A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poder

A última rolinha branca

Três dias antes do grande banquete, Tércio, como de costume se levantou de madrugada. Ele e seu irmão Gálem iriam treinar no campo. Embora os gregos achavam que eles fossem apenas caçar rolas brancas, que  a rainha Helena, seguindo um conselho de Diône, desejava oferecer no altar de Afrodite pela manhã. Tércio e Galém , ignorando o vento frio do alto inverno, desceram o terreno íngreme atrás do palácio, passaram pela dispensa e subiram o pomar. Ali eles se separam. Tercio caminhou até a parte o pomar onde o terreno descia, e escondido pela elevação e pelas árvores ele começou a atirar suas flechas.

Haviam se passado mais de 10 meses desde que Naala teve o sonho com a princesa Briseis. E durante este período todos os troianos, com exceção de Andrômeda, se envolveram nos preparativos da revolta. Stephenor fabricava armas. Os homens saiam de noite para treinar no campo. Ate Lemnon e seus filhos, que a principio não apoiavam a revolta, agora treinavam com as espadas feitas por Estephenor. Thalos conseguiu comprar o veneno que haveria de ser posto no vinho... E as mulheres, também lutavam. As mais velhas ajudaram em serviços como distrair os guardas das reuniões e assembleias, limpar os entulhos da passagem secreta, ou esconder as armas no salão do banquete. As mais jovens treinaram com punhais.

Mas, de todos os troianos que desejavam liberdade e vingança, Tércio era o mais comprometido, e o que mais treinava. Ele se tornou muito ágil com o arco e com a flecha. Aquela revolta era o sonho que ele tinha desde menino, e daria tudo por ela..

Quando chegou ao local do treino Tércio escolheu uma oliveira e começou a atirar flechas. Ainda estava bem escuro, mas Tércio mirou um galho de uma oliveira que estava bem distante. Atirou e acertou. " Puxa, eu ainda estou bom nisto". Mas, Tércio ainda estava preocupado. Ele queria que tudo estivesse para a revolta. E apesar de tudo estar preparado, a verdade é que nem tudo parecia perfeito.

Ele se lembrava de seu irmão Deádalus. A revolta planejada por Deádalus lhe parecia tão mais centrada. Era tão mais simples de ser executada. Deádalus tinha planejado matar Menelau e Tértulo, roubar-lhe alguns bens e provisões, atravessar com seus amigos o Peloponeso seguindo a praia e chegar ate Atenas. O grupo de Deádalus era bem menor, os segredos estavam bem mais seguros. Mas, ainda assim Deádalus e todos que estavam com ele foram mortos. Apenas, ele e seu irmão sobreviveram. Isto porque Deádalus não contou para nenhum dos seus companheiros sobre seus irmãos.

"Porque o plano de seu irmão falhou"? Quem deve ter traído? Deve ter sido culpa de Narek. Ele era o mais imprudente do grupo.

Tércio mirou agora uma azeitona verde que estava no lado direito de uma oliveira próxima. Acertou. Neste momento uma voz conhecida o interrompeu:

– Tércio, ainda temos 5 rolas brancas presas em nossa arapuca , não vai faltar nada até a " colheita". – Gálem que trazia um cesto com a pequena rola chegava para treinar com o irmão.

Tércio não respondeu nada, simplesmente caminhou em direção a flecha. Gálem que o conhecia bem o irmão continuou.

– Já te mostrei o meu novo trunfo– ele entregou uma orelha humana, onde havia uma espécie de brinco feito de madeira.

– O que é isto?

– O que você acha que é?

– Porque o matou? Nephele não ia seduzi Cadmos para tentar envenenar o vinho.

– Nephele, não queria mais seduzi-lo por que. ...Coisas de mulher, alguma rixa que ela achou contra Naala. Não te contei antes para não te deixar preocupado.

Naala havia contado a Tércio que sentiu que perdeu o apoio de Nephele no momento que comentou com ela sobre Gálem. Tércio começou a se questionar: "Naala porque você foi dizer Nephele que Gálem a achava a mais bonita? Você não sabe que mulheres se magoam fácil por motivos idiotas? Agora, tudo sobrou para ele e Gálem