Capítulo 23 - Se importar ou não?

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- Você acordou - Lucien falou enquanto a olhava, seu tom era quase aliviado - demorou bastante.
- Eu tive umas sensações estranhas, quase como uma premonição - ela olhou para Baltazar - quem é ele?
- Baltazar - Baltazar respondeu - um...
- Anjo. - ela completou, se levantando - tenho que me acostumar com isso.
O celular de Lucien tocou, ele levou a mão esquerda ao bolso e retirou o aparelho, atendendo e levando até uma das orelhas.
- Fábrica de chocolate - ele falou, num tom sarcástico - Quem deseja?
- Lucien, sou eu. - falou Aurora do outro lado da linha - dois cavaleiros pegaram a Lydia e o Stiles... sei que você se afastou da gente... mas por favor... me ajuda.
Ela realmente parecia desesperada, sua voz estava um pouco estranha, talvez por estar chorando.
- Era pra mim me sentir preocupado? - ele perguntou.
- Lucien? - ela perguntou, assustada e confusa - como assim?
Mas Lucien não estava mais prestando atenção, Mary tinha começado a murmurar algo ininteligível e tremer, até cair na cama novamente. Baltazar se aproximou dela e pôs dois dedos da mão esquerda na testa dela, a mesma parou de tremer em seguida.
- Lucien - ela murmurou, se virando para ele - seus amigos vão morrer se você não for, eu tenho certeza. Senti você perder pessoas importantes... de baixo da maldição.
- Que maldição? - perguntou Aurora, estava ouvindo tudo.
- Não importa - Lucien tentou desviar do assunto - onde vocês estão?
- Arkansas, Jonesboro. - Aurora falou - vou te esperar na praça principal da cidade.
- Tchau - ele abaixou o aparelho e desligou a chamada - Baltazar, me diga que tem um jeito de se teleportar até o outro lado do país sem nós morrermos.
- Teleporte não seria exatamente a palavra - Baltazar murmurou - tá mais para viajar.
- Se você der o dinheiro compro um jatinho. - Lucien rebateu.
- Viajar na linha do tempo astral - Mary falou - alguma coisa assim.
- Quase isso, Maria. - ele respondeu - tem o plano físico e tem o nosso plano, o astral.
- Faça o que tem que fazer. - Lucien pediu.
- É Mary - ela o corrigiu - meu nome.
- É impressão minha ou você está se preocupando - Baltazar o provocou, abrindo um sorriso, depois virou o rosto e encarou Mary sobre os ombros - que seja, Maria.
- Vamos logo com isso - ela resmungou, se aproximando.
Baltazar segurou uma mão de cada um, sussurrou algumas palavras na língua dos anjos e então eles eram apenas espíritos, voando numa velocidade assustadora, três vezes mais rápido que um avião. Lucien sentiu um enjôo forte tomar conta dele enquanto vias os prédios, dezenas de metros a baixo, apenas como borrões. Demorou dois a três minutos, então eles apareceram na praça de Jonesboro, por ser de noite, as luzes estavam ligadas, em várias cores diferentes, dando um ar mais divertido a praça, as cores se misturando ao chão e as pessoas.
- Vou ali vomitar. - Mary correu até uma lixeira e despejou o vômito dentro da mesma.
Lucien estava se segurando para não fazer o mesmo, com as duas mãos em frente a boca, tentava respirar fundo, uma tarefa realmente difícil.
- Fracos - Baltazar aproveitou para tirar sarro com a cara deles - não aguentam uma viagem pequena dessas.
- Você faz isso a quanto tempo? Mil anos? - Lucien perguntou num murmúrio.
- Três, na verdade. - Baltazar o corrigiu - é quase como algo de rotina.
- Lucien! - falou Aurora num tom alto, quando ele olhou para ela, já estava o abraçando - quanto tempo.
- É... - ele concordou, sem retribuir o abraço - sabe onde eles estão?
- Tentei rastrear... - ela começou, se afastou dele um pouco confusa - mas é como se estivessem em vários pontos.
- E podem - Baltazar afirmou - se cortaram eles em pedaços e os espalharam.
- Que otimismo. - Aurora rebateu - aliás, quem é você?
- Baltazar, um anjo não tão fiel ao céu.
- Nunca mais faço uma viagem dessas - comentou Mary, aproximando-se deles - parece que comi coisa estragada.
Aurora arqueou as sobrancelhas e direcionou seu olhar a Lucien.
- Quem é ela?
- Uma banshee - Lucien respondeu - longa história.
- Ei, ruivinha. - Baltazar chamou - podemos ter uma conversa em particular?
Aurora estranhou, mas seguiu Baltazar para longe dali.
- Estou começando a me perguntar porque eu vim. - Lucien murmurou.
- Porque eu disse que seus amigos iam morrer - Mary respondeu - e lá no fundo, você ainda se preocupa.
- Eu deixaria todos vocês morrerem para salvar minha pele e não sentiria remorso. - Lucien falou em um tom frio que a assustou.

Anjos e Demônios - O filho de Lúcifer Onde histórias criam vida. Descubra agora