Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer

Capítulo 4 - Pacto com o diabo

- Oi? Matar o Julian? Você está ficando louca? - Lucien perguntou.
- Ele vai nos matar - Ruthie respondeu - e outra, expulsar demônios de corpo de anjos... É algo que só um anjo muito poderoso pode fazer.
- Você é um anjo, Ruthie. - ele lembrou - você pode fazer isso.
- Não, não posso. - ela respondeu - eu simplesmente... não posso.
- Tem algo que você não está me contando - ele falou - pode dizer.
- Eu... - por um momento Ruthie pensou em se abrir para ele, mas desistiu. Não era do seu feitio ser boazinha ou carente - não importa, e se ele realmente está possuído... Temos que fugir.
Lucien se aproximou dela, estava cansado de perder pessoas importantes, estava cansado de sofrer.
- Eu perdi meus pais e perdi a Sarah, não vou perder mais ninguém. - Lucien disse num tom frio e passou por Ruthie, subindo as escadas. Ela logo o seguiu, o que o fez acrescentar - existe um modo de exorcizar o demônio?
- Existe, mas eu não sei. - ela respondeu - o que eu sei é cortar cabeças, sou especialista nisso.
- Eu não tinha percebido - ele respondeu, ironicamente. - então o que fazemos? Fingimos não saber até ele se revelar?
- Tenho uma idéia - Ruthie respondeu, ouvindo o motor do carro de Julian - finja-se de lesado, ou melhor, seja você mesmo. - ela acrescentou num tom debochado.
Lucien resistiu a vontade de revirar os olhos ao ver Julian parar o carro em frente a casa destruída. O mesmo saiu do carro e foi até eles.
- O que estão esperando? Precisamos sair da cidade, vamos.
- Oim'br Krenhi Koumar - sussurrou Ruthie.
Os olhos de Julian brilharam em vermelho sangue, e ele sorriu.
- Vejo que não faltou as aulas, Ruthie Krashen - Julian falou, num tom quase de observação - Infelizmente foi mais rápido do que eu imaginava. - falou Julian, num tom sarcástico e acrescentou - mas só vou adiantar a morte de ambos.
- O que você fez com Julian? - Lucien perguntou, cerrando o punho. Estava transbordando de raiva.
- Eu mandei a pobre alma daquele coitado pro inferno. - ele sorriu.
Os olhos de Lucien ficaram pretos, o que surpreendeu Julian, dando tempo para Lucien o joga-lo contra o Porsche de Ruthie e aparecer em sua frente, com a adaga em mãos. Sem piedade, atravessou a adaga prateada no peitoral de Julian, acertando o coração. Mas este apenas riu.
- Eu não sou um demônio qualquer, Adkins. - Julian fez os ossos de Lucien se quebrarem então lançou o mesmo na parede, se virou para Ruthie e quebrou o pescoço da mesma num estalar de dedos.
- Não! - Lucien gritou, tentando se soltar. Não aguentava mais aquilo, estava perdendo muitas pessoas próximas. Tinha que se permitir chorar, extravasar.
- Oh, você se importava com ela? - Julian perguntou num tom de deboche - eu posso trazê-la de volta, mas com uma condição.
- Que condição?
- Você irá matar Draco em 12 meses, ou volto para buscar a alma da sua amiguinha.
- Quem é Draco? Por que quer que eu o mate?
Julian sorriu.
- Tudo ao seu tempo, Adkins. Você mata Draco, ou virei buscar a alma dela.
- Eu matarei esse Draco. - Lucien falou - agora a traga de volta, por favor.
- Sabe que está fazendo um pacto com o diabo, não sabe. Adkins? - Julian perguntou, se agachando em frente a Ruthie, sussurrou umas palavras e olhou Lucien.
- Eu... sei. - ele suspirou - e você sabe que vou te matar. Algum dia, não sei quando, não sei aonde, mas vou. Vou matar toda essa raça de demônios.
Julian caiu na gargalhada e caminhou até Lucien, ainda rindo
- Você fala mal da sua própria raça. Não é irônico?
- Minha... própria... raça - ele balbuciou - o que quer dizer com isso?
- Ora, você ainda não sabe? - Julian riu - belos amigos você tem.
Julian deu alguns passos para trás, avaliando o lugar.
- Sei que quer vingança contra Sahad, mas você não vai querer enfrenta-lo, acredite. - a voz de Julian realmente transmitia medo - ele é quase tão poderoso quanto Lúcifer. Nem eu ouso enfrenta-lo. Mas... - um sorriso se desenhou nos lábios de Julian - você vai mata-lo, não sei como. Mas vai, e quando mata-lo, irei assumir o trono de rei do norte do inferno. Até logo, Adkins
Julian caiu no chão, aparentemente desmaiado. Nesse mesmo momento Ruthie acordou, respirando fundo. Lucien saiu da parede e foi até a amiga.
- O que aconteceu? Eu lembro de Julian estar possuído e... - ela o olhou, horrorizada - eu morri?
- Sim, mas ele te trouxe de volta. - Lucien sorriu - já está me devendo duas.
- O que ele pediu em troca? Demônios não fazem nada de graça. - ela perguntou, quase ignorando a segunda fala dele.
- Ele me deu 12 meses para matar Draco.
- Draco... - Ruthie sussurrou - ele é um anjo poderoso e respeitado. Se você mata-lo... Irá virar o povo do céu contra você.
- Eu fiz minha escolha. - Lucien respondeu, não era de demonstrar medo ou insegurança, mesmo que por dentro quisesse apenas acordar e descobrir que era tudo um pesadelo - o que faremos agora?
- Podemos reaproveitar o segundo andar dessa casa. - ela falou - está intacto e tem quartos, de manhã quando Julian acordar iremos partir.

***

Lucien estava em um dos quartos, sentado na cama. Não conseguia dormir, não depois de tudo que tinha passado nas últimas horas, era coisa de mais para um adolescente. Estava perdido em pensamentos quando a voz de Ruthie o trouxe de volta a realidade.
- Lucien?
Ele levantou o olhar do chão para ela, estava quase completamente escuro o quarto, mas ainda sim conseguia enxergar a silhueta dela.
- Oi.
- Não está conseguindo dormir?
- Por aí.
Ela foi até a cama, como se o quarto estivesse iluminado e não tivesse nada atrapalhando, então se sentou do lado dele.
- Julian vai ficar bem, só precisa descansar.
- Eu espero. - Lucien suspirou - na verdade... O que espero é acordar e ver que foi tudo um pesadelo.
- Oh, lindinho. Não se iluda - o tom dela tinha um quê de sarcasmo - tudo isso é real, tudo que aconteceu é realidade. Logo você se acostumara.
- Como você consegue? - ele perguntou - não se importar, fingir que tudo é hilário, lidar tão facilmente. Não transmitir sentimentos.
- Séculos e séculos de vida, - ela respondeu - me ensinaram que a nossa maior fraqueza é esse tolo sentimento humano que chamam de amor.
- Diferente de você, não sou bom em controlar meus sentimentos. - ele falou, olhando nos olhos dela.
- Eu posso te ensinar. - ela se aproximou dele e o beijou, com suavidade.
Logo o beijo foi se intensificando, as línguas se cruzando quase como se fossem acostumadas. Ela levou ambas as mãos ao corpo dele e rasgou a camisa do mesmo. Lucien parou de beija-la e a olhou, Ruthie abriu um sorriso malicioso e voltaram a se beijar.

***

Lúcifer estava sentado em seu trono, em sua forma humana, assistindo tudo em sua tela feita de magia, as cidades destruídas, o pacto que Lucien havia feito com a escuridão. Estava curioso para saber como ele iria se sair, se matasse um anjo iria ter todos os outros anjos como inimigo, se não matasse... A situação era delicada.
- Queria falar comigo, lord Lúcifer? - falou a voz da escuridão, presente em qualquer lugar, menos em local fixo.
- Fiquei sabendo do seu recente pacto com Lucien - Lúcifer falou, num tom frio - quero saber quem lhe deu permissão para tal coisa.
- É impressão minha, ou o lord está se deixando levar por seus sen...
O chão começou a tremer e o lugar todo se iluminou, não deixando uma sombra para que a escuridão se manifestasse sem assumir uma forma humana, o que foi feito.
- A próxima vez que se dirigir a mim dessa forma - Lúcifer falou, seu tom dava medo até mesmo na escuridão - vou lhe enviar pro fundo do inferno novamente.
- Mas eu vim de lá - Respondeu a escuridão, num tom sarcástico. Sem demonstrar qualquer tipo de temor.
- Quem lhe deu a ordem? - na verdade Lúcifer já sabia, só queria uma confirmação.
- Sahad me deu a ordem. - respondeu - e deu a ordem a outros muitos demônios para matar o Adkins.
- Suma da minha frente.
A escuridão decidiu concordar, Lúcifer estava irritado e não queria vê-lo irritado nem de longe. Então desapareceu dali.
Lúcifer se levantou do trono, Lucien não podia morrer, não agora. Tinha certeza que era o garoto da profecia, mais do que nunca. Ele caminhou para fora de seu salão, a guerra estava indo a favor do inferno, logo não precisaria mais se preocupar se Lucien morria ou vivia.