Capítulo 6 - Irmã

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Lucien estava preocupado demais, Ruthie estava ao seu lado quase voltando a desmaiar e Julian em algum lugar, talvez morto, talvez não. Não tinha ideia do que fazer, fôra idiota de achar que sairiam da cidade sem problemas.
- Lucien... - Ruthie falou num tom quase inaudível - escute bem. Cada cidade tem um portal, e apenas um demônio superior pode abrir, esse é um demônio superior. Se ele morrer, o portal fecha e todos os outros demônios na cidade voltam ao inferno...
- Chega de aula - o quatro braços pegou Lucien pela camisa como se não pesasse nada - você é famoso, Adkins.
- Deixa eu adivinhar, você é outro pau mandado de Sahad? - Lucien perguntou, tentando mostrar que não sentia medo, mas estava aterrorizado.
- Hum, não. Demônios superiores não tem superiores.
- Deve ser por isso que você não tem superior - Lucien respondeu, fazendo-se de desentendido.
- Parece que a pequena Ruthie foi uma péssima professora. - ele sorriu sem mostrar os dentes.
Lucien quase vomitou, aquele demônio era horroroso, os dentes deviam ser piores. Duvidava que demônios se preocupassem com higiene bucal. Mas ao ouvi-lo falar de Ruthie tirou todos seus pensamentos sobre escovar dentes.
- Você a conhece?
- Todos no inferno a conhecem. Ela é quase tão famosa quanto você.
- Como assim? - Lucien perguntou, já sem olhar o demônio e sim Ruthie, que voltará a desmaiar.
- Ora, ela não lhe contou? Interessante. Mas é uma pena, você vai morrer sem saber.
O quatro braços o lançou em direção a um poste, Lucien bateu de costas no mesmo e despencou em queda livre, caindo em cima da perna e soltando um grito ao senti-la se quebrar.
- Você ainda é fraco, realmente uma pena. - O demônio falou, se aproximando - queria voltar a ter uma luta decente, como não tenho a séculos.
Lucien rolou pro lado no momento que o demônio iria pisar nele, sua perna estava quase curada, o que era estranho. Ele se levantou e desviou de um soco vindo de cima, por ser alto os socos do demônio eram previsíveis.
- Eu sou metade anjo... - ele sussurrou, se lembrando.
- Pare de fugir. - esbravejou o demônio.
Lucien parou, esperando o braço do demônio vir em direção a si, então pulou, o punho do quatro braços atravessou o chão e ficou lá, Lucien correu pelo braço dele e pulou, dando uma voadora em seu rosto. Ele foi jogado pra longe, fazendo buracos no chão sempre que caía e voltava a flutuar. Lucien correu até a Ruthie, os rachk e Krath estavam se aproximando.
- Ruthie, acorda, por favor. - ele pediu.
Ela abriu os olhos, estava completamente fraca.
- O que...
- Por que você não está se curando? Até eu já estou curado. - ele falou.
- Você finalmente acreditou que é um anjo - ela sussurrou - eu não posso me curar... É uma longa história.
- Então quando sairmos daqui, você vai me contar cada detalhe. - ele respondeu - eu tenho como te curar?
- Você ainda é inexperiente, vai esgotar sua aura.
- Não to nem aí pra uma droga de aura. - ele falou - me diga como.
- Lucien, eu a curo. - Julien falou, Lucien pulou ao ouvir a voz dele - mate o demônio.
- Como você...
- Apenas mate.
- Como mata ele?
- Apenas deixe seu poder de anjo fluir.
Lucien assentiu, mesmo sem entender muita coisa, e saiu correndo, vendo o quatro braços já de pé.
- Você morreu - Ruthie sussurrou - eu senti você morrer, sua aura se apagou.
- É, eu morri. - ele concordou - mas não tenho tempo pra explicar como estou aqui, na verdade acho que nem eu entendo direito.
Julian colocou ambas as mãos sobre os piores ferimentos, começando a curar.
- O demônio deu pistas a ele... Ele quer descobrir meu segredo.
- Você está pronta pra contar?
- Eu não estou pronta pra lembrar. - ela respondeu.
Julian terminou de curar os ferimentos graves e foi pros superficiais.
- Ele vai querer saber, é uma máquina de curiosidade. Mas não vou falar nada, você só precisa dizer quando estiver pronta.
Ruthie se sentou, sem esperar ele terminar de curar todos os ferimentos, não tinha tempo pra se preocupar com cortes pequenos.
- O problema é ele aceitar - ela sussurrou - ele vai me querer morta.
- Ele te conhece, sabe que é diferente dos outros.
- Será que realmente sou ? - ela perguntou quase para si mesma.
Um grito soou ao longe e eles se viraram pra olhar.

***

Lucien havia chegado até o demônio, ele já estava de pé e mais enfurecido ainda.
- O que você é, Adkins?
- Não foi você que disse que sou famoso? - ele sorriu - devia saber o que eu sou, ou quem sou.
- Virou interrogatório? - o demônio sorriu.
- Se responder algumas perguntas, irei te deixar viver.
O demônio olhou de relance para o lado, os seus aliados estavam a uns 100 metros, podia distrair o garoto.
- Então vá, Adkins, faça a pergunta de um milhão de dólares.
- Quem eu sou?
- Alguém muito especial. Metade anjo e demônio.
- Isso eu sei, mas o que isso significa?
- Você devia ter umas aulas de lógicas. - o quatro braços resmungou - você é filho de anjo com demônio.
Lucien sentiu seu mundo virar de cabeça pra baixo, ele estava brincando, só podia estar brincando, ele não era filho de um demônio, não podia ter sangue demoníaco correndo em suas veias.
- Quem... são meus pais?
- Infelizmente, não posso dizer.
- Você realmente quer morrer?
- Existe coisas piores que a morte, Adkins. - ele respondeu - e você vai me matar de qualquer forma. Mas seus amigos sabem.
- Não, eles não sabem.
O quatro braços soltou uma gargalhada.
- Então você tem os melhores amigos do mundo - falou em um tom de ironia - ou talvez eles não possam contar, Deus pode ser pior que Lúcifer quando quer.
- Você abriu esse portal, certo? Quando foi isso?
- Um mês atrás. Deixa eu adivinhar, quer saber porque seus pais e sua namoradinha morreram? Sahad disse para eu apenas levar sua cabeça a ele, mas achei entediante, então fiz você sofrer, matando seus pais e Sarah. E agora é o momento que você me mata.
Lucien deixou a raiva tomar conta de si e pulou no demônio, dando um chute em sua barriga, o mesmo se curvou e pegou ele com um dos braços, com o outro deu um soco em Lucien, o fazendo voar a metros de distância. Lucien se levantou, mas foi paralisado, os Rachk haviam chegado.
- Você é poderoso, Adkins. Porém tolo, você deixa as emoções tomarem conta de você.
- Vai, me envia pro inferno. Vai facilitar minha busca por Sahad.
Ele gargalhou.
- Você quer vencer Sahad no território dele? Realmente é um tolo.
De repente, um a um os demônios foram virando pó, um vulto se movia entre eles, arrancando cabeças e degolando gargantas como se fosse a coisa mais simples do mundo. De repente, Lucien foi solto, ele deu um salto no ar, caindo em cima de um braço do quatro braços de dez metros, sacou sua adaga e atravessou no braço do mesmo. Para distraí-lo. Deu outro salto, caindo no ombro do demônio e colocou uma mão em sua testa.
- Eu te expulso desse plano - sussurrou, quase automaticamente, como se soubesse o que dizer - volte ao inferno, lugar de onde seres como você não deveriam sair.
- Deveria falar isso pra sua amiga. - o demônio riu e começou a virar uma luz negra.
- Feche os olhos. - uma voz gritou.
Lucien fechou os olhos no momento em que o demônio explodia numa luz brilhante e negra, o lançando longe. Quando abriu os olhos, estava deitado no chão, sua visão estava um pouco turva, mas enxergava o céu escurecendo lentamente com o pôr do sol, todos os outros demônios começaram a desaparecer. Ele se levantou, ainda zonzo, viu dois vultos vindo de longe, e uma garota próxima a ele, tinha cabelos escuros e os olhos eram da mesma cor, tinha uma pele um pouco pálida e estava sorrindo.
- Finalmente te achei.
- Quem é você? - Lucien perguntou.
- Nenhum obrigado? Sabe, salvei sua vida.
- Tenho tido péssimas experiências ultimamente com confiar em rostinhos bonitos.
- Ah, Lucien, isso é só o começo, o apocalipse está por vir.
- Vou repetir, quem é você?
Ela se aproximou, e pra surpresa dele, o abraçou.
- Senti saudades, irmão. - ela sussurrou.

Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer Onde histórias criam vida. Descubra agora