Capítulo 7 - O convite do diabo

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          Os pulmões gritavam por oxigênio enquanto a garganta estava sendo esmagada. Lydia tinha uma força colossal. Os dedos agarraram o pescoço da banshee como imã. Mary tinha que pensar rápido, já podia sentir a consciência começar a se esvair. Tinha que haver uma brecha. Algo onde pudesse atacar a irmã de Lucien. Foi quando lhe invadiu a mente a única opção.

Ela agarrou o cabelo de Lydia e puxou com o máximo de força que conseguiu reunir. A anjo grunhiu de dor e diminuiu a força que exercia com as mãos, dando liberdade para Mary empurrá-la para o lado. Lydia rolou no chão e saltou, caindo graciosamente sobre os pés. Em meio a tosses, Mary levantou também.

— Não é uma ilusão. Por que você teria uma ilusão comigo? Mal nos conhecemos. Seria perda de tempo para a Escuridão. Eu sou real. Eu vim ajudar você.

Lydia não esboçou nenhuma reação. Apenas continuou parada, encarando Mary com dúvida. Seu cérebro estava confuso e nebuloso, não sabia no que acreditar. As memórias de sua mãe e Lucien invadiram sua mente. Tudo o que a escuridão inventou e lhe fez acreditar.

— Eu só vim tirar você daqui, ok? — Mary continuou. — Estamos mortas. Eu não sei você, mas não tô afim de continuar no inferno.

Lydia deu um passo para frente e Mary sentiu seu coração saltar do peito. Tinha medo de Lydia lhe atacar de novo. Não estava convencida de que o discurso havia sido convincente. A anjo deu mais um passo. Seguido de outro. Caminhou até estar há centímetros de distância de Mary.

Lydia abriu os braços e deixou seu corpo cair sobre o de Mary. A banshee teve dificuldade em manter o equilíbrio, mas conseguiu. Ficou atônita com o abraço, era a última coisa que imaginava. Até ser cortada em pedaços lhe pareceu mais provável. Ainda cautelosa, Mary retribuiu o abraço.

— Como você chegou aqui? — Lydia sussurrou.

— Ahn... Nada de mais. Eu torturei alguns demônios até me contarem onde você estava. E aqui estou eu.

— E como você passou da escuridão? — Lydia quebrou o contato entre elas e sentou no chão para se recompor e foi acompanhada por Mary.

Mary hesitou. Nenhuma desculpa convincente lhe vinha a mente.

— Bom... Eu fiz um acordo com ela. Por que demônios gostam tanto de fazer acordos?

— Palavras são tão fortes como anjos e demônios. Uma vez que você faz um acordo, você tem um grande poder sobre a outra pessoa, e ela sobre você.

— Isso explica bastante.

— O que você prometeu a escuridão?

Mais uma vez, a hesitação tomou conta de Mary. Aquilo era algo que planejava manter para si.

— Bom... Eu prometi servir a ela, quando entrar na guerra.

— Não... — Lydia fez uma pausa. — Foi bem pior, não foi?

Mary respirou fundo e tentou criar coragem de dizer a verdade.

— Eu prometi convencer Lucien a lutar do lado dela na guerra.

Lydia ficou em silêncio por alguns minutos enquanto processava aquilo. Ainda estava exausta e se sentindo lenta, mas conseguia entender o tamanho daquilo.

— Por que você arriscou tanto? — foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

— Porque eu entendo o Lucien. Eu era uma bartender. Meus pais morreram três anos atrás, não tenho irmãos. Eu estava sozinha. E tudo o que eu queria era alguém para me ajudar. Eu sei que quando o Lucien me conheceu, ele só me protegeu por teimosia com os anjos, mas depois ele me manteve por perto, mesmo sem alma. Eu não gosto do rumo que minha vida tomou, mas não estaria muito melhor se nunca tivesse o conhecido. E o Lucien... Ele perdeu os pais adotivos, a mãe biológica, a irmã, a namorada, o melhor amigo, e o pai dele é o rei do inferno. Ele não diz, mas precisa desesperadamente de pessoas na vida dele em que ele possa confiar. E desde que nos tornamos amigos, eu quis ser essa pessoa para ele. Mas eu também sei que ele precisa de uma voz racional, como você. E bom, você é irmã dele. Também conta. Enfim, soou legal como pareceu para mim?

Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer Onde histórias criam vida. Descubra agora