Capítulo 21 - A ajuda inesperada de um anjo (parte 2)

447 36 3
                                    

Quando Lucien abriu os olhos, viu algo completamente fora do normal. Estava sentado numa cadeira no meio de uma enorme sala, o chão era macio como se fosse pluma, o teto também, parecia feito de asas de anjos, completamente branco, além de dar um sentimento estranho de conforto. Havia alguns pilares erguidos nas laterais da sala, em fila indiana. Uma porta, que ficava do outro lado da sala, a algumas boas dezenas de metros, se abriu, era Josué. Ele tinha cerca de 40 anos, era calvo e tinha a pele clara.
Lucien se levantou quase automaticamente, entrando em posição de defesa, mas Josué não tinha motivos para atacar, estavam no céu, seu território, tudo ao seu favor.
- Estou quase me sentindo um convidado especial - Lucien comentou - se não fosse o fato de eu estar amarrado com uma corda que não parece nada normal.
- Essa corda vai neutralizar seus poderes - Josué explicou - até a hora da decisão final.
- Que seria me matar? - Lucien questionou, levantando uma das sobrancelhas - seria inteligente, tirando o fato que eu poderia escapar do inferno em dois segundos. Vantagens de ser o herdeiro do trono.
- Exatamente por isso a decisão está demorando para ser tomada, algumas circunstâncias atrapalham. Mas saiba você que se for pro inferno, darei um jeito para que não saía de lá.
- Estou tremendo de medo - Lucien rebateu - acho que vou urinar agora mesmo.
- O sarcasmo não vai te salvar, filho do diabo. - Josué falou num tom frio - você terá o que merece.
- Engraçado você chamar um anjo de diabo - Lucien abriu sorriso ao falar - é instigante esse jeito de julgar Lúcifer.
- Lúcifer desobedeceu uma ordem, igual você matou anjos e logo será enviado pro inferno por tal crime.
- Você só fica falando igual um papagaio, agora quero ver você agir. - Lucien pediu - ou vou achar que só sabe blefar.
- Espere, Adkins. Espere. - Josué caminhou até a porta, estava irritado e quando embrulhou a mão sobre a maçaneta, quase amassou a mesma, respirou fundo três vezes e abriu a porta. Saindo da sala em seguida.

***

- Meu senhor?
Lúcifer estava bebendo uma garrafa de whisky, jogado no sofá de sua casa não tão abandonada, até porque a casa estava em ótimas condições, ninguém iria abandonar. Ele se levantou calmamente, esperando ver qualquer um, menos... Ódio.
- Diga, ódio.
- Fiz o que me pediu - ele respondeu - amaldiçoei seu filho.
- Muito bom. - Lúcifer enfiou a mão desocupada em um dos bolsos, pegando uma pedra negra com um símbolo estranho entalhado na mesma, jogou para ódio. - é seu.
- Oh. - Ódio abriu a palma da mão esquerda para que a pedra caísse na mesma, causando-lhe um pequeno arrepio quando aconteceu. - Agora sim.
- Tem certeza do que vai fazer? - Lúcifer perguntou - não quero que seu planinho de vingança atrapalhe a guerra.
- Na verdade, vai lhe ajudar, meu senhor. - Ódio abriu um sorriso psicótico - vai lhe ajudar muito.
- Espero que sim, pro seu bem. - Lúcifer rebateu, levando a garrafa até a boca e deixando o restante do líquido escorrer por seus lábios, depois, jogou a garrafa sobre o sofá. - agora vá.
Ódio fez uma rápida reverência e desapareceu.
- Iludido. - Lúcifer resmungou e apareceu no inferno, mais precisamente, em seu "lar".
- Você demorou. - falou uma voz atrás dele.
Lúcifer se virou e abriu um pequeno sorriso ao ver quem era.
- Que surpresa, minha adorável Ruthie.

***

Lucien não sabia quanto tempo havia se passado, minutos ou horas, dias ou semanas, sua mente estava tão nebulosa quando céu em dia de chuva. Mas, finalmente, a porta voltou a se abrir, primeiro, ele viu apenas uma silhueta, que foi se aproximando aos poucos até ver uma face impossível de se esquecer, era Ruthie. Lucien sentiu o coração parar por alguns segundos, literalmente, ele ficou estático, chocado e aterrorizado ao ver ela.
- Olá, lindinho. Sentiu minha falta?
Ele abriu a boca pra falar, mas não saiu som algum, não saiu nada, Lucien tentou gritar, também não funcionou.
- Ruthie? - ele conseguiu murmurar, sua garganta estava seca como se não tomasse água a dias.
- Não, o coelho da páscoa. - ela revirou os olhos, demonstrando impaciência, mas logo abriu um sorriso - Sou eu, Lucien. Não diria que em carne e osso, mas sou eu.
- A escuridão matou você - ele falou, ainda num tom baixo - e Lúcifer disse que você não poderia ser revivida. Então como você está aqui?
- Agora você acredita em Lúcifer? - ela perguntou, arqueando as sobrancelhas - é um tanto estranho.
- Eu não acredito, mas, eu senti que ele estava dizendo a verdade, não sei porque, mas senti.
- Lúcifer mentiu, sempre mente. Ele só pensa nele mesmo, um egocêntrico mimado que se acha dono do mundo.
- Agora você falou como se o conhecesse bem - foi a vez de Lucien arquear as sobrancelhas.
- E eu o conheço, muito melhor que você imagina. - ela falou como se não desse importância para tal fato - como você veio parar aqui?
- Acho que eu deveria fazer essa pergunta - ele rebateu - você não estava proibida de entrar no céu?
- Eu tenho meus meios - ela soltou um suspiro, ficando verdadeiramente impaciente - não confia em mim?
- Não confio nem em mim - ele retrucou - e sei como é morrer, como você mesmo disse certa vez, é terrível.
- Eu disse? - ela estranhou, mas logo se recompôs - ah, sim, agora lembrei.
- Quem é você e o que fez com a Ruthie? - ele perguntou.
- Sou eu, Lucien. - ela respondeu - não me reconhece?
- A verdadeira Ruthie sabe mentir melhor. - ele abriu um sorriso irônico.
- Talvez porque eu esteja tentando mudar, por você. - ela proferiu, como se estivesse tirando um fardo dos ombros - porque eu te amo.
- E o Oscar de pior mentira vai para...
Ruthie desapareceu, logo em seguida um homem de cerca de 20 anos entrou pela porta, ele vestia uma roupa humana, incrivelmente estranho para os anjos, que adoram um sobretudo. Era loiro e tinha olhos incrivelmente azuis, parecia que você estava vendo o céu, literalmente.
- Foi você que fez a ilusão? - Lucien perguntou.
- Não, Josué te envenenou. - ele caminhou até Lucien e fez um movimento com a mão esquerda, as cordas viraram pó - ou melhor, o oxigênio da sala está envenenado, então vamos sair daqui antes que eu tenha que respirar.
- E por que está me ajudando? - Lucien perguntou, se levantando com cautela.
O homem se aproximou e tocou na testa de Lucien com o indicador da mão direita, fazendo o mesmo se tornar invisível.
- Podemos passar pelos anjos sem lutar - ele se virou e caminhou até a porta.
- Ainda não respondeu minha pergunta. - Lucien lembrou, caminhando um pouco atrás.
- Eu tenho a mesma forma de pensar que você, Adkins. - ele respondeu - sei que essa guerra está perdida, sei que você é o garoto da profecia. Então não vou perder meu tempo lutando com anjos que não enxergam a verdade.
- Só faltou dizer que está do lado do meu pai - Lucien resmungou, parando em frente a porta.
- Lúcifer? Jamais. Eu estou do meu lado, não acredito em anjos e muito menos em demônios. - o homem abriu a porta - vamos?
- Qual o seu nome? - Lucien perguntou, passando pela porta.
- Baltazar. - ele respondeu e seguiu Lucien, fechando a porta.
Eles pareciam estar num templo, tinha um enorme corredor com arcos na laterais, novamente, tudo era branco. Mas o que surpreendeu Lucien foi ver vários anjos voando do lado de fora do templo, alguns tinham asas marrons, outros asas negras, poucos com asas brancas.
- O que a cor das asas significam?
- Preto é a cor dos iniciantes, amadores, que ainda estão aprendendo a lidar com a aura. Marrom, são os quase graduados, assim por dizer, sabem quase tudo, só não tem experiência em batalhas com demônios.
- E as asas brancas?
- Esses são com quem temos que ter cuidado - Baltazar alertou - eles podem ver através do feitiço de invisibilidade.
- Então é melhor sairmos logo daqui. - Lucien falou, começando a caminhar.
- Exatamente - concordou Baltazar, passando por Lucien - tem um portal pouco usado, mas só tem um problema. O feitiço não dura muito tempo.
- Quanto tempo dura?
- Mais 3 minutos.
- E porque não avisou antes de me dar aquela aula? - Lucien revirou os olhos - vai na frente que eu te sigo.
Já haviam se passado cinco minutos e nada do portal aparecer, Lucien estava nervoso, um anjo iria vê-los a qualquer momento. E aconteceu.
- Está dentro dentro daquela sala. - Baltazar apontou uma porta branca com um desenho de asas na mesma.
- Baltazar, Adkins. Parados! - Ordenou uma voz.
- Senti saudades também, Josué. - Baltazar retrucou, sem se virar - mas podemos deixar a discussão para mais tarde.
- Você não vai levar o garoto daqui - Josué ordenou, se aproximando - ele é prisioneiro.
- Achei que ele estivesse fazendo um tour. - Baltazar rebateu, abrindo um sorriso - Lucien?
- Sim?
- Corra.
Baltazar deu um soco na face de Josué, fazendo o mesmo voar a metros de distância e atravessar a parede de uma sala. Lucien correu até a porta, mas logo 3 anjos de asas marrom apareceram na sua frente.
- Vocês não podiam ter asas negras? - ele bufou e deu um soco no que estava a esquerda, se agachou, desviando de um soco do que estava no meio e lhe deu uma rasteira, pegou sua espada e atravessou no que estava a direita, matando-o.
O do meio deu um tapa no peitoral de Lucien ao se levantar, fazendo o mesmo ser arremessado e cair a metros de distância, quase batendo a cabeça num pilar. O mesmo se levantou, não ficando surpreso ao ver Baltazar em desvantagem contra Josué.
- Preste atenção em nós. - ele levou um soco, agora sim dando de cara no pilar.
O anjo de cabelos brancos se aproximou, pegando Lucien pela camisa.
- Pro filho de Lúcifer, você não é nada.
- Já me disseram isso antes - Lucien conjurou uma esfera arroxeada na mão esquerda e jogou no anjo, fazendo o mesmo explodir em uma luz branca.
O ruivo, único que sobrou, partiu para cima de Lucien, era do tipo que não trabalhava com a mente, então Lucien só esperou ele vir, pegou a espada do anjo que acabara de matar e atravessou no ruivo, o matando em seguida. Ele se virou e viu Baltazar no chão, todo ensanguentado, mas a cara de Josué não estava nada bonita, estava toda arrebentada.
Lucien conjurou outra esfera arroxeada e lançou em Josué, antes de atingir, o mesmo saiu de seu hospedeiro e deixou que a esfera destruísse o corpo.
- Estamos kit's - Lucien falou a Baltazar - agora vamos.
Baltazar se levantou, estava parcialmente curado, poderia concentrar sua aura somente no processo de cura. Lucien correu até a sala e chutou a porta, sem ver se estava aberta. Ele entrou e Baltazar o seguiu. Havia uma tela branca ondulada, no formato de um círculo.
- Você primeiro - falou Baltazar.
Lucien assentiu e atravessou o portal, Baltazar deu uma olhada pra trás, dois anjos estavam vindo, ele esticou o braço e fez os dois se chocarem, pulou no portal em seguida.

_______________________________
E aí, pessoal? O que acham que vai acontecer? E essa nova dupla, gostaram?

Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer Onde histórias criam vida. Descubra agora