Um novo palácio

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No começo da tarde o navio entrou no golfo da Lacônia. O golfo se estendia por entre duas regiões montanhosas, uma esquerda outra a direita. O navio prosseguia passando mais próximo do lado esquerdo. Do barco o rei pode observar a praia: era uma linha levemente curvada que se estendia a perder de vista . Menelau olhou o sol se pondo por entre as montanhas que estavam a sua esquerda. O sol caminhava em direção aos montes, enquanto seu brilho se refletia nas águas do mar. No final da tarde o navio já se aportava no território grego.

O navio desembarcava em Helos, numa planície conhecida como Lacônia. Era a região onde desaguava as águas do rio Eurotas. O rio que passava pela grande cidade de Esparta. O navio parou numa praia próxima a foz do rio Eurótas. Lentamente os barcos começaram desembarcar os tripulantes do navio na praia. O rei Menelau foi um dos primeiros a desembarcar, depois dele iam seus soldados, e então os escravos com Tértulo.

Os olhos do rei grego procuravam descobrir a paisagem onde se encontrava. Ele observava as ondas do mar, que lentamente se quebravam na praia. Via o comprimento da praia... As árvores e arbustos que haviam após a praia, numa grande planície. Aquele campo liso se estendia desde o mar até os montes, e era interrompido apenas no centro, por uma pequena elevação. Esta parte mais alta não era um monte, mas um pequeno planalto e estava do lado direito do rio. Ele olhou para os montes que estavam para além do pequeno planalto.

Próximo ao rio havia algumas árvores e arbustos, e também algumas ovelhas pastando na companhia de um pastor. Menelau observou atentamente e sorriu. Tudo ali parecia transmitir paz; a paz que ele desejava encontrar no seu casamento com Helena.

"Ah,Helena, sua amada princesa. Ainda não conseguia acreditar que fora tocada pelas mãos de um bárbaro. Nada parecia ser suficiente para lavar aquela mancha. Nem o sangue dos troianos, nem o fogo que reduziu a cidade a cinzas, nem os corpos que se amontoaram uns sobre os outros. Nada!" Menelau levou as mãos ao rosto e apertou os olhos com ódio e desespero. Mas, quando tornou a abrir os olhos não via mais corpos. Só o campo verde, o barulho das águas do mar, e uma brisa suave que batia no seu rosto. Menelau virou-se para seus escravos e gritou:

- Tértulo, até amanhã quero construído umabrigo para desembarcarmos todas as mercadorias.

- Oébalus mande um mensageiro à cidade deEsparta para que tragam meus filhos antes da chegada de Helena.

Já era tarde, mas Tértulo chamou os escravos para dividir as tarefas. Menelau os observava: os escravos troianos e Tértulo.Tentava adivinhar que atividade seu capataz daria para seus escravos à uma hora daquelas, pois já era tarde. E pensava em quanto tempo gastariam nesta atividade. Pelo que via Tértulo fora sábio na divisão. Havia se preocupado com as questões que seriam essenciais para passarem a noite. Então reparou numa troiana que se atrasava na sua atividade.Ela virava-se a todo o momento para ver o que estava acontecendo com uma menina. Pois a garota corria próxima às águas da praia. Menelau gritou-lhe:

- Não tire os olhos do seu trabalho.

Ouvindo a voz de Menelau, Tértulo voltou oolhar para a escrava expressando uma profunda reprovação no rosto. A escrava, de cabelo liso escuro, não demorou a obedecer. Tranquilo em relação à administração de Tértulo, Menelau mandou trazer o seu cavalo. O rei subiu no cavalo e cavalgou sozinho em direçãoao norte, as montanhas. As montanhas estavam com um tom azulado que denunciavam sua distância. Um vento frio, característico da estação, batia no seu rosto. A noite logo ia chegar, e Menelau precisava ser rápido.

Enquanto cavalgava imagens de seus filhos surgiram em sua mente. Ele costumava cavalgar colocando Hermíone e Nicostratosa sua frente. "Agora, não vão mais caber no meu cavalo. Hermíone está com16 anos, Nicostratos com 12." Menelau não conseguia imaginar os filhos crescidos. Ele só conseguia imaginar a voz doce de Hermíone, e o sorrisoperalta de Nicostratos. Também vinha a mente as cenas de Helena com sua filha no colo.Helena era linda. Tinha aquele sorriso, aquele olhar, aquele corpo, que sem esforço atraiam o olhar de qualquer homem, "Posso não ser o homem mais poderoso de toda a Grécia, mas tenho a família mais bela."

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora