Andrômeda descia a montanha apressada. Descia compassos descuidados o terreno íngreme, enquanto olhava para a planície abaixo dela. A planície verde e vasta, que se assemelhava a um mar tranquilo, se estendia enquanto o sol se punha nas montanhas atrás dela. Apesar do cenário, o coração de Andrômeda batia apressado. Rapidamente cenas do seu passado surgiam em sua mente. "Ela estava correndo pela praia, desesperada em direção ao mar. Ela olhava para os rochedos que cercavam a praia, tentando adivinhar em que pondo do mar o bebê estaria. Tentava adivinhar se as águas estavam muito frias, se as aguas daquela praia eram fundas, e se afinal, a criança estaria viva. Enquanto pensava nisto ela ouvia uma mulher que estava em cima do rochedo montanhoso, gritando enlouquecida, arrependida de ter lançada sua filha no mar."
Andrômeda deu um pequeno salto, e finalmente pisou na planície. Sentia uma pequena dor no tornozelo, mas não se importou. Sentiu-se extramente grata ao lembrar que, naquele dia, não precisava mais salvar um bebê. A pequenina estava bem. Hoje precisava alcançar Tércio, salvar Nemanas e talvez o jovem príncipe. Andrômeda respirou fundo e voltou a correr, esquecendo do cansaço que sentia.
"Tércio, Tércio, você não pode matar Nemanas. Vocês são amigos. Já salvei Nephele, preciso ajudar Nemanas. " " Nephele, Nephele" Andrômeda respirou fundo, enquanto os acontecimentos daquela tarde voltavam a sua mente. Andrômeda se lembrava de Nephele, gritando e chorando:
– Ele vai me matar. Ele vai me matar, Andrômeda. Tércio vai me matar.
– Acalme-se Nephele, eu vou conseguir te desamarrar, só precisa se acalmar.
Quando Tércio levou Andrômeda a sua caverna, com medo de que ela libertasse Nephele, ele a amarrou com várias cordas, dando nós um sobre o outro. Ele pretendia que apenas com uma lâmina fosse possível desamarrar aquelas cordas. Quando Tércio partiu, Andrômeda começou o trabalho de tentar desamarrar nó por nó. Mas, Nephele agitada, se mexia demais e dificultava tudo:
– Minhas pernas estão doendo, eu não aguento ficar nesta posição. Tércio vai me matar. Eu não quero morrer Andrômeda, eu não traí ninguém, não matei ninguém. Não mereço morrer.
Nephele chorou nos ouvidos de Andrômeda toda à tarde, até que Andrômeda acabou conseguindo desamarrar os nós que a prendiam a jovem de rosto bonito. Seguindo o conselho que Andrômeda lhe deu, Nephele saiu para buscar ajuda do príncipe Nicostratos em Helos. Mas, Andrômeda, agora, corria diretamente para a oficina, queria alcançar Tércio antes que ele matasse Nemanas.
O que ela diria para acalmá-lo? Andrômeda olhava atentamente procurando, por entre as pequenas montanhas, e arbustos, um lugar onde Tércio podia estar escondido. Mas, ele provavelmente não estava ali. Certamente estava mais perto da oficina abandonada.
Andrômeda correu mais um pouco. Atravessou os campos de trigo avistou a oficina. Enquanto isto pensava no que dizer a Tércio. Suas palavras eram suas únicas armas. Se escolhesse as palavras certas poderia salvar vidas. Mas, o que diria a Tércio?
Andrômeda andou em volta da oficina. Procurava Tércio, ele não estava ali. Só faltava olhar dentro da casa, no lugar onde Nemanas a mantivera em cativeiro. Sim, ali havia lâminas, era um local perfeito para ele esperar por vingança. Andrômeda empurrou a porta. Não queria entrar. O lugar lhe trazia memórias, torturas, dores. Precisava ser forte. A noite já chegava logo Nemanas estaria ali, ela não podia demorar.
– Tércio, você está aí? Tércio? Não se vingue de quem me feriu. Eu é que devia me vingar, mas eu já o perdoei, entendo os motivos dele. Você não tem motivos para se vingar dele se eu já o perdoei. Eu fui a grande ofendida, não você. Por amor, de mim Tércio, poupe a vida de quem me feriu.
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A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poder
Fantasía"... 4 homens, 4 mulheres, 4 caminhos para o poder: força, astúcia, sedução ..." Tróia está em ruínas e Páris morto, mas Helena encontra forças e relembra o que aprendeu com o amor. Ao voltar para casa ela enfrentará o rancor de sua filha Hermío...