REDEMPTION || H.S

30°- CAPÍTULO ✝

Me posiciono a sua frente, enquanto tenciono meus músculos e mantenho a concentração. Pego em seu braço com a intenção de impulsioná-lo para frente e jogá-lo sobre o chão exatamente como me ensinou, mas ele nem sequer se move quando tento, então acabo desistindo. E com agilidade, ele me vira, invertendo a situação para si.

— Você tem a força de uma mulherzinha. — Ele me provoca, fazendo meu sangue bombear mais arduamente por minhas veias.

— Fique quieto. — Falo emburrada, e o empurro para o lado, vendo Sean cambalear enquanto dá risada.

Acredito que tive um bom progresso durante essa última semana que passou. Sean me ensinou técnicas básicas de como me proteger e atacar em diversas situações diferentes, na tentativa de me dar uma pequena bagagem agora que sou uma criatura sobrenatural. E apesar de achar que estou me saindo bem, ele nunca parece estar satisfeito. É sempre como se quisesse despertar algo dentro de mim, algo que não tenho conhecimento. E, por isso, venho me encontrando com ele nessa sala e treinando cada vez mais por todos os longos dias dentro desse inferno.

Isso acabou nos aproximando um pouco.

— Sem pegar leve agora. Vamos de novo. — Sean fala com certa animação, e respiro fundo antes de seguir até ele, ficando na sua frente novamente. — Pés fixos no chão. — Ele força meus tornozelos no chão e sinto suas mãos se arrastam pela lateral do meu corpo até a cintura, me fazendo dar um passo mínimo para trás. Ele sempre fica com esses joguinhos de me provocar.

— Postura firme. — Sean aperta cada lado de minha cintura e envolve meu pescoço com o braço. Sinto sua respiração contra minha nuca e todo o meu corpo se arrepia involuntariamente. — Pronta? — Sua pergunta soa em um tom extremamente baixo, mas não vou me deixar distrair por isso. Meu foco é outro.

Com as duas mãos seguro seu braço que envolve meu pescoço, flexiono minha perna direita para o lado fazendo com que seu corpo dobre sobre o meu e caia no chão em minha frente. Ainda segurando seu braço o mantenho erguido para cima, mas como ele tenta escapar, subo em cima dele, mantendo um joelho em cada lado enquanto abaixo até seu rosto.

— Igual uma mulherzinha, huh? — Rebato sua provocação anterior, e ele tenta esconder um sorriso.

— Atrapalho? — Me assusto quando a voz grave de Harry preenche a sala vazia onde Sean e eu estávamos.

Levanto meu olhar, o vendo de pé ao lado da porta.

Saio de cima de Sean, e estendo uma mão para ajudá-lo a levantar, mas ele nega e se levanta sozinho, retribuindo o olhar de Harry, me fazendo revirar os olhos, cansada de toda essa confusão entre eles.

Ver Harry tão distante de mim, é um pouco estranho, já que mesmo em situações inoportunas, era sempre ele que estava ao meu lado aqui dentro. Na verdade, nunca pensei que eu fosse chegar nesse ponto por ele, alguém que é arrogante e frio, que parece odiar todos a sua volta e que não respeita a vida de ninguém, egocêntrico, e claro, um perfeito idiota.

Eu deveria odiá-lo, mas infelizmente, meu cérebro não raciocina direito e está com uma fixa ideia de que existe uma linha tênue nesse meu odeio todo. Linha da qual preciso me certificar de não cruzar.

— O que foi? — Sean pergunta sem muita paciente.

Harry se mantém apático, como sempre.

Ele e eu não trocamos nenhuma palavra durante esta última semana, por isso acredito que qualquer coisa que tivemos antes, acabou de vez. Tenho a impressão de que ele está me ignorando, não nos encontramos mais pelos corredores, no refeitório ou nas tarefas diárias, eu pareço não existir para ele, exatamente igual quando nos conhecemos. Basicamente voltamos à estaca zero, e isso deveria ser algo bom para mim. O que eu queria, certo?