Capítulo 8 - Especial

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Julian estava na porta da casa quando explodiu, então sofreu todo o impacto e seu corpo foi lançado numa velocidade assustadora, pegando fogo. Ele não conseguiu segurar Ruthie e Lucien, então os três foram jogados em direções diferentes. Lucien caiu em cima de um carro, batendo a cabeça. Ruthie caiu no asfalto por cima da perna esquerda, a deixando completamente torta e Julian foi atingido por uma das bolas de fogo que caiam do céu, o que o fez ir pro chão em uma velocidade assustadora.
Lydia estava aterrorizada, havia tudo dado errado, não conseguia acreditar no que estava vendo, tudo havia dado errado, o plano havia falhado. Ela correu em direção a Lucien, sua cabeça estava coberta por sangue, ela mal conseguia ouvir os batimentos dele, estavam muito fracos. Ela deixou as asas surgirem e o pegou no colo, voando até um hospital da capital da Califórnia o mais rápido possível. Chegou lá em minutos, entrou no mesmo fazendo as asas desaparecerem e o colocou numa maca.
- O que aconteceu com ele? - perguntou um médico, se aproximando.
- Ele... - ela tentava não tremer, estava desesperada - caiu de cima da casa, por favor, salva o meu irmão.
- Ta bom, mas... - ele olhou o garoto e depois ela, que já havia sumido - faremos o possível... Levem o garoto pra sala de cirurgia!

Lydia voltou o mais rápido que pôde, Julian e Ruthie estavam desmaiados, ela foi até Julian e se agachou na frente do mesmo. A pele dele havia praticamente desaparecido, estava em carne viva. Ela pôs ambas as mãos sobre o peitoral dele e começou a sussurrar palavras em latim, esperando que curasse. A pele foi voltando aos poucos, até seu peitoral voltar ao normal. Julian acordou tossindo e puxando ar, num movimento súbito.
- Eu não consegui... Não pude salva-los. - ele sussurrou e a encarou.
- Lucien está no hospital, vai ficar bem. Preciso que vá ver como ele está.
- E você?
- Vou achar o maldito demônio do portal. - ela se levantou e foi até Ruthie, que já havia acordado, porém não se mexia. - Olá, Ruthie.
- Você...
Lydia se agachou em frente a ela e começou a curar a mesma.
- Por que? - Ruthie perguntou, num sussurro.
- Porque meu irmão se importa com você. - ela respondeu - e se for pra morrer, que seja épico.
Lydia se levantou e esperou Ruthie, Julian já havia ido pro hospital.
- Você faz ideia de quem seja o demônio? - Ruthie perguntou.
- Não é exatamente um demônio - ela respondeu - mas sim um anjo caído.
- Tem certeza?
- Ele tem o mesmo cheiro que você, eu senti. - Lydia respondeu.
- Eu queria poder brincar um pouco mais - uma voz falou - mas é uma pena.
Elas se viraram e viram um garoto que aparentava ter 20 anos.
- Olá, meninas.
- Quem é você? Outro do exército de Lúcifer? - Lydia questionou, já pegando sua adaga.
- Não exatamente - ele respondeu - Lúcifer e Sahad não são os únicos demônios superiores, sabiam? Estão esquecendo de um...
- Quem? - Ruthie perguntou.
- Não pode ser... - Lydia sussurrou - ele não pode ter acordado...
- Ah, mas acordou, ou melhor, está acordando.
- Quem é esse? - Ruthie perguntou.
- Uma profecia feita por um profeta a mil anos atrás... - Lydia comentou - dizia que um demônio mais poderoso que Lúcifer iria existir, mais poderoso que a própria escuridão.
- Os arcanjos conseguiram manda-lo pro inferno - o anjo caído continuou - Com um preço caro.
- A morte de Gabriel e Rafael - Lydia completou - eles morreram pra trancafiar o diabo no inferno por um milênio.
- Eu quero um nome... - Ruthie insistiu.
- Krastion. - disse o anjo caído.
O chão tremeu, literalmente. Lydia quase caiu no chão, mas Ruthie a segurou até o chão se estabilizar.
- Mas ele precisa de um hospedeiro - Lydia falou - não é? Mas quem seria poderoso o suficiente... Ou melhor, quem deixaria ele entrar...
- Krastion já escolheu seu hospedeiro, é só uma questão de tempo. - ele abriu um sorriso - vocês o conhecem.
- Não, não é o Lucien! - gritou Lydia.
- Lucien é perfeito pra isso, filho de um demônio e de um anjo. Ele é mais poderoso que um arcanjo.
- Não vou deixar ninguém possuir meu irmão! - Lydia esbravejou.
O anjo caído começou a balançar e cuspir sangue, então um buraco surgiu em seu peito e ele caiu no chão, morto. Atrás dele estava Kyra, com um coração nas mãos.
- Bom, um a menos.
- Você ouviu a conversa? - Ruthie perguntou.
- Sim.
- E não está surpresa? - Lydia questionou - a não ser que você já saiba...
- Por que acha que Lucien é tão importante, Lydia? - Kyra perguntou - ambos precisam dele, céu e inferno. Lucien pode ser o hospedeiro de Krastion... Ou de Ariel.
- Como assim? - elas perguntaram ao mesmo tempo.
- Por ele ser filho de vocês sabem quem e de um anjo, ele pode ser hospedeiro de ambos, céu ou inferno. Ariel é o arcanjo mais poderoso e antigo, ele tem sua própria forma, mas em Lucien ficaria poderoso. Mas infelizmente ele não pode apenas possuir Lucien, por sorte Krastion também não.
- Os dois precisam de consentimento - Lydia sussurrou - mas Krastion não é anjo, por que precisaria?
- Até Sahad precisa de consentimento, Lydia. Eles são demônios, mas se o hospedeiro ficar resistindo não vai durar muito tempo e terão que sair.
- O que temos que fazer, exatamente? - Ruthie perguntou.
- Primeiro, não contem sobre Krastion, apenas sobre Ariel. Krastion vai entrar na cabeça dele, mostrar sonhos. Vocês tem que me contatar imediatamente pra fazer um bloqueio.
- Iremos contatar. - Lydia garantiu - teria mais alguma notícia maravilhosa?
- Fiquei sabendo do pacto que Lucien fez com a escuridão. - ela olhou diretamente para Ruthie - ele não vai conseguir matar Draco, mesmo que consiga, seria idiotice.
- Por que está falando isso pra mim? - Ruthie resmungou - o teimoso é ele, botou na cabeça que irá matar Draco.
- Ele vai virar todos os soldados do céu contra ele, exatamente o que Lúcifer quer, o que Krastion quer. Vocês precisam fazê-lo desistir.
- Isso já entendemos, mas por que a escuridão iria querer Draco morto? Especialmente ele?
- Draco desconfia de um arcanjo que possa ser o traidor, mas não fala a ninguém.
- É esse o motivo... - Ruthie sussurrou - okay, Kyra. Vamos dar um jeito. O que faremos agora?
- Continuem fechando portais. - ela falou e desapareceu.

***

Julian chegou no hospital e correu até a recepção, quase desesperado. Magia de anjos não curava concussão, o que era um problema.
- Pois não? - falou a recepcionista.
- Um... paciente chegou aqui em estado grave - ele falou, sua voz tremia - uma mulher o trouxe...
- Ah, sim. Um paciente com fratura exposta no crânio deu entrada. - ela falou, olhando a tela do computador - a cirurgia está sendo feita, não foi uma simples concussão. Ele abriu a cabeça.
Julian sentiu suas pernas virarem geléia e quase caiu no chão, não podia ser verdade, Lucien ficaria bem... Ele tinha que ficar bem. Era seu dever protege-lo e acabará falhando. Será que era tão inútil a ponto de não salvar um amigo? Julian se sentia assim, culpado, desolado, perdido. Até que uma voz o trouxe de volta a realidade.
- Julian? - chamou Lydia, de frente pra ele.
- Ahn? - ele sussurrou, a olhando - Lydia...
- Sim, sou eu. Cadê o Lucien? Como ele está?
- Ele está na cirurgia, o caso dele é realmente sério.
- Eu vou entrar lá e curar ele. - ela falou, passando por ele.
Julian se virou e a puxou.
- Você sabe que nossa aura não pode curar coisas no cérebro, não adianta ir. Estamos a mercê dos médicos.
Ela tentou se soltar, mas ele a segurou firme, Lydia ficou o encarando por alguns segundos então o abraçou, deixando as lágrimas rolarem.
- Eu... não posso... perder ele. Não de novo. - ela sussurrou.
- Vai dar tudo certo - ele a abraçou, tentando dar algum conforto.
- Então, cadê o Lucien? - perguntou Ruthie.
- Onde você estava? - Lydia questionou ao se afastar de Julian.
- Resolvendo algumas coisas... Como abastecer o carro.
- Vocês são os acompanhantes do garoto que deu entrada agora pouco? - falou uma voz feminina.
Os três se viraram, o coração saltando.
- Irmã. - falou Lydia.
- Irmão. - respondeu Julian.
- Namorada - disse Ruthie, com um quê de sarcasmo.
Os outros dois lançaram um olhar a Ruthie, de desentendimento, mas logo voltaram a olhar a médica.
- Então, doutora. Como meu irmão está? Está bem, não é? - Lydia falou, ansiosa.
- Eu... sinto muito. - a doutora falou - mas o paciente não resistiu aos ferimentos. Ele morreu.

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