Empurro o corpo de Arthur para o lado, tirando todo seu peso sobre mim. Seu corpo sem vida cai ao meu lado, enquanto fico encarando o teto escuro do túnel, tendo suas últimas palavras martelando em minha mente. Arthur sempre fez esses enigmas, e isso me assusta, me faz pensar se a sua morte realmente pode trazer alguma coisa pior sobre o futuro.
Talvez eu devesse deixar para pensar nisso mais tarde, as coisas ainda não acabaram por aqui. Arthur pode ter morrido, mas ainda tenho dois demônios do qual preciso lidar.
Ergo meu tronco, me sentando sobre o chão gelado.
Levo uma mão até a lateral de minha barriga, onde posso sentir o sangue quente minar em minha pele. O corte foi profundo, e julgando pelo objeto que usei e a água benta, sei que esse machucado pode demorar um pouco para cicatrizar.
Com certa dificuldade me levanto do chão, dando uma última olhada para o corpo morto de Arthur.
Harry estava escorado contra a parede que Arthur o lançou, encarando o corpo de seu pai, entre um olhar atônito e respiração acelerada; Sean tinha uma mancha de sangue em seu supercílio, resultado da cotovelada que levou, mas isso não o impediu de ter um sorriso satisfeito para seu, agora, falecido, pai. Seus olhos vibravam de prazer; e até mesmo Niall, sai de seu estado catatônico para olhar toda cena com espanto; já Gemma, bom, devido a sua condição seus olhos se tornaram a única coisa capaz de demonstrar algo, e ambos estavam arregalados, transparecendo descrença sobre o que havia acontecido.
Apertando a mão contra o machucado na tentativa de estancá-lo, caminho até Gemma e Niall.
— Eu sei que é difícil, mas você precisa pegar Gemma e ir embora. — Paro em frente a Niall, o alertando com um olhar sério e palavras sofridas pelo ar.
— Você vai ficar? — Visivelmente transtornado, ele pergunta.
— Não se preocupe comigo, Niall. Nós já tivemos essa conversa antes.
Olho sugestivamente Gemma, fazendo Niall acompanhar meu olhar. Ele suspira ao encarar a garota em um estado deplorável como aquele.
Os pedaços de pano que a prendiam estavam visivelmente úmidos e sujos por seu sangue, assim como os cantos de sua boca estavam cortados. Arthur com certeza os batizou para que ela não escapasse, isso justifica Harry ter sentido dor ao tentar libertar sua irmã. Com esses panos batizados ela não tem como cicatrizar, sendo obrigada a imergir na constante dor que isso deve causar.
Niall finalmente assente, se levantando e ajudando Gemma a ficar de pé também. Mas Sean é mais rápido ao aparecer no nosso lado, puxando Gemma para perto dele, apontando uma arma para sua cabeça, a minha arma, a que joguei no chão antes de atacar Arthur.
— Desculpe, irmãzinha, mas não posso te deixar ir agora. — Sean diz, fazendo Gemma se debater em seus braços.
— Solta ela, Sean! — Niall muda drasticamente, ficando bastaste irritado com o ataque surpresa.
Antes mesmo que ele pudesse responder, uma sinfonia perturbadora de barulhos estranhos surge do lado de fora do sanatório, criando um eco a medida que os barulhos se aproximavam. Todos nós ficamos atentos, olhando para o mesmo ponto, o portão de entrada para o túnel, do qual usei para chegar aqui. E em questão de segundos, aquelas criaturas estranhas comandadas por Arthur, surgem na entrada do túnel, rosnando para cada um de nós, entre seus dentes afiados.
— Vejam só, se não são os cãezinhos do papai. Agora que ele morreu essas aberrações não devem ter ninguém para controlá-las. — Sean debocha. — Talvez estejam apenas com fome. E já sei como podemos alimentá-las.
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REDEMPTION || H.S
Hayran Kurgu❝A crença derradeira é acreditar numa ficção, que você sabe ser ficção, nada mais além disso. A espantosa verdade é saber que se trata de uma ficção, e que você acredita nela por vontade própria.❞ Ela não acreditava em monstros. Ele era um monstro...