Escolho um lugar vazio e coloco sobre a mesa a bandeja que peguei, para depois poder me sentar na cadeira. Gemma se acomoda a minha frente, ela parece muito feliz para alguém que está prestes a comer alguma coisa nojenta. Olho para o meu prato e torço o nariz ao ver o que tem nele.
— É mais gostoso do que parece. — A garota de cabelos loiros e olhos verdes, comenta descontraída, e leva uma porção do mingau estranho até a boca.
Encaro o prato mais uma vez e sinto que vou vomitar, então empurro a bandeja para longe e me encosto na cadeira.
— Eu não consigo comer isso. — Coloco as mãos sobre minha barriga sentindo um enorme desconforto.
Gemma me encara confusa com o garfo no meio do caminho entre sua boca e a bandeja, mas não diz nenhuma palavra.
Um arrepio corre pela minha espinha ao lembrar do que terei de fazer na próxima vez em que me sentir fraca, mas acabo deixando esses pensamentos de lado ao escutar Gemma chamando por meu nome.
— Ellie? — Ela chama novamente, e vejo que ela está em pé com sua mão estendida para mim. Sem pensar muito aceito e no segundo em que nossas mãos se tocam Gemma paralisa e me solta.
— Está tudo bem? — Toco em seu ombro e ela parece despertar.
— Sim. — Gemma se vira com um sorriso nervoso. — Vamos dar uma volta. — Ela convida e a sigo até a porta.
O guarda que me trouxe nos para e pergunta onde estamos indo, e rapidamente Gemma diz que vamos apenas dar uma volta, e ele libera nossa passagem.
Andamos por um corredor paralelo ao refeitório e seguimos reto até a parte detrás da construção, onde chegamos no mesmo local em que encontrei algumas crianças brincando da última vez em que estive aqui. Mas hoje estava tudo calmo, e apesar do dia bonito não havia ninguém do lado de fora.
Gemma se senta em um balanço, e indica com o olhar para que me sente ao seu lado.
— Aqui é muito bonito, não é? — Ela pergunta sorridente e começa a balançar sem tirar os pés do chão. — Aqui fora, quero dizer. — Você parece triste. E eu sei exatamente o motivo disso. — Gemma sorri sem ânimo.
— Sabe? — Arqueio uma sobrancelha.
— Você não está nem um pouco contente por ter sido mandada para cá, e não vai medir esforços para fugir. — Ela diz, concentrada em um ponto qualquer à sua frente.
— Você está certa, não gosto desse lugar. Desde que coloquei meus pés aqui, perdi as contas de quantas vezes vi a morte, até que ela finalmente chegou até mim graças aquele idiota do Harry. — Falo irritada.
— Você está querendo dizer que o Harry tentou te matar? — Ela parece tensa ao mesmo tempo.
— Sim, Gemma, é exatamente isso que eu estou querendo dizer. Não sei como, mas de alguma forma ele realmente conseguiu me matar enquanto eu estava no hospital depois daquela noite. Ele entrava na minha cabeça sempre que podia, até que um dia, bem... você já sabe. — Movo meus ombros para baixo.
Ela me encara com uma expressão de puro terror.
— Como você está viva? — Gemma encosta levemente a ponta do dedo indicador em meu braço, e fico em silêncio. — Você voltou a ser um de nós agora? — Nego com a cabeça quando me lembro de toda a história que ela e a Katherine me contaram sobre a separação de almas.
— Eu nunca fui um de vocês, e essa é uma longa história. — Suspiro cansada.
— Tudo bem, eu tenho toda a eternidade, literalmente. — Gemma me encara a espera de uma resposta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
REDEMPTION || H.S
Fanfiction❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...