Um dia de trabalho

109 19 7
                                    

Um novo dia começou no palácio de Helos, mas Naala acordou cansada. Na noite anterior tinha ficado até tarde conversando com Tércio. "Porque você é tão curioso, Tércio? Porque quer saber de tudo que acontece em Helos? Enquanto demorava a se levantar uma imagem surgiu em sua mente: "Dispensa". Esta palavra logo a colocou de pé.

Iria trabalhar na dispensa. Não iria trabalhar como uma escrava comum. Tinha um trabalho especial, e amava aquele trabalho. Como nenhuma outra escrava ela sabia contar. Naala levantou com disposição, desceu correndo as escadas. Queria com o exercício espantar completamente o sono. Precisava estar bem, precisava estar acordada, ou erraria nos cálculos.

Enquanto descia a colina onde ficava o palácio, e caminhava para a dispensa, Naala ouviu Urian a chamando:

- Naala, mais rápido temos muito trabalho hoje. Venha ver os vasos de azeite.

Naala correu em direção à dispensa. A dispensa parecia uma casa grega comum, tinha um pátio interno descoberto que dava acesso para várias salas. Naala entrou na sala que guardava os grãos e o azeite , ambos estocados em vasos. Quando viu os vasos de azeite se assustou. Ela voltou em direção ao pátio e disse:

- Urian, tínhamos 86 vasos ontem. O que aconteceu? Temos apenas quatro.

Urian, o jovem alto magro, de rosto redondo e nariz achatado, explicou a Naala tudo o que acontecera. Contou sobre a resposta que Helena dera aos fenícios, sobre o presente que Menelau enviou para obter para tentar apagar o insulto de Helena, e o problema que acabara sobrando para eles:

- Agora - disse Urian - precisamos contar tudo que ainda existe na dispensa. Porque Aristeu precisa repor tudo que esta em falta.

Naala olhou para as salas em redor do pátio perdida . A dispensa , tinha no térreo 7 salas, e no andar superior, ao fundo, mais 4. Naala geralmente era responsável pela contagem das salas mais ao fundo, e Urian, pelas da frente.

- Urian, eles não mexeram em todos os estoques certo?

- Provavelmente não. As salas mais ao fundo não teriam presentes interessantes para os fenícios. Mas, não sabemos com certeza quais suprimentos foram levadas - Urian respondia com um sorriso tranquilo. Enquanto Naala se preocupava sobre o trabalho teriam.

- Vamos começar verificando a adequaçacao dos registros das primeiras salas , certo ?

- É claro.

Nas primeiras salas da dispensa, Aristeu controlava os estoques dos alimentos e recursos mais urgentes. Eram salas detalhadamente organizadas e Naala não se sentia familiar com aquela organização. Já nas salas ao fundo, Naala se sentia em casa. Ali eram guardadas matérias de pouca importância, instrumentos de trabalho,e mobílias que não estavam sendo mais utilizadas. Não eram salas completamente organizadas, o que não impedia Naala de ter um controle exato de tudo que possuíam , em termos de madeira, ferro, bronze, e outros recursos.

Naala e Urian passaram o dia fazendo esta contagem. E, no meio da tarde Naala acabou uma das salas que estava responsáveis e foi a procura de Uriam. Ele estava no quarto anexo esmurrando um baú.

- Maldito pelos deuses seja , Tértulo. Um dia eu acabo com você.

- O que foi Urian ? O que Tértulo fez com você ?

- Não fez nada contra mim, mas Dione esta apaixonada por ele.

- Dione gosta de Tértulo? Eu não sabia disto. - Naala não sabia o que dizer, sabia o quanto Urian gostava de Dione.

- Pode acreditar ? Dione se interessando por Tértulo! Depois de tudo que ele fez . Tértulo é grego, e não vale nada. Ele acabou com Alexia, não consigo entender como Dione pode ser tão ingênua. Naala não sabia o que dizer, ela entendia a revolta de Uriam. Mas, queria muito acalma-lo. Ela via que o pátio da dispensa estava movimento, não era o momento dele falar nada contra Tértulo. Então tentou mudar um pouco o assunto.

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora