8°- CAPÍTULO ✝

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Sem dificuldade, me levanto, recusando a oferta de algumas mãos estendidas para mim. Passo por entre essas estranhas pessoas e vou caminhando pelos corredores, ouvindo alguns murmúrios.

Chacoalho minha cabeça tentando afastar as vozes de todas essas pessoas. Esse era definitivamente o momento mais estranho que eu já passei em toda a minha vida, junto dessas pessoas que acreditavam estarem mortas e presas em um sanatório com divisão de almas boas e ruins. Não tinha medo deles, mas essas pessoas precisavam de tratamento médico, e não era uma boa ideia ficar preso com um bando de gente louca em um sanatório abandonado.

Refaço todo o caminho de volta, e por sorte, avisto Connor parado a alguns metros da porta de entrada do sanatório, que por sinal estava aberta. Ele conversava com um rapaz de sua altura, cabelos negros e olhos azuis, Skyler, presumo eu. Aperto meus passos, fazendo com que eles logo notassem minha presença.

— Connor, vamos sair daqui agora. — Agarro em seu braço assim que os alcanço.

— Calma, Ellie. — Connor pede, apontando para o rapaz à sua frente.

— Eu quero ir embora. — Brado séria. — Agora.

Connor franze o cenho.

Eu sabia que estava sendo contraditória, mas eu sinceramente não queria mais ficar cercada por pessoas loucas.

— Por favor. — Peço, desta vez de uma maneira mais descente.

Connor apenas suspira alto e assente.

— Tudo bem. — Diz derrotado, logo pegando em minha mão e dando um último aceno para Skyler.

E como mágica misturada a minha incrível falta de sorte, assim que nós nos viramos para seguir pela direção contrária, encontramos Gemma e Kathe paradas à nossa frente.

— Ellie, por favor, nos escute antes de ir. — Gemma súplica, com um semblante amargo.

— Só nos deixem ir. Eu preciso ir. — Falo, já sentindo meus olhos arderem. Eu sabia que era bobeira querer chorar, mas eu só quero ir embora.

Elas pareceram entender, já que Gemma finalmente nos dá passagem para seguirmos em frente. E antes que pudéssemos dar um passo sequer em direção à porta aberta, as luzes do sanatório começam a falhar, acompanhando alguns murmúrios que eu não sabia identificar de onde vinham, mas ganhavam intensidade. Era como se estivem longe, mas já nos alcançando.

— Droga! Que horas são? — Kathe pergunta com certa tensão na voz. De maneira apressada olho no visor do meu celular que guardei no bolso de meu casaco.

— Sete da noite. — Falo surpresa, já que não parecia que ficamos tanto tempo aqui. Connor e eu saímos às quatro horas da tarde da biblioteca.

— Vocês têm que ir embora agora. — Gemma diz exasperada, nos puxando em direção a porta de saída.

Ela empurrava Connor e eu de forma desesperada até a porta na tentativa de nos colocar para fora, sendo impedida por um estrondo alto que a paralisa.

— Ele está vindo. — Uma voz feminina e arrastada, anuncia. E quando procuro por sua dona, vejo a tal Senhora Campbell, que estava a alguns metros de nós, com um olhar assustado.

Aperto com força a mão de Connor que, com intenção de me proteger, passa seus braços ao meu redor, me aprisionando em um abraço.

— Nós temos que fazer alguma coisa. — Kathe diz de maneira nervosa.

— Agora é tarde demais. — Gemma rebate com um semblante tenso, enquanto as luzes piscavam cada vez mais. — Ele já está aqui. Connor, proteja a Ellie. — Suas palavras trazem uma corrente de vento muito forte que passa por nós, levando consigo as quatro pessoas a nossa frente como se fosse um grande número de mágica. E a última coisa que sou capaz de ver antes que as luzes se apaguem por completo, é o olhar triste e carregado de Gemma.

REDEMPTION || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora