Mesmo sem conseguir me lembrar ao certo onde ficava a sala de eletrochoque, eu simplesmente não podia conter meu desespero. E para minha surpresa, nenhum guarda tentou me parar, na verdade, muitos deles me olhavam como se eu estivesse fazendo parte de uma cômica cena. Provavelmente, tudo isso está no joguinho do Arthur.
Eu nunca imaginei que ele seria tão baixo ao ponto de usar uma criança para nos atacar. Madeline não tem nada a ver com as coisas que fazemos, tanto que tentamos deixar ela de fora o máximo que conseguimos. Mas eu já deveria imaginar que Arthur usaria o que é menos provável.
Eu estou completamente desesperada por ela, mas o meu corpo e minhas emoções parecem agir por conta própria, fazendo tudo ficar mais exagerado do que deveria, mesmo que eu não saiba qual o motivo para isso estar acontecendo comigo.
Depois de passar os minutos mais agoniantes de minha vida correndo para todos os lados, eu acabo deixando que Ethan me leve até a sala. E ele também respeita meu espaço, me deixando ir sozinha quando chegamos no corredor certo. Logo na porta da sala vejo Niall parado com um olhar incrédulo, ele parecia não saber o que fazer.
— Niall! — O chamo, e ele rapidamente me olha. E seu olhar fica ainda mais carregado com a minha presença.
— Ellie... ela... o Arthur... — Niall olha para todos as direções, enquanto tenta formular alguma frase, demonstrando estar em um estado de confusão mental.
Apenas assinto para tentar dizer que eu já sei de tudo, e em resposta, ele me dá espaço para que eu entre na sala. Respiro fundo antes caminhar pela entrada, sentindo meu coração saltar quando vejo a pequena figura de Madeline ajoelhada sobre o chão, enquanto abraçava fortemente seu urso de pelúcia. Seus cachinhos loiros estavam desgrenhados, e todo seu pequeno corpo tremia. Seu inocente rosto estava vermelho e manchado pelas lágrimas que não paravam de escorrer. Os lindos olhos verdes que ela tinha, estavam totalmente apagados, quase como se toda vida se esvaziasse por eles.
Olho ao redor, encontrando uma maca perto de Madeline, o pano branco sobre ela estava totalmente rasgado, mostrando que ela provavelmente se debateu muito. E mais ao canto, estava a máquina de voltagem e o maldito capacete de eletrochoque pelo qual ainda saiam alguns resquícios de fumaça.
— Made? — De forma calma e suave, chamo a garotinha, tentando não a assustar. E no momento em que seus olhos amedrontados encontram os meus, sinto uma enorme e desconhecida vontade de chorar por ela.
— Mamãe? — Sua quase inaudível voz embargada pelo choro, sibila a pequena palavra, me fazendo paralisar no lugar.
Assustadamente, olho sobre os ombros para Niall, que estava tão chocado quanto eu. Ele apenas me encara sem saber o que dizer.
Eu já escutei sobre como os eletrochoques causam efeitos colaterais nas pessoas. Harry e eu tivemos sorte, nada nos aconteceu, apenas aquele sonho estranho ligado de alguma forma com o meu passado. Mas isso pode ter sido apenas o Arthur ou Sean tentando brincar com nossas mentes. Provavelmente o fato de sermos criaturas sobrenaturais fez com que não tivéssemos o mesmo tipo de reação que os humanos teriam.
Já Madeline, mesmo sendo um demônio, ainda é uma criança, ela não é tão forte quanto o resto de nós, isso deve tê-la afetado de outra forma. Ela não sabe sobre os seus pais, e agora com toda essa sessão de tortura, sua mente deve estar confusa.
Meu coração se aperta ao vê-la nessa situação. E sei que não posso simplesmente ignorá-la por me chamar de mãe. Ela está vulnerável nesse momento, e precisa de proteção, e cada fibra de meu corpo grita para que eu acolha como se realmente fosse minha filha.
— Você veio me buscar, mamãe? — Ela pergunta esperançosa, enquanto uma lágrima atravessa o seu rosto. — Os homens maus me machucaram de novo. — Nesse momento, sinto meu coração se despedaçar ao ver uma pobre criança nesse estado.
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REDEMPTION || H.S
Fanfiction❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...