor pior do que o dele.
Eu não ligo para qualquer merda que ele andou fazendo aqui, a única coisa que me lembro foi da maneira estúpida com que ele falou comigo.
— Quer saber de uma coisa? — Pergunto irônica. — Você é um cretino que não liga para os sentimentos dos outros. Está tão ocupado com sua cabeça enfiada no seu maldito traseiro que não se importa de pisar, ou até mesmo matar quem entrar no seu caminho só para conseguir o que quer. — Alcançando o estopim, e farta de tudo que Harry vem fazendo, não poupo uma palavra sequer. Estava a hora dele ouvir algumas verdades. Eu estava precisando colocar tudo para fora, ou explodiria a qualquer momento.
Minha respiração começa a ficar descontrolada devido a toda minha raiva, algo que vim reprimindo por todo esse tempo, mas que agora sou incapaz de guardar. Não sei qual é o tipo de garota com que ele está acostumado a lhe dar, mas eu definitivamente não vou deixar um maldito cretino falar assim comigo.
— Eu já estou cansada da maldita maneira com que você vem me tratando, Harry. Estou cansada de você sempre fazendo esses joguinhos comigo. — Lanço todas as minhas armas secretas, atingindo cada ponto de Harry, o fazendo engolir o gosto amargo que vem me oferecendo.
— E o pior é que eu não posso fazer nada porque eu tenho a porcaria de uma ligação com você, e eu odeio isso. Eu odeio estar aqui, eu odeio ter que ficar do seu lado. — Gesticulo exageradamente com as mãos, fazendo com que o conteúdo da garrafa caísse sobre o chão. — Fui estúpida o suficiente por achar que em algum momento você, o meu assassino, poderia demonstrar, nem que fosse um pingo de empatia por alguém, mas eu estava errada, você não tem jeito. Arruinou a sua a vida e depois fez o mesmo com a minha, e até hoje eu me pergunto por quê. — Movida pela comoção de minha raiva, jogo a garrafa de vidro no chão, escutando-a se quebrar em vários pedaços, assim como eu me sinto agora.
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REDEMPTION || H.S
أدب الهواة❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...