Uma criança, um ritual

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 O rei abriu os olhos. Queria dormir um pouco maispara compensar o sono que ele não teve a noite, mas suas dores voltavam. Eleabria os olhos e procurava algo para se distrair e esquecer-se da dor. Abrindoos olhos ele percebeu que estava no seu quarto menor não no oficial. Com asdores frequentes nos ossos Menelau se mudara para aquele quarto menor. Alipoderia caminhar com mais facilidade e obter o que precisava sem precisar atodo o momento de um escravo. Menelau nãoera o tipo de senhor que se agradava de ter escravos levando à comida a boca,ele se satisfazia por ser um homem forte.

 Menelau observou a mesa que estava à frente da cama, com uma cadeira e uma lâmpada. Ao lado das mesas estava um vaso com vários pergaminhos. Haviam poesias, historias reais, documentos sobre os deuses... Menelau queria buscar um dos pergaminhos, procurou erguer a perna esquerda. Uma dor súbita que ele não esperava surgiu no seu joelho. Menelau fechou os olhos, os espasmos doloridos se repetiam como ondas sem fim. Menelau abriu os olhos, a dor ainda não havia parado. Mas, não adiantava mais fechar os olhos.

Menelau abriu os olhos viu o quarto simples, mas elegantes a paredes bem rebocadas, a mesa, os pergaminhos, a bacia, a porta... a dor continuava. Menelau se irritava, mas não havia como fugir da dor...

– Stesha, Stesha... – Menelau gritou

A jovem escrava não surgiu...

– Stesha, – ele gritou mais forte.

Uma velha escrava de cabelos brancos e despenteados surgiu na porta.

– Stesha saiu, Majestade...

– Onde ela foi?

– Você a deixou ir ao campo colher maçãs...

– Não, devia ter deixado a ir. – Menelau falava com voz dolorida olhos fechados.

– Não devia mesmo, meu senhor. Deixe-lhe dizer uma coisa, majestade, você mima demais esta escrava.

– Adrià, não lhe perguntei nada. Agora trate de encontrar uma boa história para me contar. Eu preciso de algo para me distrair desta dor.

– Meu senhor, não sou boa em contar histórias.

– Conte a história do casamento da irmã de Stesha. Conte, você conhece a historia.

– Bem, Damáris, irmã de Stesha, tinha um pretendente. Ele entrou na casa de Stesha e disse a seu padrasto... "Quero casar com sua filha..."O padrasto respondeu: "se você fizer algum mal a esta menina eu te prometo, vou até o Hades, mas que te mato te mato".

Menelau tentava rir do padrasto de Stesha, mas nada soava como o modo como Stesha contara. Ele frequentemente ria quando ouvia dizer que Sólon, padrasto de Stesha, estava disposto a ir ao Hades matar seu genro. Ele pensava: "quem já esta no inferno já esta morto!". Mas, na voz de Adrià nada daquilo tinha graça. E, a dor no joelho ressurgia em meio a sua decepção com a historia.

– Adrià, me traga algum escravo que saiba ler. Tenho medo de mover um braço para segurar um pergaminho.

– Não quer que eu vá procurar Stesha? As histórias dela são o melhor remédio para sua dor.

– Adrià, para de implicar com a garota. Deixe correr livre atrás de suas aventuras. Nós velhos, Adrià, carregamos nossas amarguras, mas não há motivo para que os jovens não sejam felizes. Deixe-a livre. Estas aventuras são a fonte das histórias engraçadas de Stesha.

Adrià saiu. Mas, logo voltou:

– O que foi Adrià, porque ainda está aqui?

– A princesa Aletha está aqui.

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora