Se esforce na limpeza

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Naala caminhava pelo campo, ela trazia a lâmpada de Andrômeda amarrada na perna, por baixo do vestido, e carregava a sua bacia de marfim na mão. Ela atravessava os vinhedos.

Nicostratos havia mandado ir colher frutas silvestres para o lado da montanha após o rio

Naala sentia o sol forte batendo. Ela olhava para as montanhas ao longe e se perguntava por que ainda não havia fugido. Nada fazia sentido na sua vida ultimamente.

Primeiramente, ela não entendia porque a rainha Helena mandou Amuna trocar a função dela no palácio. Agora ela trabalhava sobre as ordens histéricas de Sarabi, a escrava de Cartago que organizava a limpeza do palácio. Naala odiava trabalhar na limpeza. E, ainda assim não fugia.

A verdade é que o fato de estar ali, ainda como escrava em Helos, mostrava que ainda acreditava no que Arnion havia lhe dito. Ela realmente sabia que havia um reino onde o mais poderoso era o que aprende a servir. Mas, saber de tudo aquilo, não tinha qualquer efeito sobre as emoções de Naala, e a vida não parecia ter qualquer sentido.

Outra coisa que ela não entendia: porque Nicostratos mandou justo ela colher estas frutas? Ele perguntou justo por ela, e então, pediu que fosse colher as frutas silvestres para o lado das montanhas além do rio. Naala apostava que não haveria nenhuma fruta silvestre naquele local, e que ela se daria muito mal quando voltasse com a bacia vazia.

E, afinal, qual o interesse de Nicostratos em que especificamente ela colhesse as frutas? Nem mesmo a rainha Helena, com toda a sua loucura se interessava por ela. Lépida achava que Helena manteve Naala perto, por um tempo, para investigar se realmente não havia nada entre ela e os fenícios. Mas, uma vez que descobriu que ela era apenas uma escrava a dispensou para outras atividades. Ela havia se tornado uma escrava insignificante para sua dona. E Naala preferia ser odiada por Helena, do que ser uma escrava insignificante"

Naala já havia passado pelos vinhedos e continuou caminhando em direção as montanhas que marcavam o caminho para Gneteus. Naala se entristecia por lembrar-se disso. Ela não era importante para ninguém. Tudo que ela fez toda a sua capacidade calcular, nada disso fazia com que ela fosse uma escrava especial.

Naala caminhava um pouco mais, sabia que ainda ia demorar o caminho até as montanhas, e isto era outra coisa que ela não queria pensar. Então, ouviu uma voz vinda detrás de um arbusto.

– Naala, sou eu, Andrômeda, mas finja que eu não estou aqui. Os soldados estão vigiando do terraço do palácio.

Naala se aproximou do arbusto fingindo que estava colhendo as tais das " frutas silvestres"

– Andrômeda, que bom que está viva. Tinha gente que dizia que você estava morta. Eu sabia que você não estava morta. Onde você estava?

– Eu não posso contar tudo. Mas, fiquei sabendo sobre você e sobre seu encontro com o Príncipe de Uranon e como voltou para salvar os escravos.

– Sim, foi incrível. Quero muito te contar tudo que aconteceu. Mas, agora que eu voltei me tiraram da dispensa e estou trabalhando na limpeza do palácio, com Alexia e as outras.

– Alexia, como está Alexia?

– Está bem, ela está me ajudando a aprender o trabalho da limpeza.

– Que bom que ela está te ajudando. Escute Alexia em tudo que ela está te ensinando, e faça um bom trabalho na limpeza, se esforce no seu trabalho. Eu fico feliz que Alexia ainda está no palácio. Eu tinha medo de que já tivessem levado Alexia para ser vendida. E, que tivesse separado Alexia da filha.

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora