Capítulo 4 - Pacto com a escuridão

161 7 0
                                    

   Mary tentava escapar dos raios atirados por Raikah, mas encontrava dificuldades. O inimigo era ágil e estava sempre um passo a frente, o que lhe impedia de ter tempo para se concentrar e poder utilizar seus poderes de banshee.

                   4 meses antes

— Mary, hoje vou lhe ensinar algo diferente.

  A garota tirou os olhos da fogueira e focou sua atenção na mulher de cabelos grisalhos, que havia acabado de se sentar no tronco de madeira ao lado. A mulher aparentava ter cinquenta anos, a roupa era a mesma de quando morreu, um vestido vinho que terminava em saia nos joelhos. O cabelo grisalho era longo, escorrendo quase até as pernas da mulher.

— O que seria?

— O que se fala, é que banshee's são apenas um presságio da morte, sem utilidade em batalhas. Mas o que muitos não sabem, é que o grito de uma banshee pode ser usado como uma arma. Tanto fisicamente quanto mentalmente. Banshee's tem a habilidade de entrar na mente das pessoas e as atacarem lá, sem dar chance de seus adversários pensar. E isso não é tudo. Você alguma vez percebeu que se você encostar sua cabeça no chão ou em um móvel, os barulhos se intensificam?

— Sim. Sempre achei confuso.

— Agora, imagine como se sua voz estivesse acumulada em um de seus punhos, e soque o chão. Imagine sua voz percorrendo o chão como um fio elétrico e invadindo o corpo de alguém próximo, torturando, queimando, matando.

Mary fechou os olhos e relaxou sua mente. Deixou seu poder fluir para o punho esquerdo como uma descarga elétrica. Ela sentiu como se o chão estivesse reverberando em baixo de si, como se sua voz ecoasse por todo o lugar. Perplexa, praticamente saltou para trás e encarou a velha senhora com os olhos esbugalhados. A mulher apenas sorriu.

— Isso é apenas o início do seu poder, minha criança.

                         Dias atuais

    Raikah aproximou-se da banshee por trás, pronto para dar o golpe de misericórdia, quando ouviu uma voz explodir dentro do seu interior. A criatura despencou no chão de joelhos, sem reação, enquanto sentia seu cérebro ser derretido internamente. Mary sequer se virou para olhar a criatura, apenas seguiu seu caminho até o alçapão e o puxou para cima. Não conseguia enxergar um centímetro do interior, não sabia se tinha um chão próximo, mas tinha que arriscar. até porque, já estava morta.

A garota pulou e sentiu seu estômago congelar. Uma ventania forte a atravessou enquanto despencava no vácuo. A cada segundo, o desespero começava a invadir sua mente, onde havia se metido? Era apenas um vácuo sem fim. Ela começou a se debater, buscando alguma parede, algum apoio, algo para se salvar.

— Fique calma, criança — ecoou uma voz. — Você não vai morrer.

A garota se virou para trás, para os lados, mas não encontrou quem havia falado. Talvez estivesse tão fundo que sua mente estivesse sendo afetada. Por algum motivo.

— Quem é você? — ela gritou.

— Ora, você veio aqui por minha causa. Bom, em parte.

— Você... Você é... Você é a escuridão?!

Ela quase podia enxergar um sorriso diabólico ganhando forma a sua frente. Quase. Sem avisos, Mary se chocou com um chão de terra seca e rolou alguns metros. O local já não estava mais escuro. Haviam diversas tochas pelo corredor que era preenchido por grades. Foi o que ela pensou, até seus olhos se adaptarem e encontrar criaturas atrás dessas grades. Eram prisões.

Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer Onde histórias criam vida. Descubra agora