Lucien observou o demônio a sua frente, sabia que ele não era confiável, mas qualquer ajuda seria útil.
- Deixe-me ver se entendi - Lucien começou, dando alguns passos pelo gramado banhado em sangue. Guardou a estaca de baixo da blusa e olhou para Karifh. - você vai trair seu chefe, o rei de metade do inferno, por que? Ele não te deu o farelo do pão?
- Na verdade, eu cansei daquele babaca dando ordens, não vai demorar muito para ele saber que mudei de lado, então serei o demônio mais procurado do inferno.
- Não confie nele. - Baltazar alertou.
- Espera que eu acredite? - Lucien questionou.
- Honestamente? Não. Mas temos interesses em comum, como Sahad morto. O que me intriga, é por que você o quer morto.
Lucien olhou para o céu antes de responder.
- Não chegamos ao patamar de confessar os pecados, existe padres para isso. - ele fez uma pausa, pensando se deveria acrescentar algo. - onde ficam os ossos de Sahad?
- No castelo dele. - Karifh respondeu. - no quarto dele, em um baú trancado com um símbolo.
- E se você já não está com ossos, é porque...
- Preciso de ajuda. - o demônio respondeu. - alguém precisa distrair o próprio Sahad e seus servos.
- E lá vamos nós para o inferno. - Lucien resmungou. - mas, saiba que se estiver mentindo, eu prometo oitenta e seis dias de agonia profunda para você.
- Por que oitenta e seis? - Karifh indagou, quase sarcasticamente.
- Eu gosto desse número - Lucien deu de ombros.
- Lucien, você não pode confiar nele.
- Eu não confio, Baltazar. - Lucien respondeu num murmuro. - mas é preciso.
- Eu vou junto. - pronunciou o anjo.
- Nada disso - o demônio rebateu. - você vai ser como um farol atraindo demônios, eu e o garoto vamos, pegamos os ossos e nos encontramos aqui.
- Não se preocupe, Baltazar. Eu vou voltar inteiro.***
Mary foi a primeira a acordar, zonza, confusa com o que havia acontecido. Sua visão estava embaçada e levou um tempo para se acostumar, ela notou que os outros três ainda estavam desmaiados, Sahad havia sumido, estavam sozinhos. Deu alguns passos para frente e depois para trás, o olhar focado no chão, mas a mente viajando em pensamentos.
Ela tinha que impedir Lucien de dizer sim a Krastion, não sabia o porque, mas tinha. Era quase como uma sensação que se isso acontecesse, a consequência seria algo catastrófico. O que mais a intrigava era a tal Ruthie, que ela ouviu Lucien gritar o nome, e sabia que ela tinha sido o motivo do "sim" de Lucien. Mas nada disso se comparava ao inferno na terra, qualquer um que morresse, voltaria em poucas horas. Era como um ciclo vicioso que iria se repetir pelo resto dos séculos.
- Mary?
Ela pulou ao ouvir a voz de Stiles, seu coração se acelerou, forçou um sorriso e se virou para fita-lo.
- Ahn... Oi. Você está bem?
- Estou, eu acho. Bom, tirando o fato que meus tímpanos estão ardendo... Enfim, você também viu, ou...
- Acho que todos vimos. - ela o interrompeu - quem diabos é Ruthie?
- Uma... amiga, que morreu tentando nos salvar, Lucien nunca se perdoou pela morte dela. Era o amor dele.
- Nossa. Eu... sinto muito. - Mary desviou o olhar para as paredes - por isso ele diz sim ao tal de Krastion, não é? Por causa dela.
- Aparentemente, sim. - Stiles respondeu - mas tem dois lados positivo nosso tudo.
- Por favor, preciso de uma boa notícia.
- Sabemos o que acontece, então podemos tentar impedir. Principalmente o inferno de vir à terra, o que impede Ruthie de voltar e morrer, aí impede Lucien de ser um completo babaca transtornado sentimentalmente.
- E o segundo lado positivo, seria...
- Se Lucien sofreu por Ruthie, ele estará com alma. - outra voz falou, era Lydia.
- Exatamente. - Stiles concordou.
- E o que faremos agora? - a voz grogue de Aurora se pronunciou.
- Voltaremos a fechar portais. - Stiles sugeriu.
- Eu vou querer um salário. - Mary anunciou.
- Eu posso providenciar o salário, se me ajudarem. - falou Miguel ao aparecer no armazém.
- O que você quer dessa vez? - Aurora indagou, desviando o olhar para o pai.
- Algo simples, na verdade. Eu quero que vocês o matem, quero que matem Lucien.***
Lucien já estava familiarizado as sensações ruins que o inferno transmitia, também a escuridão. Isso não afetou, até porque ao ver um grande castelo feito de pedras, rodeado por um enorme muro com vários esqueletos como guarda, atraiu sua atenção.
- Bem vindo ao chiqueiro de Sahad. - Karifh falou, encarando o grande portão feito de metal.
- Como passamos por esses esqueletos? - Lucien questionou, retirando a espada da bainha.
- Correndo, andando, rastejando. Como você preferir. - Karifh esboçou um sorriso de canto - vamos lá, Adkins. Não tem medo de uns esqueletos, não é?
- Eu tenho uma ideia melhor. - Lucien fechou os olhos e se concentrou, os abriu um minuto depois. - estamos invisíveis por cinco minutos.
- Você ainda tem um cheiro bem peculiar.
- Cala a boca e anda. - Lucien proferiu e caminhou até o portão, com a espada em mãos - não podemos simplesmente aparecer ali dentro?
- Claro. - Karifh segurou no ombro do garoto e de repente, estavam dentro do castelo.
O corredor era iluminado, havia um enorme tapete negro que se estendia pelo mesmo e varias cabeças penduradas na parede com a ponta de uma lança. As paredes eram revestidas de pedra, mas pintadas se vermelho, aparentemente com sangue.
- Por que você não fez isso antes?
- Queria ver se você é mesmo bom.
- Imbecil. - Lucien resmungou, sem tirar os olhos das paredes.
- Sahad tem um gosto diferente para decoração. - Karifh acrescentou, olhando a expressão de Lucien.
- Não estou muito surpreso. - Lucien começou a caminhar. - temos mais três minutos, você pega os ossos ou eu?
- Distraía Sahad. - Karifh pediu. - só eu posso abrir o baú.
- Que seja, onde ele está?
- No maior cômodo do castelo, conversando com as pessoas que querem as almas livres.
- Mais um tópico pra minha conversa com ele. - Lucien murmurou e caminhou pelo corredor.
Depois de cinco minutos caminhando pelo castelo, Lucien viu uma enorme porta dupla feita de madeira, com aparentemente cinco metros de altura. Ele se poupou o trabalho e apareceu dentro da sala. Havia uma enorme fila até o outro lado da sala, onde Sahad estava sentado em frente a uma mesa, também havia fileiras de cadeiras onde pessoas estavam sentadas. Haviam espíritos, demônios, até mesmo anjos.
- Eu não vou esperar. - ele passou pela fila e caminhou até a mesa, ouvindo vários xingamentos enquanto o faziam.
- Lucien. - Sahad falou sem tirar os olhos de um papel. - à que devo o azar da sua visita?
- Você mandou seu lacaio prender minha alma. - Lucien vociferou.
- Ódio obedece seu pai, não a mim. - Sahad estalou os dedos e a mulher a sua frente desapareceu. - como pode ver, tenho muitas almas pra negociar.
- O que quer em troca da minha alma? - Lucien levantou as mãos no alto e todos na fila foram jogados contra o teto. - agora sou o primeiro.
- Para que quer sua alma de volta, Lucien? Você está mais forte sem ela. - Sahad levantou o olhar da mesa e o encarou.
- Faz parte da negociação?
- Não, mas sou curioso. É por que você tem medo de nunca mais sentir nada, ou quer se importar o suficiente para poder tirar Ruthie do inferno?
Lucien sentiu suas cordas vocais falharem, o nome Ruthie ainda o abalava, mesmo com sua fonte de sentimentos bloqueada. Ele olhou para os lustres que iluminavam a sala, depois para as cabeças penduradas na parede. Quando se recuperou, voltou a fitar Sahad.
- Vai devolver minha alma ou não?
- Eu até poderia fazer isso. - Sahad admitiu se levantou. - mas sei por que está aqui, sei que está aliado a Karifh, aquele demônio insignificante terá o que merece. Mas você, é muito mais útil vivo.
Lucien deu alguns passos para trás, retirou a espada da bainha e se preparou, mas Sahad desapareceu. Ele apareceu atrás de Lucien e lhe deu um soco na cabeça, o mesmo foi arremessado contra a parede e se chocou contra a mesma. Seus olhos foram se fechando lentamente, cedendo a escuridão.____________________________
Eu recebi a notificação de um leitor que comentou e percebi a quanto tempo não atualizava a história. Me desculpeeeeeeem.
Esse capítulo já estava pronto, mas ainda eu literalmente NÃO TENHO IDEIA DE QUE RUMO A HISTÓRIA PODE TOMAR. Eu juro que pensei em várias coisas, mas não me vem nada a cabeça que seja realmente legal.
Mas, eu juro - de dedo mindinho - que vou continuar tentando pensar em algo legal, posso até demorar, mas não vou desistir dessa história.Enfim, gostaram do capítulo? Se sim, deixem um votinho, seria muito incentivador *-*
E o que acham que Sahad fará com Lucien? Não vai mata-lo, já deixou bem claro, mas Lucien é facilmente manipulável.
E sobre a proposta de Miguel? Acham que os outros vão aceitar?
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Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer
FantasyHistória reescrita sendo publicada! Acesse meu perfil e confira Sheol: A Prisão Infernal.