Na caverna, ao lado da fogueira, Tércio tentava dormir.
– Nephele, cale a boca. Preciso dormir.
– Tércio, estou quieta. Você está sonhando.
Era escuro, mas Tercio podia ver a silhueta de Nephele. "Como ela pode ter o rosto tão bonito, e os seios tão pequenos?" Tércio se perguntava. Entao esqueceu o assunto , virou para o outro lado tentou dormir de novo. Era frio, mas a lã que o cobria e a proteção que a caverna oferecia contra o vento do inverno, deixava tudo mais confortável. Nephele não tinha uma pele tão comprida como a dele. E estava amarrada bem na direção da entrada da caverna. Devia ser por isto, que não o deixava dormir, podia morrer de frio.
Tércio se levantou.
– Tudo bem, Nephele. Não sou um monstro. Se você está com frio é só me dizer.
Ele puxava Nephele, que estava amarrada pelos pés e as mãos para ficar de pé. Ele a puxou para o lugar mais aquecido. Nephele caminhava sonolenta, e com uma cara descontente, mas não dizia nada. Tércio tentou dormir.
A voz cantando continuava, e Nephele estava muda. É claro que não era ela. A voz era de Andrômeda. Isto não era possível! Andrômeda cantando no meio da noite e do nada? Aquilo soava como as histórias mágicas que todos contavam a respeito de Andrômeda. Mas, Tércio não acreditava naquelas histórias.
Tércio colocou a pele de lã, que servia de cobertor, sobre os ombros e saiu pela porta da caverna. A voz era realmente de Andrômeda. Tércio seguia a voz na noite escura, tentava andar mais rápido que podia. Ele viu a campo escuro, a planície abaixo de si. A voz vinha dali. E o lugar mais próximo naquela planície era a velha oficina de onde Stephenor trabalhava.
– Que o brilho do incenso venha sobre mim, e me leve ao palácio de cristal onde não existe dor. – A voz de Andrômeda cantava.
Tércio descia as montanhas. A voz era realmente de Andrômeda, mas a letra da música não parecia com as músicas que Andrômeda costumava compor. Não tinha rimas muito elaboradas; as frases soavam sem sentido.
– A espada, a espada encontrei. A morte vencerei. Mas, a dor enfrentarei. A espada, a espada encontrei. A morte vencerei. Mas, a dor enfrentarei.
Depois de descer o monte, Tércio via à plantação de trigo, ainda não tão alta, iluminada pela luz da lua Ele caminhou até a cabana escura. Não sabia o que pensar. "Andrômeda, tinha tantas perguntas para ela. Porque aparecia do nada ali naquela cabana no meio do nada, e cantava, se era culpada da traição da revolta? "
Tércio chegou a porta da oficina. Havia uma tranca do lado de fora da porta. Tércio tirava a tranca enquanto dizia:
– Andrômeda, Andrômeda é você?
– Sim, sou eu, por favor, me tire daqui.
Tértulo empurrou a porta e entrou. Andrômeda estava ali no escuro. Ele quase não conseguia ver a escrava princesa. Mas, percebeu que estava presa com correntes de ferro. Ele tentou tirar ela dali. Sentiu que suas mãos estavam molhadas de sangue.
– Maldito pelos deuses seja quem fez isto com você. Pelos deuses, eu juro que o matarei, por você e pela revolta.
Tércio há muito tempo desconfiava de Andrômeda, mas ver ela ali, sofrendo, fazia ele se lembrar da doce Andrômeda que ele havia conhecido desde menino. Tércio batia com uma ferramenta sobre os elos da corrente para que abrissem.
– Tércio, ninguém fez isto comigo. Foi apenas o medo. O medo motivou quem me feriu.
– Andrômeda, é claro que alguém fez isto com você, e não importa à motivação ele é culpado de fazer você sofrer tanto. E eu vou caça-lo, porque sei que ele também deve ter algo com a traição da revolta. Deve ser o príncipe Nicostratos, ou Amuna, ou algum dos hititas que conspiraram contra os troianos na noite do banquete. Eles te torturaram para que você contasse tudo. Não foi isto?
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A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poder
Fantasía"... 4 homens, 4 mulheres, 4 caminhos para o poder: força, astúcia, sedução ..." Tróia está em ruínas e Páris morto, mas Helena encontra forças e relembra o que aprendeu com o amor. Ao voltar para casa ela enfrentará o rancor de sua filha Hermío...