9°- CAPÍTULO ✝

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"Bem-vinda de volta ao inferno, Ellinora." — Imito a voz esganiçada de Brooklyn, enquanto vago pelo sanatório.

Dou um pulo assustado quando tropeço no degrau da escadaria que leva ao segundo andar. Respiro fundo e começo a subir os degraus de madeira que rangiam debaixo de meus pés. Quando chego ao segundo andar, solto um suspiro de desânimo. Tudo aqui era completamente igual ao andar debaixo, vários corredores com as paredes descascadas, piso sujo, portas quebradas e janelas sem vidro, e claro, sem falar no silêncio ensurdecedor. Não ouço mais as vozes, o que é muito preocupante.

Olho em cada cômodo conforme caminhava pelo corredor, não encontrando nada, absolutamente nada que me ajudasse a achar Connor.

Eu estava prestes a desistir da minha busca neste andar quando uma porta fechada me chama atenção. O que acho um pouco estranho é o fato de ser a primeira porta fechada que vi nesse andar, ao contrário do anterior, onde tudo parecia um pouco mais organizado.

Acabo seguindo em direção a porta fechada, que para minha infelicidade, estava trancada.

— Que ótimo. — Suspiro pesadamente.

Encosto minha cabeça contra a madeira lascada da porta e fechos os olhos, tentando achar alguma maneira de encontrar Connor para dar o fora deste lugar.

Eu só queria algumas explicações, mas vou sair com a cabeça explodindo em descrenças e coisas misteriosas das quais eu não consigo associar a uma resposta descente e lógica. Talvez eu me sinta um pouco louca por estar aqui. Os meus olhos enxergam coisas das quais minha mente se recusa a acreditar, era como um bloqueio, uma trava que me impedia de mergulhar nessa estranheza toda. Eu simplesmente não podia.

Já os meus sentidos, queriam me arrastar por cada canto deste lugar e explorar tudo, desvendando o que era todo esse espetáculo assustador que estava sendo-me apresentado. Mas no final, nada disso importa, eu apenas preciso achar Connor, preciso saber se ele está bem e por que diabos saiu correndo daquele jeito me deixando para trás.

Eu devo ser muito idiota por estar aqui depois do que passei noite passada, eu nem ao menos tenho aquele sentimento de pavor de antes. Era como se eu estivesse familiarizada. Eu senti medo, mas isso é como um ciclo, ele vem e depois passa, e é onde eu me meto nessas coisas outra vez. Eu não gosto desta sensação.

Coloco as mãos ao lado de minha cabeça, sobre a madeira, fazendo uma pequena pressão que cede a porta um pouco, mostrando que não estava trancada, apenas emperrada. Aplico força e finalmente a porta se abre, revelando um quarto, e eu poderia dizer isso pelo fato de haver uma cama, mas duvido que alguém dormia aqui, afinal, não há colchão ou travesseiros na cama de ferro, e as molas que a sustentam não parecem ser nada confortáveis. Aos pés dela há também uma mesa de madeira escura e uma cadeira do mesmo material.

Me viro para, definitivamente, sair desse lugar e terminar minha busca por Connor, já que não havia nada neste quarto, porém, parecendo arquitetada, uma forte corrente de vento passa por mim, fazendo com que meu cabelo voasse por todo o meu rosto, me impossibilitando de enxergar direito, e quando me viro tenho a certeza de que não foi pela janela quebrada que o vento entrou. E para concretizar a minha afirmação, encontro uma figura loira e de olhos azuis encostada ao batente da porta, me fazendo dar um pequeno pulo.

— Você me assustou. — Levo uma de minhas mãos até o peito, na tentativa de acalmar meus batimentos cardíacos que por segundos se alteraram.

— Desculpe, essa era a minha intenção. — Niall solta uma curta risada, enquanto eu revirava os olhos.

— Como você é engraçado. Por acaso a sua amiguinha não está com você, certo? — Pergunto, tentando olhar por cima de seus ombros a procura de algum sinal da garota nenhum pouco simpática.

REDEMPTION || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora