Novos aliados

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Era tarde, uma sombra começava a penetrar a sala dispensa cobrindo todos os objetos. Naala estava cansada e se perguntava. "Porque demora tanto em acontecer algo? Já faz duas semanas que tive o sonho." Naala acendeu uma lâmpada e pode ver melhor sala, cheia de objetos amontoados um sobre os outros: arcas, vasos, mesas, bancos e cadeiras femininas, chamadas Kline... Naala saiu pela porta e abaixo dela viu o pátio descoberto. Enquanto descia as escadas em direção ao pátio viu o velho Alceste entrando apressadamente na dispensa. Ele procurou Naala e perguntou:

– Naala, é verdade tudo que Tércio me contou sobre a princesa Briseis?

– Sim, é verdade. Eu a vi num sonho. – De repente o cansaço sumiu e Naala falava com disposição.

– E onde está a mandala que Tércio me falou?

Naala pegou a mandala que estava amarrada a sua coxa e mostrou a Alceste:

– Aqui está a mandala, e veja a inscrição: Briseis me ama.

Alceste podia ter trabalhado no palácio de Tróia, mas era apenas um copeiro. Não sabia ler. Por isto, tomou a mandala e procurou por Aristeu, que estava no pátio sentado numa mesa anotando alguns pergaminhos.

– Aristeu, veja o que está escrito nesta mandala de Naala.

Aristeu estranhou o fato de Naala ter uma joia e perguntou:

– O que aconteceu? Esta mandala foi roubada?

– Não, Aristeu. Não pense nada disso. De fato, os deuses já se lembraram dos troianos quando deixaram esta mandala com nosso povo. A mandala traz uma prova dos divinos desígnos de liberdade. Diga-me o que está escrito na mandala?

– "Está escrito: Biseis; e alguma outra palavra que começa com a letra alfa.".

– Pode ser amor [Ágape]?

– Sim, é bem fácil que seja porque aqui, onde está riscado, tem uma letra gama (g)...

– Agradeça aos deuses, Aristeu. Agora vamos a um lugar seguro e eu vou lhe explicar o que está acontecendo.

Alceste entrou na sala dos grãos e do azeite com Aristeu. Naala esperou com ansiedade até que saíssem. Muitos pensamentos passavam pela mente. Os preparativos, as ideias sobre o portal secreto, os cuidados com os espiões. Queria contar tudo a eles, mas então duas outras escravas troianas lhe chamaram para voltar ao quarto das escravas, e ela não teve como dizer não. Então, sem dizer nada, ela caminhou ao lada das duas , quase amigas, e subiu o terreno íngreme em direção ao palácio para dormir. "Um dia seria rainha, não seria? Porque, então as coisas aconteciam completamente fora do seu controle?"Naala se incomodava com esta questão, mas não demorou a pegar no sono.

No outro dia Naala chegou agitada. Queria conversar com Aristeu, mas, não surgia oportunidade. Haviam muitos outros escravos por ali: hititas, hilotas, gregos. Então a ansiedade aparecia. Repassava tudo que conversou com Tércio, tudo que conversou com Stesha... Sentia-se frustrada: não podia fazer nada, ainda que tivesse tantos planos. Às vezes queria se acalmar e simplesmente esquecer tudo aquilo, pois estava se atrasando no seu trabalho. Mas, não conseguia. Por volta do meio dia, Naala quebrou um vaso que estocava grãos. Então, percebeu que, realmente, precisava prestar atenção. Ela tentou recolher os grãos, e esconder os cacos de barro, por fim, terminou a contagem dos cereais, voltou à sala de cima e foi polir os objetos de bronze.

Toda o incidente, com o vaso de grãos, a ajudou a esquecer de um pouco a revolta. E , enquanto polia os objetos de bronze, um serviço mais fácil, Naala encontrou outro pensamento que lhe trazia tranquilidade: Gálem. Naala imaginava Gálem correndo atrás dela. Eles estavam num campo de trigo, e Naala ria enquanto fugia de Gálem. Ela não tinha nenhuma pequena evidência de que ele gostava dela. "Mas, não nos escolhemos porque nos apaixonamos, não é? Simplesmente recebemos as setas de Cupido."

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora