Aparência e essência

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Do alto de uma montanha, Naala viu a baía de Phylos. Tudo era muito diferente do que Naala conhecia. Phylos não estava perto de praia grande como Pharai ou Helos. Estava numa baía fechada.

Fechando a entrada da baía estava uma grande parte de terra, que Tercio disse ser uma ilha. Na ponta da ilha havia um grande rochedo. A vegetação do local parecia tão sem graça quanta a da Lacônia, não havia nem mesmo as árvores pontudas que Naala viu no golfo de Pharai. Mas, quanto mais se aproximava, mais o grande rochedo chamava a atenção de Naala. No meio dele havia algo como que um portal natural. Um portal suficientemente grande para ser atravessado por um navio.

Quando Naala chegou à cidade foram outras as novidades. Naala nunca havia ido a uma cidade, então tudo chamava atenção. Ela havia se surpreendido quando passara em Pharai e visto varias construções uma perto da outra. Na Lacônia havia, quase que apenas o palácio, se destacando no meio do nada. Mas, Pylos era ainda mais surpreendente do que Pharai. Não havia uma planície extensa, onde a construção se esparramavam. Havia morros e as casas, uma por sobre as outras, procurando espaço entre o morro e o mar. Às vezes, entre uma casa e outra mais acima, haviam escadas feitas sobre o monte. Ver a diversidade das construções também chamava atenção. Algumas construções altas, outras baixa, algumas casas tons mais claros, mais brancos, outras da cor do barro. As pessoas não se amontoavam como no corredor agitado do palácio de Helos, mas ao ar livre, nas ruas.

Depois de caminhar um pouco Naala viu o palácio de Phylos. Estava um pouco a frente, num morro. Havia entre ela e aquele morro uma praia curva. A construção não parecia ser tão bela como o palácio de Helos. Mas, era mais fortificada.

Naala olhava as construções e tentava se lembrar de o que sabia sobre Phylos. Sabia que o velho e sábio rei Nestor havia reinado sobre a cidade. Será que ainda estava vivo, ou era um dos seus filhos que já reinava em Phylos? Naala tentou se lembrar dos filhos de Nestor, havia ouvido algo sobre eles, mas não conseguiu se lembrar. Naala já havia descido do cavalo e esperava Tércio que olhava ansiosamente o porto. Ele temia que o navio já tivesse partido, eles realmente haviam se atrasado por causa dos problemas de Naala com o cavalo.

Então, finalmente Tercio respirou aliviado. Ele avistou um navio vindo de Quitim, era o navio do qual Thales havia lhe falado. Estava ancorado atrás de um navio grego. Ainda não havia partido.

Tercio chamou Naala, ela voltou a subir no cavalo, e ele a puxou em direção ao navio. Havia alguns marinheiros embarcando alimentos. Tercio se dirigiu a um dos marinheiros que estava com um pergaminho na mão, anotando as mercadorias que eram embarcadas:

– Eu quero comprar uma passagem para mim e para minha senhora, que é uma jovem da nobreza troiana.

O marinheiro se chamava Eriobeu. Devia ter uns 50 anos. Ele se aproximou de Tércio e os dois acertaram o valor da passagem.

Tercio subiu ate o navio com seus pertences, depois voltou para buscar Naala. Ela desceu do cavalo e entrou no navio. O navio era um pouco diferente dos navios gregos. Primeiro, era bem maior do que os navios gregos que Naala já havia visto, e possuía muito mais remos. Naala desceu do cavalo, subiu no navio e ficou observando o porto.

Tércio se aproximou dela.

– Podíamos nos recordar de cada participante da revolta, e pensar quem pode ter tido um motivo para nos trair.

– Sim, é uma boa ideia. Acho que Dheon é sempre um suspeito, Iole não devia ter se envolvido com ele. Nunca concordei com o romance de Iole com o soldado grego.

– Gálem tinha motivo para acreditar que os soldados não iriam nos trair. Eles estavam envolvidos numa conspiração por Orestes, herdeiro de Micenas.

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora