EPÍLOGO

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E lá estava ele, no mesmo lugar dos últimos dois anos. Imponente como sempre, alto como uma fortaleza enquanto é contemplado pelo céu cinza no topo da colina, e adornado pela floresta densa e extensa.

Waverly Hills.

Eu mal posso acreditar que estou aqui depois de dois anos. Tudo se tornou louco e confuso, ainda é difícil assimilar os últimos acontecimentos, mas aos poucos eu vou me moldando a essa nova realidade.

No final, não havia escolha para mim, este sempre foi o meu destino desde o princípio, onde Arthur me escolheu como peça principal do seu grande jogo muito bem arquitetado. Era o que ele queria, certo? Eu deveria me tornar aquela que levaria sua ideologia para frente.

Ideologia? Não sei se esse é o termo que deveria usar.

Eu entendi muitas coisas ao longo desses dois anos, e de fato, eu enxerguei com os meus próprios olhos que Arthur Waverly era a verdadeira forma do mal, e bom, todos sabem que não há como acabar com o mal. É algo impossível. Enquanto houver quem caminhe sobre essa terra, haverá aqueles que farão más escolhas, mas não devemos julgá-los, pois, são eles que fazem as boas escolhas existirem também. E eu finalmente havia entendido isso.

Talvez essa visão de Arthur de como as coisas deveriam ser, não fosse de todo mal, eu não posso ser hipócrita nesse momento. Arthur me fez o próprio inferno, e foi através dessas chamas ardentes e torturantes que eu pude encontrar a verdadeira essência de todos ao meu redor. Eu consegui entrar em contato com tudo que me foi tirado.

Eu me lembrava de cada mísero detalhe agora.

Memórias, memórias e mais memórias, tudo havia retornado para mim, assim como as inúmeras sensações e sentimentos adormecidos de forma forçada. Eu explodi de dentro para fora, atingi o topo, fiquei sobre o nível mais alto das montanhas e enxerguei cada um deles debaixo dos meus olhos. Eu toquei os seus verdadeiros sentimentos, e desvendei suas verdades escondidas, arremessando para longe as personas criadas em meio as mentiras que eram contadas para mim.

Sem mais mentiras na minha vida. Sem mais enganações. Eu me tornei a verdade. Me tornei o Juiz, o Júri e o maldito Carrasco.

Naquele dia nublado e gelado, eu senti que minha redenção nunca chegaria, eu havia perdido tudo naquele incêndio misterioso. Eu me senti estranha, mas não sabia o motivo. Eu apenas queria deixar aquele velho ursinho sobre o túmulo de Madeline, mas o que eu tive? Ah sim, eu tive muitas alucinações. De fato, alucinações.

Eu não era capaz de entender, mas agora eu sou. Era tudo parte do plano de Arthur, e agora eu entendo que mesmo se seu corpo morresse, nada teria um fim, eu continuaria.

A morte de seu corpo era parte do plano, para que assim, um novo receptáculo surgisse e dessa continuidade ao ciclo. O mal. Todo aquele mal que impregnava cada canto do Waverly Hills se apossou do meu corpo e me fez estranha. Eu não podia controlar, eu não conseguia. Eu sou um anjo, não um demônio, como o meu corpo comportaria um poder tão escuro que vem de outra linhagem sobrenatural?

Ele não comportaria, e por isso a primeira coisa que surgiu foi a resistência do meu corpo para com esse poder do Arthur, o que resultou naquele incêndio que acabou matando todas as criaturas do sanatório. Meu corpo estava lutando para expelir tudo que não deveria estar ali.

E foi exatamente assim que o mesmo aconteceu naquele cemitério. Meu corpo entrou em uma espécie de pane, e criou algumas alucinações, o estopim que faltava para me fazer sucumbir a tudo isso de uma vez.

Aquelas chamas me engoliram e abriram os meus olhos para um novo mundo. Um pouco mais escuro, tenho que confessar, mas um novo mundo sem mentiras.

Eu me tornei alguém capaz de transitar por todos os lados, eu comando um novo mundo através dos meus olhos. E por isso trouxe todos aqueles que deveriam viver outra vez, mas agora, seguiriam as minhas regras, eu faço tudo.

REDEMPTION || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora