Capítulo 14 - Quem diz a verdade? (parte 2)

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Lucien foi levado contra a própria vontade, então apareceu numa casa que parecia velha, tinha poucos móveis, o sofá estava gasto, a lâmpada apagava a cada 10 segundos e voltava.
- Sério? Lúcifer vive aqui? - Lucien perguntou.
- Toda descrição ajuda, meu filho. - falou Lúcifer, descendo as escadas.
- Primeiro, não me chame de filho. - Lucien respondeu - Segundo, descrição para o que? Tem medo dos anjos virem te matar?
Lúcifer soltou uma gargalhada, Lucien era tão tolo.
- Mas você é meu filho e vou te chamar assim. Se eu pudesse confiar em você até falaria, mas não posso.
- Me chamou aqui pra que então? Tomar um café da manhã em família? - ele perguntou.
- Ainda são 02:00, está cedo para uma refeição, mas quando o dia amanhecer podemos fazer isso - Lúcifer respondeu - eu pedi para Ruthie te trazer aqui por outro motivo.
- Pedir não é exatamente a palavra - Lucien murmurou - ela é o que? Sua amante? Pau mandada?
- Uma aliada, ótima por sinal. Em ambos os sentidos que você está pensando.
- Você nem imagina como eu sei - Lucien retrucou - vai, papai. Diga qual o motivo milagroso que te fez lembrar que tem um filho.
- Eu quero que você se alie a mim - Lúcifer foi rápido e direto - podemos lutar essa guerra como uma família, podemos vencer e acabar com a escória.
- Eu gosto da escória - Lucien respondeu, fazendo expressões irônicas e gestos com a mão enquanto andava - sabe, eu tinha pais, verdadeiros pais, amigos. Todos humanos, e adivinha? Morreram, por sua culpa.
- Minha culpa? - Lúcifer deu a volta no sofá, caminhando até o filho - não tive nada haver com a morte deles, isso eu garanto.
- Mas Sahad sim, a escuridão sim. Por que? Porque eles me queriam morto! Por ser seu filho! - Lucien estava quase gritando - tudo isso, volta até você. Sua guerra, seus aliados, sua culpa.
- Eu não tenho culpa se eles desejam tanto morrer - Lúcifer respondeu - pois dei uma ordem explícita para ninguém matar você, e quem o fizesse iria morrer. Eu sempre quis você comigo, filho. Matar quem você gosta seria burrice.
- Parece que você não é mais temido, pai. - Lucien abriu um sorriso irônico e cruzou os braços - mas me diga, dentre tantas pessoas pra me supervisionar, por que a Ruthie?
- A parte em que ela disse que Deus deu essa missão a ela, é verdade. Mas Ruthie é apaixonada por mim, era questão de tempo até voltarmos a ser aliados.
Lucien se sentiu mais abalado do que demonstrou, queria saber como conseguia gostar dela, ainda.
- E por que eu sou importante pra Deus? Ou pra você? Amor pelo próximo que não é.
- Achei que você já soubesse - Lúcifer sentou no braço do sofá, o encarando - Krastion.
Flashes da conversa com Krastion voltaram a mente dele, a resposta estava lá o tempo todo, só precisava ligar os pontos.
- Eu sou hospedeiro dele - Lucien concluiu - Deus não quer, então tenta me proteger. Krastion tenta me convencer. E você? Onde entra nisso?
- Krastion é perigoso - Lúcifer admitiu - não quero que se deixe ser tomado por ele.
- Estou sentindo uma forte coceira nas minhas cordas vocais, para que eu aceite. - Lucien revirou os olhos - não precisa mentir, não confio em você. Você não se importa comigo, então vá direto ao ponto.
- Se alie a mim, Lucien. Seus amigos ficarão seguros, venceremos a guerra e o mundo será nosso.
Lucien demonstrou estar ponderando sobre a proposta, se aproximou e sussurrou no ouvido do pai.
- Eu prefiro morrer. - ele se afastou e foi até a porta.
- O anjo negro já matou um de vocês, demônios mais poderosos que ele não faltam.
- Isso é uma ameaça? - Lucien perguntou, seu tom havia mudado, estava frio e irritado.
- Considere como um aviso.
- Então vou retribuir o favor - ele virou o rosto, olhando o pai por cima do ombro - mande quantos demônios quiser, vou matar todos, cada um deles. E depois, vou atrás de você e seus subordinados, garanto que vou fazer todos agonizarem até enviar pro inferno.
- Já estou acostumado a vir de lá - Lúcifer retrucou - Até a Ruthie?
Lucien parou, olhando o céu escuro lá fora, a lua cheia iluminando tudo ao redor.
- Até ela. - ele falou e saiu da casa.

***

A porta do quarto se abriu e ele viu Aurora de pijama, com o olhar sonolento. Lucien estava sentado em uma das camas, apenas olhando Lydia dormir.
- Já acordou?
- Não dormi - Lucien respondeu, olhando a irmã na cama - tive uma noite complicada.
- Então se levanta, vamos abastecer o carro e fazer compras enquanto eles dormem.
- Quem ainda está de pijama é você - ele falou, sorrindo.
- Ah - ela falou, olhando pra cima - me dê 5 minutos.
30 minutos depois, Aurora saiu do quarto, completamente arrumada e bonita, deixando Lucien tonto por um segundo.
- Grandes 5 minutos - ele falou e levantou da cama.
- 5 vezes 6, docinho. - ela sorriu - anda, vamos.
Ele saiu do quarto, fechando a porta lentamente, para não acordar Lydia. De repente, ele ouviu um vozes no quarto do lado, que era o de Julian. Se aproximou da porta e encostou o rosto na mesma.
- ... acontecendo conforme o planejado - era a voz de Julian - pois é, Zacharias sabia demais.
- Ótimo - disse outra voz - e Krastion? Sabe se ele e Lucien já tiveram alguma conversa?
- Não, Sahad. - Julian respondeu - mas Lucien confia em mim, irá falar comigo quando acontecer.
Lucien não conseguia acreditar, primeiro Ruthie... Agora Julian? Era impossível, ele era seu melhor amigo... seu irmão. Nunca iria trai-lo. Mais pelo impulso do que pela razão, Lucien abriu a porta, e viu Sahad e Julian, ambos de pé, conversando.
- Ora, ora, ora. - Sahad falou - ouvindo atrás da porta? Que antiquado.
- Você... - Lucien sussurrou, encarando Julian - eu não consigo acreditar...
- Pois é, Lucien. - ele respondeu - as aparências enganam.
Lucien correu pra cima de Sahad, cuidaria de Julian mais tarde. Mas Sahad fez apenas um movimento de mão, o lançando na parede.
- Mate-o, Julian.
Julian se aproximou de Lucien, caminhando lentamente, enquanto o antigo amigo tentava sair da parede, sem sucesso.
- Vai, me mata. - Lucien falou - provê que não da pra confiar em ninguém nesse mundo.
- Mas eu vou matar - Julian sorriu - você confiou na pessoa errada, Lucien. Ruthie não era a traidora, mas deixei você pensar isso.
- Seu desgraçado! - Lucien gritou e conseguiu se soltar da parede, mas a mão de Julian já estava atravessando seu peitoral e destroçando seu coração.
- Lucien! - chamou uma voz feminina.

***

- Lucien! - chamou Aurora, enquanto o balançava - olha pra mim.
Ele havia voltado a realidade, ainda estava confuso, sua visão estava turva, desfocada, ele não conseguia reconhecer Aurora.
- Hey, você tá me ouvindo? - ela perguntou.
A visão dele se acostumou e ele finalmente a enxergou, estava a cima dele, que estava deitado. Lucien se sentou, confuso e cansado.
- O que... aconteceu? - ele perguntou.
- Você parou do nada - ela falou - ficou petrificado, então começou a gritar e acordou todo mundo, e quando digo todo mundo, é a pousada toda.
- Ei, cara. - Julian falou, se agachando na frente dele - está se sentindo bem?
Lucien lançou um olhar de ódio a Julian e deu um soco no mesmo, se levantando. Julian voou até a parede e Lucien apareceu em sua frente, o pegando pelo pescoço.
- Seu desgraçado! Você está do lado de Sahad! - Lucien gritou.
- Do que... você... está falando? - Julian perguntou, com dificuldade.
- Eu vi! - Lucien gritou novamente - deixou a Ruthie levar a culpa, enquanto você passava por inocente. Mas você teve ajuda, de quem!?
Lucien foi puxado e levou um soco na cara, acabou caindo no chão, sentado. Enfim sua mente despertou, percebeu onde estava e o que estava fazendo, fôra tudo um sonho.
- Desculpa - Stiles falou - mas você tava sendo controlado.
Lucien se levantou, devagar, usando a parede como apoio. Foi tudo uma ilusão? Então quem colocará em sua mente? Eram muitas perguntas sem respostas.
- Desculpa - ele sussurrou, olhando Julian - eu preciso ficar sozinho.
Ele desapareceu da pousada.
- Aurora, você estava com ele. - Lydia falou - o que aconteceu?
- Ele só... - ela começou - ficou petrificado e começou a se debater, xingando o Julian.
- Colocaram uma ilusão na cabeça dele - Stiles concluiu - justamente para afasta-lo de nós...
- E ficar sozinho. - Julian completou.

***

Lucien estava em frente ao lago que ia com seus pais adotivos nos fins de semana, agora que conseguia controlar onde aparecia. Ele olhou seu reflexo na água, seu rosto estava abatido, tinha olheiras, seu corpo estava cansado. Estava cansado de tudo.
- Olá, Lucien.
Ele reconheceu a voz como a da ilusão.
- Sahad. - falou sem se virar - veio me dar presente de natal?
- Não sei se é um presente de natal, afinal fiquei sabendo que me quer morto. - ele respondeu - mas vim te dar uns conselhos, sobre seu pai.
- Ah, claro. Veio me ajudar pela bondade que existe em seu coração - Lucien abriu um sorriso irônico - isso se tiver um.
- Acredite, eu tenho. - Sahad se aproximou - Lúcifer mentiu para você.
- Em que ponto exatamente?
- Sobre Ruthie - ele respondeu - ele a ameaçou, mataria você caso ela não se aliasse a ele.
Lucien não queria acreditar nas palavras de Sahad, então manteve a expressão neutra e continuou com seu sarcasmo.
- Hum, claro. E você me falou isso de bom grado. O que quer em troca?
- Apenas que perceba quem seu pai realmente é - ele falou - quem Krastion é.
- Já acabou?
- Um último conselho: Não confie na sua anjinha Kyra. - ele sorriu - eu não sou o vilão, Lucien. Logo irá perceber que não.
- Vilão ou não, não importa. - Lucien respondeu - eu vou matar quantos eu conseguir.
- Eu não esperava menos de você. - Sahad respondeu e desapareceu.

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